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Por 16:12 Sem categoria

Aumento da violência contra a mulher e o golpe de 2016

“Quando a mulher que ocupou o mais alto posto da nação foi agredida, sua imagem aviltada em todos os meios de comunicação,  a mensagem que a sociedade recebeu foi que todas poderiam também ser agredidas” Marisa Stedile

Na última semana duas mulheres da rede estadual de educação do Paraná foram assassinadas. O feminicídio, nome dado a esse tipo de crime, ocupou espaço na rede facebook e coincidiu com a semana em que se “comemora” 11 anos de vigência da lei Maria da Penha.

Em 11 anos da vigência Lei Maria da Penha a violência contra a mulher continua aumentando. Os dados da Secretaria de Políticas para Mulheres mostram um aumento em 51% dos casos registrados pelo número 180. Em 2016 foram 1.133.345 notificações e em 2015 foram 749.024.   O site http://www.relogiosdaviolencia.com.br/ criado pelo Instituto Maria da Penha registra e divulga em tempo real os dados da violência, a cada 2 segundos uma mulher é agredida no Brasil, verbal ou fisicamente.

Poderíamos pensar que houve aumento nas notificações, e que anteriormente os casos de violência eram subnotificados. Mas algo me diz que não. Algo muito grave aconteceu em 2016 e que está refletindo no aumento desse tipo de violência.

A lei foi sancionada pelo presidente Lula, e em seu governo foram realizadas muitas campanhas com o objetivo de salvaguardar o cumprimento desta lei. Mas, foi a presidenta Dilma Rousseff que criou o projeto da Casa da Mulher Brasileira. Um espaço destinado a acolher as mulheres vítimas de violência doméstica. Na Casa da Mulher Brasileira as prefeituras, com recursos federais e outros convênios, conseguem dar a acolhida, o atendimento psicológico, a assistência jurídica e até o encaminhamento para casas de passagem, além de outros serviços gratuitos, como busca de emprego ou qualificação profissional.  Os boicotes sofridos em sua gestão impediram que o projeto tivesse o alcance desejado, mas algumas casas foram implantadas.

Dilma Rousseff foi brutalmente atacada por deputados, senadores, prefeitos, vereadores associações empresariais e meio de comunicação em campanhas sórdidas em programas de rádio e televisão, com caráter misógino e machista.  Adesivos extremamente grosseiros foram colados em veículos. Seus pronunciamentos eram deturpados, suas palavras eram retiradas cirurgicamente de discursos e transformadas em ”memes”. Sua imagem foi destruída perante a opinião pública em geral.

Qual é a mensagem que a sociedade recebe? Que uma mulher, mesmo ocupando o mais alto posto da nação, pode ser agredida. As agressões dos deputados não foram dirigidas apenas à presidenta Dilma, deputadas também foram atacadas, à exemplo de Maria do Rosário, deputada federal do RS que foi agredida verbalmente pelo deputado Bolsonaro. Levantamento feito na internet mostrou 7.628 menções ao nome da parlamentar. A esmagadora maioria dos comentários – 5.286 – eram de teor negativo, apenas 363 eram positivos. Maria do Rosário foi Secretária Nacional dos Direitos Humanos durante o governo de Dilma Rousseff.

Este cenário político, em que as mulheres são minoria e são alvo para a truculência verbal de deputados e outros atores sociais, propicia o aumento vertiginoso da violência contra a mulher. Ainda temos um longo caminho a percorrer até que TODAS SEJAMOS LIVRES.

Lei nº 11.340 leva o nome da farmacêutica cearense Maria da Penha, atualmente uma das principais ativistas na luta pelo fim da violência contra a mulher. Ela foi vítima do próprio marido e ficou paraplégica após as agressões.

informações SPM, Instituto Maria da Penha.

 

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