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Cenário Macroeconômico para 2018

Se preferir ler diretamente a posição de O Mercado — e não indiretamente através de seus prepostos na imprensa brasileira — leia: Credit Suisse – Cenário do Brasil para 2018 e 2019.

Claudia Safatle (Valor, 15/11/17) informa que o ano de 2018 começa com:

  1. a inflação abaixo do piso da meta,
  2. a menor taxa de juros com perspectiva sustentável,
  3. um déficit residual nas contas externas,
  4. as reservas internacionais em US$ 380 bilhões e
  5. a imaginária recuperação do crescimento de 1,1%, mais do que o dobro dos 0,5% imaginados anteriormente para 2017.

“Trata-se, portanto, de uma singular combinação de resultados que permitiria vislumbrar um vasto período de prosperidade no horizonte”, segundo o “jornalismo chapa-branca”.

O Ministério da Fazenda, sob direção pró O Mercado, alardeou suas expectativas macroeconômicas para 2018.

O corte da taxa Selic para 7% ao ano contribuirá com 1 ponto percentual de crescimento no PIB que deve crescer 3%. Este ano, a política monetária mais uma vez teve efeito contrário e subtraiu 0,8% do produto interno.

A inflação encerra 2017 em 2,9% – abaixo do piso da meta, de 3%, pela queda dos preços dos alimentos – e deve voltar para 4% no ano que vem, ainda abaixo da meta de 4,5%.

Esses dois indicadores podem dar uma ajuda não desprezível ao cumprimento da meta fiscal, na medida em que:

  1. a expansão da atividade melhora a arrecadação de impostos e
  2. o aumento da inflação corrói a despesa.

Mas o ano da sucessão presidencial é também assombrado por um leque de incertezas que pode jogar por terra as duras conquistas obtidas em 2017.

[Fernando Nogueira da Costa: o artificial terrorismo de O Mercado, assombrado pela imprensa brasileira, sempre ameaça a democracia eleitoral brasileira, pressionando os eleitores a não votar no candidato mais popular que o representa. Já vimos isso em 2002…]

Sem apoio político para seguir em frente nas reformas, depois de enfrentar duas graves denúncias de corrupção, o presidente Michel Temer conseguiu manter-se no poder, mas não teve força para vencer o que seria a sua maior batalha na economia: transformar a previdência social de uma política cara, injusta e regressiva em uma conta melhor distribuída e que a sociedade brasileira possa pagar.

[O que?! Conta outra balela! Até hoje a jornalista não entendeu que a reforma da Previdência Social só visa dar solvabilidade ao Estado brasileiro para ele continuar pagando juros estratosféricos às castas rentistas brasileiras?!]

Sem estancar um déficit imenso e crescente, estimado em R$ 285 bilhões este ano, o orçamento da previdência inviabiliza o cumprimento do teto para o gasto. E o teto é a base de um novo regime fiscal cujo objetivo é garantir a solvência do Estado. [No pagamento de juros… O que ela não reconhece é que aquela louvação da PEC do Teto dos Gastos era a Crônica de uma Morte Anunciada. Obviamente, o próximo governo eleito terá que mudar tudo que os golpistas implantaram voltados só para os interesses de O Mercado.]

O governo geral carrega hoje uma dívida bruta de R$ 4,83 trilhões, equivalente a 74,4% do PIB. Os “rombos” sucessivos nas contas públicas desde 2014 e com perspectiva de reversão só após 2020, impõem à dívida uma trajetória de crescimento insustentável.

[Este é o argumento para todas as malvadezas dos golpistas, destacadamente a reforma trabalhista, que agravará a perda de arrecadação previdenciária com a pejotização.]

A economia brasileira sai de três longos anos de profunda recessão e empobrecimento sem ter clareza do que lhe espera. Tudo vai depender do candidato que vencer as eleições de outubro. O risco vai de zero a cem. Se for um populista de esquerda ou de direita, é muito provável que o caminho seja o desastre, marcado pela volta da inflação – mecanismo que resolve o conflito distributivo da pior maneira possível, transferindo a conta para os mais pobres.

