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Por 15:44 Sem categoria

Campanha Nacional dos Bancários é lançada em Curitiba

Pela manutenção do emprego, salário digno e saúde da categoria

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região lançou, nesta quarta-feira, 17 de agosto, a Campanha Nacional dos Bancários 2016 na capital paranaense. O ato aconteceu em frente ao HSBC Palácio Avenida, no Centro da cidade, e reuniu representantes dos trabalhadores de bancos públicos e privados para divulgar as principais reivindicações da categoria. “Nosso lançamento ocorre um dia antes do início das negociações com a Fenaban e serve de alerta sobre a unidade e mobilização dos bancários”, destaca Elias Jordão, presidente do Sindicato.

O bancário do Itaú e secretário geral da CUT do Paraná, Marcio Kieller, ressalta a importância de não aceitar os retrocessos contra a classe trabalhadora que estão em curso tanto no Congresso como de iniciativa do presidente interino e golpista Michel Temer.

“Os banqueiros são de fato os verdadeiros financiadores desse golpe em curso e é por isso que temos que ser intransigentes na luta. A diferença entre o golpe militar e o parlamentar, é que no primeiro a violência contra o trabalhador é física, a repressão é na base da tortura e do cassetete nas costas. No golpe parlamentar, é o retrocesso, a carestia, as baixas negociações, a intransigência do banqueiro se vitimizando, dizendo que não lucrou. E sabemos que não é verdade porque nunca ganharam tanto dinheiro como ultimamente.  A nossa luta não é contra você cliente que é mal atendido e paga altas taxas nos bancos. Nossa luta é contra todas as medidas de retrocesso que atingem o trabalhador brasileiro que tem que pagar pela crise enquanto os empresários continuam lucrando cada dia mais”, disse Kieller.

Reivindicações

A Campanha dos Bancários Nacional 2016 tem como eixos centrais: reajuste salarial de 14,78% (reposição da inflação + 5% de aumento real), valorização do piso no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate às metas abusivas e ao assédio moral e fim da terceirização, além da defesa do emprego, das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora.

Problemas específicos

Banco do Brasil

A retirada do papel público do Banco do Brasil e o desvio da gestão da Previ e da Cassi para a iniciativa privada foram os principais destaques feitos pelo dirigente sindical Alessandro Garcia. É o Banco do Brasil quem financia até 70% da agricultura familiar no país, além de importantes linhas de crédito que impactam diretamente na sociedade.

“O que está vindo aí é um pacote de maldades e teremos um problema com a Cassi que está passando por um momento deficitário e os planos de saúde do mercado estão de olho, afinal são 800 mil vidas. Também teremos problemas com a Previ, que em mais um projeto já em andamento pela reforma dos fundos de pensão, querem tirar a representação dos trabalhadores na direção desses fundos”, denunciou Garcia referindo-se aos projetos que o governo interino e golpista de Michel Temer (PMDB) pretende implantar.

O ex-funcionário do Banco do Brasil e atual deputado estadual, Tadeu Veneri, mencionou o desmonte praticado no BB durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso (de 1995 a 2003). Segundo Veneri, nos oito anos em que o PSDB esteve na presidência, o Banco do Brasil perdeu 55 mil funcionários e os que permaneceram ficaram oito anos sem nenhum reajuste, assim como os funcionários da Caixa. No mesmo período, houve registro de 25 suicídios de trabalhadores do Banco do Brasil.

“Às vezes parece que esquecemos como foram conquistadas as condições melhores dos bancários. Foi com muita luta e resistência. Que a nossa memória não seja seletiva porque nossa luta não é seletiva”, afirmou Veneri.

Caixa Econômica Federal

Desmonte da função social da Caixa, extinção de funções, remuneração por minuto trabalhado e drástica diminuição do quadro de funcionários foram os principais problemas apontados. De acordo com o dirigente sindical Genésio Cardoso, desde 2003, a Caixa mais que dobrou o número de funcionários, passando de 45 mil para 105 mil. Até o início de 2014, a Caixa estava contratando trabalhadores. Fez um concurso com mais de um milhão de candidatos. Chamou apenas 2.501 técnicos bancários aprovados no concurso, sendo 33 mil classificados para o cargo.

“O maior concurso da história desse país, perdendo apenas para o vestibular da China e para o Enem em número de candidatos. Na semana passada, o vice-presidente de gestão da Caixa, em entrevista, estava comemorando a demissão de sete mil trabalhadores. É o desmonte colocado para a Caixa Econômica”, disse Cardoso.

Além das demissões, o sindicalista também aponta redução das linhas de crédito e entrega para os bancos privados do sistema de seguridade e loterias. “O próximo passo poderá ser a retirada do FGTS da gestão da Caixa até porque já há proposta no Congresso flexibilizando o FGTS, assim como o décimo terceiro salário e as férias que serão colocados como opção entre trabalhador e patrão.  E a caixa está seguindo essa linha”, disse Cardoso.

O funcionário da Caixa, Antônio Fermino, comenta sobre a extinção de algumas funções e cita, como exemplo, o Caixa Minuto. Antes, a função era gratificada integralmente no final do mês. Com a saída deste funcionário seja por demissão ou aposentadoria, a função de caixa passa a ser exercida por um sistema de rodízio entre outros funcionários, que passam a receber apenas por minuto trabalhado. Se o bancário tiver que sair do caixa para ir ao banheiro, ele não receberá pelos minutos que se afastou. “Isso acarretou numa queda da remuneração do bancário.

Antes tinha-se uma função de caixa com um salário completo. Hoje você recebe somente pelos minutos que se trabalha no caixa, por exemplo, se você tiver que sair do caixa para ir ao banheiro, você não recebe esses minutos. Na Caixa existe um plano de cargos e salários e uma função de confiança que é hoje é gratificada por minuto. Há o funcionário mais antigo que tem a função gratificada de caixa e recebe integralmente, mas o dia que ele vier a se desligar da função ou se aposentar, seu substituto passa a receber apenas por minuto trabalhado naquela função que é exercida por rodízio.

“A falta de condições de trabalho e essa reestruturação deixa a angústia de não saber se ao chegar para trabalhar, o funcionário ainda terá seu posto de trabalho”, comentou Fermino.

Santander

Terceiro maior banco privado do país, começou a operar no Brasil em 1982. Integrante da comissão dos empregados do Santander, o bancário Denner Halama, afirma que o banco fez inúmeras promessas de valorização e crescimento, que não foram cumpridas, pelo contrário, a diminuição do quadro de funcionários tem sido uma constante.

Outro problema é a falta de diálogo do banco com os funcionários. Ele conta que a minuta referente ao acordo aditivo à convenção coletiva foi entregue para o banco em maio deste ano, sem nenhuma resposta ou data para reunião, até o momento. Halama destaca que a houve o corte da bonificação para os funcionários que completavam 25 anos trabalhados para o banco.

“É uma gratificação pífia, de dois salários para 25 anos dedicados àquela empresa e o banco simplesmente cortou sem falar com os funcionários, com a comissão de empregados ou com o movimento sindical. A presidente de RH noticiou que o banco recebeu um prêmio por estar entre as 20 melhores empresas para se trabalhar. Ela só esqueceu de combinar isso com os funcionários porque eles não se veem dentro dessa tal empresa. O principal problema do Santander é que não conseguimos dialogar com o banco”, lamentou Halama.

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