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Por 21:52 Sem categoria

Banqueiros querem brincar com a saúde d@s bancári@s

O Comando Nacional dos Bancários voltou a se reunir nesta terça-feira (11) com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para discutir questões de saúde e condições de trabalho. Enquanto os representantes das trabalhadoras e trabalhadores lutam para garantir tudo o que a categoria conquistou ao longo dos anos, os banqueiros querem apenas retirar direitos.

As propostas colocadas na mesa pelo comando foram construídas com base em uma pesquisa com aproximadamente 30 mil bancárias e bancários, que têm sofrido com cansaço excessivo e doenças mentais por conta principalmente de metas abusivas e cobranças desumanas.

A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira revela preocupação com a saúde da categoria, que vem se debilitando ano após ano. “Estamos preocupados com o adoecimento da categoria. Não dá para falar da pandemia, da crise sanitária que não tem dia para acabar porque não tem uma vacina ainda”, conta.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR) e membro do Comando Nacional dos Bancários, Deonísio Schmidt, a tentativa dos bancos em pautar questões que prejudicam a categoria soa como uma ofensa aos trabalhadores. “Os bancos estão na contramão. Eles ameaçam com retiradas de direitos que protegem quem produz o resultado, quando deveriam propor melhores condições de trabalho, como, por exemplo, o fim das metas abusivas e do assédio moral organizacional”, opina.

Doenças

As metas abusivas foram apresentadas pelos representantes da categoria como responsáveis por inúmeras doenças, conforme dados da consulta feita entre os trabalhadores. Mais da metade dos entrevistados sofriam de cansaço e fadiga constante, resultado da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas. A maioria também padecia de crise de ansiedade.

Mesmo com o quadro de adoecimento da categoria, os representantes dos bancos se mostraram pouco dispostos a aceitar as propostas. Sobre o teletrabalho para bancários que convivem com parentes de grupos de risco, os representantes da Fenaban disseram preferir não criar uma regra padrão sobre a questão. “O pessoal do grupo de risco tem que ficar em casa. Se alguém convive com eles, essa pessoa não pode estar exposta. Queremos preservar a vida dos familiares dos bancári@s”, disse Juvandia na negociação.

Retirada de direitos

Outra clausula da CCT que a Fenaban quer mudar é a que regula a complementação salarial em caso de afastamento para tratamento quando  o benefício seja menor que o salário. Até agora, o funcionário pode ter essa complementação por 24 meses. A proposta da Fenaban é de que passe a ter uma carência de 12 meses entre um afastamento e outro, para que seja pago a complementação (retornando ao trabalho.)

Os representantes dos bancos também apresentaram propostas que significam na prática a retirada de direitos da categoria bancária. Uma delas é reduzir de 120 para 90 dias o pagamento de benefício emergencial de salário pelos bancos para os funcionários, enquanto o bancário recorre de alta indevida pelo INSS. Outro retrocesso proposto pela Fenaban foi a volta do rankeamento dos trabalhadores, com a divulgação dos “melhores” funcionários. A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) proíbe a divulgação de ranking por causar o constrangimento, assédio moral e pressão no ambiente de trabalho.

Outra clausula da CCT que a Fenaban quer mudar é a que regula a complementação salarial em caso de afastamento para tratamento quando  o benefício seja menor que o salário. Até agora, o funcionário pode ter essa complementação por 24 meses. A proposta da Fenaban é de que passe a ter uma carência de 12 meses entre um afastamento e outro, para que seja pago a complementação (retornando ao trabalho). “Estávamos querendo apenas mudar a redação da cláusula 57 para adequar a nova realidade do INSS, para atualizá-la e eles vieram com esse ‘contrabando’. Eles querem se livrar dos doentes”, afirmou o diretor de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles.

Tentativa de mudanças

Para Juvandia Moreira, nas últimas campanhas salariais a Fenaban tenta piorar essas cláusulas. “Eles não estão olhando para a saúde dos bancári@s só vêem o custo. Querem retirar direitos das pessoas que estão doentes. A negociação não foi boa. A gente vai insistir que tenha teste para todos, proteger a família dos bancári@s que coabitam com grupo de risco” disse a presidenta da Contraf-CUT.

Outra preocupação do Comando foi com a suspensão dos exames periódicos em casos de afastamento por motivos de saúde ou por homologação.

Os representantes da Fenaban disseram que a suspensão é para evitar o contágio na pandemia. “Tem bancos chamando os bancários de volta ao trabalho presencial. Não tem problema de contaminação? Tenho vários colegas que estão sendo ameaçados por abandono de emprego porque não têm exame de retorno”, falou Mauro Salles.

Ao final, a negociação desta terça-feira mostrou que a categoria bancária precisa se unir para fortalecer a negociação com a Fenaban. “Não vamos aceitar retirada de direitos. Não tem cabimento isso, com pessoas que estão adoecidas. @s bancári@s não vão aceitar”, afirmou Juvandia.

Texto: Flávio Augusto Laginski e Contraf-CUT

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