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Audiência pública debate o futuro do Banco do Brasil

A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) promoveu nesta terça-feira (13), uma Audiência Pública para debater o futuro do Banco do Brasil. Por conta da pandemia, o debate foi realizado de forma virtual. O deputado Tadeu Veneri (PT) foi o autor do evento, que contou com a participação de representantes de bancários e bancárias. Os participantes defenderam a instituição financeira como um importante instrumento de desenvolvimento econômico e social para o País.

O presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR), Deonísio Schmidt, defendeu que os bancos públicos não devem ser vendidos, mas sim fortalecidos, para o bem da sociedade. “É urgente e vital a participação dos bancos públicos no crescimento da economia brasileira. Eles têm papel fundamental. O agronegócio, por exemplo, no ano passado teve 54% da sua produção financiada pelo Banco do Brasil. A agricultura familiar que coloca 70% da alimentação dos brasileiros tem seu financiamento, em grande parte, pelo Banco do Brasil. As pequenas e médias empresas também dependem muito do BB. Privatizar será um desastre ao país”, alerta.

Deonísio também criticou a inoperância de o governo federal em ignorar o caos que a pandemia gerou. “Em março, abril, do ano passado, o governo transferiu R$ 1 trilhão para os bancos brasileiros. Deveria ter disponibilizado valor equivalente para combater a pandemia. Brincou com a pandemia”, avalia.

O presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região, Antônio Fermino, também destacou o papel do banco mais antigo do Brasil no financiamento dos produtos de alimentos e na defesa da economia nacional “Se o campo não planta, a cidade não janta. Mesmo financiando o agronegócio, a grande indústria da agricultura, é o BB que financia o pequeno agricultor, que planta o arroz, cria galinha, porco, enfim, que cria a situação para que a cidade possa comer”, opina. Fermino diz ainda que o BB tem um papel de instrumento público. “Em 2008 teve papel na crise do subprime de segurar o impacto externo da economia, ofertaram crédito à população e fizeram seu papel de agentes públicos. Mas agora o objetivo é destruir o banco. O debate é simples: se é público, é para todos. Mas esse governo quer privilegiar o que é privado. Querem transferir o que é do povo para o setor privado”, garantiu.

O secretário de formação da Fetec, Pablo Sérgio Dias, destacou que para reverter esta situação, é preciso ter muita união. “Acredito que este seja o primeiro passo para esta luta inglória. Vivemos um momento negativo e devemos unir forças. Hoje nós trouxemos aqui representantes da outra federação de bancários (Federação dos Bancários do Estado do Paraná – Feeb PR), mostrando que temos um único propósito. Vamos nos unir para impedir este desastre”, salienta.

O presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller, reforçou que esta é uma luta de todos os trabalhadores e trabalhadoras. “No Paraná, a CUT e suas federações, representam 620 mil trabalhadores e luta em defesa do Banco do Brasil é também da CUT, que se perfila cotidianamente nesta defesa. É um instrumento fundamental para o desenvolvimento da sociedade, assim como tínhamos no Paraná o Banestado”, lembrou.

O coordenador Nacional da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) e representante da Contraf-CUT, João Fukunaga, lembrou que os bancos privados não têm interesse em atuar em certas áreas que os bancos públicos atuam. “Com a reestruturação temos cidades que não tem mais agência bancária, fazendo o trabalhador sair de uma cidade para outra. No Pará, por exemplo, há localidades onde agora é preciso transporte fluvial e depois terrestre até uma agência, levando até três horas de deslocamento. Isso sem contar o que é gasto para o percurso. É um crime”, criticou.

Ana Smolka, que também faz parte da CEBB, também apontou reflexos da reestruturação promovida pelo Governo Bolsonaro e até mesmo o início com Michel Temer. “Desde janeiro de 2016 o Banco do Brasil dispensou mais de 17 mil trabalhadores e fechou 1.072 agências, deixando comunidades e cidades sem crédito e serviços bancários, privilegiando bancos privados e cooperativas de créditos. É a chamada ponte do futuro de Temer. É uma ponte para passarem por cima do povo”, enfatizou.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Campo Mourão, Luis Marcelo Legnana, destacou também o papel de regulação exercido pelos bancos públicos. “Onde os bancos privados não têm interesse em atuar. Fica bem claro quando olhamos a distribuição no norte e nordeste. Os bancos privados concentram sua rede de atendimento em grandes cidades e regiões mais ricas. Além disso, ficou evidente (o papel dos bancos públicos) na crise de 2008 quando bancos privados fecharam a torneira do crédito e BB e CEF tiveram política anticíclica determinante. É um debate de suma importância e que precisamos levar adiante, atingir as Câmaras de Vereadores e, principalmente, a população”, pontuou.

A audiência também contou com a presença do ex-senador Roberto Requião (MDB), do deputado estadual Requião Filho (MDB) e de representantes sindicais e de movimentos sociais.

Texto: Flávio Augusto Laginski

Fonte: Fetec

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