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Por 11:47 Sem categoria

Bolsonaro representa ‘perigo maior’ do que Trump à democracia

Foto: Alan Santos

Para o jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, a tentativa de golpe nos Estados Unidos serve de alerta sobre a necessidade de conter o avanço do fascismo em todo o mundo. No Brasil, a situação com o presidente Jair Bolsonaro pode ser ainda mais grave do que com Donald Trump nos Estados Unidos. Além dos grupos milicianos, Bolsonaro conta com apoio de setores das Forças Armadas e das polícias militares.

Nesta quarta-feira (6), apoiadores do presidente Donald Trump chegaram a invadir o Capitólio, em Washington, para tentar barrar a confirmação da vitória do democrata Joe Biden pelos parlamentares. Pelo menos quatro pessoas morreram em função dos choques com os extremistas.

“No caso do Brasil, a situação é mais preocupante”, disse o jornalista, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta quinta-feira (7). Segundo ele, a verborragia de Bolsonaro pode dar a impressão de que seu projeto de poder não está avançando. Mas ele segue implementando medidas autoritárias e regressivas, que colocam em risco à democracia brasileira.

“A regressão é violenta em todas as áreas, na cultura e na educação. Bolsonaro fica esbravejando, e isso acaba desviando a atenção. Mas o autoritarismo está em curso. Ele libera arma, tem uma relação com as polícias militares que passa por cima dos governos estaduais. A ponto de estimular motins, como aquele ocorrido no Ceará. E esse projeto que está por trás dele vai sendo criado. Então é um perigo ainda maior”.

Ele também destacou o tom de condenação da mídia tradicional brasileira ao abordar o ocorrido nos Estados Unidos. Por aqui, esses mesmos jornalistas acabam “relativizando” posturas e declarações de Bolsonaro, por compartilharem da mesma cartilha econômica neoliberal.

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Assim como Trump, Bolsonaro também coloca em xeque a credibilidade do sistema de votação. Sem apresentar provas, diz que a sua própria eleição teria sido fraudada pelas urnas eletrônicas e que ele deveria ter vencido já no primeiro turno, em 2018. Esses ataques serviriam para, em caso de derrota, incitar seus apoiadores a não aceitarem o resultado das próximas eleições.

Mas Altamiro também afirma que, no Brasil, as instituições democráticas são mais frágeis do que nos Estados Unidos. Apesar de constatar que a ofensiva da ultradireita é um fenômeno que alcança quase todo o mundo. Essa crise, segundo ele, decorre da atual fase de desenvolvimento do capitalismo. Catalisada, ainda, pelas redes sociais, que favorecem a polarização.

“O neoliberalismo aguçou as aberrações do capitalismo. Anulou o que tinha de estado de bem-estar social. Outro fenômeno é a crise das instituições, que não têm sabido se comportar, como o Parlamento, o Executivo, o Judiciário, a mídia. Terceiro elemento é que as experiências de governos progressistas se mostraram muito positivas, conseguindo alguns avanços importantes. Mas se mostraram pouco consistentes e pouco pedagógicas. Não conseguiram politizar a sociedade.

Assista à entrevista

Fonte: RBA

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