[Veja só que comentário venal, parcial e partidarizado da editora do maior jornal econômico do País. Deveria ter certo pudor antes de escrever panfleto contra os candidatos mais populares. Todos, exceto os tucanos esnobes, são “populistas”!]

Se o novo governo for comprometido com reformas estruturais [neoliberais ou desenvolvimentistas?], que garantam a volta do equilíbrio das contas públicas em algum momento nos próximos anos, e microeconômicas que se traduzam em ganhos de produtividade [cortar emprego e explorar mais os que restarem empregados], a história poderá ser outra. Abre-se, nesse caso, uma avenida de possibilidades de crescimento econômico com distribuição da riqueza.

Os dados divulgados pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda dão uma dimensão do que pode ocorrer em três cenários para a próxima década:

  1. o pessimista, o que considera as reformas já em vigor (TLP, trabalhista) e prevê a aprovação da previdência, com o PIB tendencial em 2% com expansão de 1,3% do PIB per capita, tal como ocorreu de 1980 a 2015;
  2. um mais otimista com reformas [desregulamentação, flexibilização, corte de direitos sociais] cujo resultado previsto é bem melhor: 3,7% de crescimento e 3,1% de aumento do PIB per capita.
  3. na hipótese super otimista, o desempenho seria de 4,5 para o PIB tendencial e de 3,8% para o per capita, conforme o país registrou, na média, entre os anos de 1915 e 1980 e com maior avanço em reformas.

[Mostra a leviandade — ou ignorância — da equipe econômica atualmente no MINFAZ: a destruição do Estado desenvolvimentista traria o crescimento da época em que ele vigorou no Brasil!]

O governo, enquanto insiste que levará adiante a reforma da previdência no início de 2018, também se prepara para um período de prováveis turbulências durante a campanha eleitoral. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, citaram, em conversas recentes, as “âncoras” e “colchões” à mão para atuar em períodos conturbados [criados pelo terrorismo pré-eleitoral], de grande volatilidade nos preços de ativos financeiros:

  1. o Tesouro Nacional está, segundo Meirelles, em situação confortável para ficar fora do mercado de títulos caso os preços subam em demasia;
  2. as reservas cambias de cerca de US$ 380 bilhões e a redução substancial do estoque de “swaps” cambiais são espaços a serem usados em situação de stress da taxa de câmbio.

A dívida mobiliária indexada à variação cambial desde 2003 é mínima e o déficit em transações correntes do balanço de pagamentos, em torno de 0,5% do PIB, é irrisório desde a Era Lula. O setor externo tende a mudar em 2018, com o aumento das importações em decorrência da retomada do crescimento, e elevação do déficit em conta corrente, o que não é um sinal ruim.

A farta liquidez internacional este ano propiciou um quadro externo tranquilo para o Brasil, mas nada garante que essa situação continuará em 2018. O ritmo de normalização da política monetária nos países ricos joga mais uma grande incerteza para os mercados no próximo ano. E, infelizmente, o país não cumpriu a sua principal tarefa, de arrumar as contas públicas durante esse tempo. O déficit primário este ano será de R$ 159 bilhões, montante que se repete como meta para 2018.

[Snif, snif, mas a equipe econômica não era louvada pela imprensa “chapa-branca” como fodona? Composta por “gênios da raça”? Por que f****?]

Chega-se no fim do ano sem que o Congresso tenha sequer aprovado as medidas de ajuste fiscal para o orçamento de 2018, anunciadas em agosto e só enviadas à Câmara no fim de outubro. Isso significa que o novo ano vai começar com um bloqueio de R$ 21,4 bilhões do Orçamento da União. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, avisou em entrevista recente que esse será um corte de gastos necessário para cumprir a meta de déficit primário e o teto de gastos no próximo ano.

