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Análise: entender os acontecimentos para organizar as ações

Primeiro painel da 21ª Conferência Nacional dos Bancários tem a presença de Fernando Haddad, Guilherme Boulos e do senador chileno Alejandro Guillier para a análise de conjuntura

Plenária lotada para painel de análise de conjuntura. Foto: Wendrel Minare

Um governo sem preocupação de composição social, que endurece seu núcleo duro e usa táticas militares para influenciar a opinião pública. Para Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o governo de Bolsonaro pode ser definido como governo de guerra baseado na doutrina do choque, que está sendo aplicada no Brasil para destruir qualquer possibilidade de reação. “Neutralizar reações e normalizar o absurdo é técnica militar. Para construir o projeto deles, eles precisam primeiro destruir o país”, explica Boulos. Para ele, Bolsonaro no poder é resultado da operação Lava Jato da mesma forma que a Operação Mãos Limpas elevou Berlusconi na Itália.

A avaliação é contribuição do ex-candidato à presidência no painel de análise de conjuntura que abre a 21ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em São Paulo entre os dias 2 e 4 de agosto. Ao seu lado, o também ex-candidato Fernando Haddad e o senador chileno Alejandro Guiller, que falou sobre a situação política e econômica no Chile e defendeu que a situação do Brasil interessa a toda a América Latina. Para ele, Bolsonaro é um problema, mas também uma oportunidade. “A crise é oportunidade de levantar o discurso progressista, de solidariedade”.

Guilherme Boulos defendeu reconexão com as periferias.

Fernando Haddad defendeu a aproximação dos coletivos de resistência com a formação de pensamento, com as pesquisas universitárias, com a produção de conhecimento. Um entendimento que norteia os debates sobre conjuntura é a nova postura do Brasil, com esse governo, de ser subordinado ao imperialismo norte-americano, para além de uma teoria da conspiração, mas por uma série de concessões. “Nossos interesses continuam sendo barrados no mundo desenvolvido”, afirmou Haddad, que define o país de Bolsonaro como “lacaio dos Estados Unidos”.

Fernando Haddad defende ampliação da produção de conhecimento para orientar as próximas gerações.

Luta bancária pela soberania, democracia, direitos e contra privatizações

A 21ª Conferência Nacional dos Bancários está privilegiando em sua programação o enfoque em pautas conjunturais para além das condições de trabalho da categoria.

Para a bancária Cristiane Zacarias, representante do Paraná na COE Bradesco, já está claro para os bancários, nesses sete meses de governo Bolsonaro, que garantias sociais não estão em pauta no governo. “Manter os direitos da nossa convenção coletiva será um grande desafio. Mas, enquanto lutamos para garantir diretos, existem outros trabalhadores que não possuem sequer moradia e alimentação dignas. Esse momento nos impõe uma atuação que busque garantias a toda a classe de trabalhadores”, afirma a dirigente, sobre a importância da participação de diferentes atores sociais nos painéis da Conferência Nacional.

Esse também é o entendimento do presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Elias Jordão. Para ele, a conferência acontece em um dos momentos mais difíceis para a classe trabalhadora de ataques e destruição diária de direitos. “É neste contexto que realizamos esta conferência emblemática, onde não debatemos pautas econômicas, mas o foco principal são as pautas de defesa dos nossos direitos, dos bancos públicos e da soberania nacional”, defende.

“É evidente a importância do nosso acordo de dois anos, que nos permite passar por este momento com nossos direitos garantidos. E mesmo sabendo que estamos protegidos pela nossa CCT, a principal bandeira levantada até agora é da unidade dos trabalhadores e da resistência para enfrentamos os tempos mais difíceis que ainda estão por vir”, explica Elias, referindo-se ao acordo assinado após a greve de 2018, que garantiu renovação de cláusulas econômicas e sociais para os trabalhadores bancários de todo o país, além de aumento real na data-base para todas as verbas financeiras.

A diretora da Secretaria da Mulher da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR), Vandira Oliveira, ressaltou a importância dos debates. “Neste ano a conferência dos bancários nos traz uma grande missão de enfrentamento enquanto classe trabalhadora por conta da atual conjuntura, que afronta a constituição, a CLT e todos os direitos que os trabalhadores conquistaram ao longo dos anos. Lutar por soberania nacional, democracia, direitos e contra as privatizações é a nossa pauta”, afirma. “Para as mulheres, o ataque e a retirada de direitos, bem como o crescimento da violência veio muito forte. Precisamos restabelecer a paz, a democracia e as políticas públicas neste país”, conclui.

Por Paula Zarth Padilha
FETEC-CUT-PR

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