Do pacote constava um projeto de lei com mudanças na tributação dos fundos exclusivos, que exigia anterioridade, e duas medidas provisórias em vigor com o adiamento do reajuste do funcionalismo de 2018 para 2019 e elevação da contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%.

Há, como se viu nos últimos meses, um completo divórcio entre

o que o país precisa fazer para crescer e

o que a elite política está disposta a entregar.

De olho sempre nas próximas eleições, o campo de visão dos parlamentares é estreito e delimitado pelo que acreditam que os eleitores querem para reelegê-los. Esse é um descasamento que, em geral, termina com um estelionato eleitoral. Foi o que aconteceu, por exemplo, nas eleições de 2014 quando Dilma Rousseff venceu negando que o país estava com um considerável “rombo” fiscal e entrando em recessão. Apuradas as urnas [dadas as pressões da casta dos mercadores], seu governo começou a tomar medidas da Velha Matriz Neoliberal através de Joaquim Levy, propagandeado com o apoio dos economistas-chefe dos bancos.

A reforma da previdência social ficará, muito provavelmente, para o próximo governo. Tal como está, o gasto da previdência social dos servidores e dos trabalhadores do setor privado não cabe no orçamento. E o orçamento carrega uma carga tributária de 33% do PIB, bem mais pesada do que a carga de 22% do PIB, que é a média da América Latina.

Em poucos anos, a previdência vai absorver as receitas destinadas à saúde, educação, segurança pública. Não foram palavras ao léu as ditas pelo ministro da Fazenda em entrevista esta semana ao Valor. Meirelles alertou que se as regras da previdência não forem mudadas a tempo, o governo terá que cortar salários e aposentadorias na marra, tal como fizeram Portugal e Grécia no pós crise de 2008.

[Por que não se põe “o dedo na ferida”? Esse governo golpista não tem nenhuma legitimidade política, concedida pela maioria do voto popular, para fazer corte dos direitos sociais. O golpe foi usado, de maneira oportunista, para se tentar implantar o programa neoliberal derrotado em 2002, 2006, 2010 e 2014. Todos os cúmplices, inclusive a imprensa golpista, haverão de responder perante a História do Brasil por esse retrocesso político, social e econômico!]

Há um outro divórcio entre:

  1. os interesses do país [leia-se das castas dos oligarcas governantes e dos mercadores]  e
  2. as demandas das corporações do setor público [leia-se da casta dos sábios tecnocratas composta por servidores com espírito público].

Não há dúvida de que a maior oposição à reforma da previdência [leia-se: corte de conquistas sociais] vem de carreiras organizadas do Executivo, do Legislativo e, principalmente, do Judiciário e do Ministério Público,

A economia encontra-se em lenta recuperação e queda do desemprego, que ainda é muito elevado. O consumo das famílias continuará puxando a atividade econômica no ano que vem, quando espera-se que as empresas, desalavancadas de pesadas dívidas, retomem gradualmente os seus investimentos.

O país escolherá um novo governo em meio a um quadro político indefinido, pulverizado em uma dezena de candidatos. Por mais entendimento que haja sobre temas como equilíbrio das finanças públicas, necessidade de reforma do Estado e combate à desigualdade social, em períodos eleitorais, no Brasil, nada é óbvio o bastante para assegurar que essa será uma travessia tranquila.

[Fernando Nogueira da Costa: não há um cinismo em vender um quadro róseo a partir das medidas do governo mais impopular e odiado da história pós-ditadura brasileira? E, novamente, colocar todos os problemas na “ameaça do Lula” ganhar a eleição, tal como ocorreu em 2002? Os golpistas farão todos os esforços para louvar a impugnação da candidatura mais popular. Eles odeiam a democracia eleitoral!]

Artigo colhido no sítio https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2017/12/30/cenario-macroeconomico-para-2018/#more-51448

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