fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 22:58 Sem categoria

Centrais sindicais levam 50 mil trabalhadores a Brasília e fazem a maior das seis Marchas

Confira o balanço da Sexta Marcha da Classe Trabalhadora

A CUT e as demais centrais sindicais do País se uniram na manhã desta quarta-feira (11) para promover a tradicional Marcha Nacional da Classe Trabalhadora. E fizeram a maior das mobilizações unitárias desde 2004.

A sexta edição da manifestação, que nos anos anteriores foi fundamental para implementar uma política de valorização do salário mínimo no Brasil, contou com 50 mil trabalhadores, que começaram a se concentrar desde as 7h no estacionamento do estádio Mané Garrincha, próximo ao Eixo Monumental. Por volta das 10h, deram início à caminhada rumo ao Congresso Nacional.

Neste ano, as entidades definiram seis eixos unificados: exigir que o Congresso aprove o PL 01/07, que efetiva a política de valorização do salário mínimo; novo marco regulatório para o pré-sal, que garanta soberania nacional sobre a exploração e o uso dos recursos, destinando-os a políticas públicas de combate às desigualdades sociais e regionais; atualização dos índices de produtividade da terra e aprovação da PEC 438/01 contra o trabalho escravo; ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT; aprovação do PL sobre a regulamentação da terceirização e combate à precarização nas relações de trabalho e, principalmente, redução da jornada sem redução do salário.

Além dos militantes do movimento sindical, a mobilização levou também outros representantes dos movimentos sociais ao Distrito Federal, representados pela UNE (União Nacional dos Estudantes) e pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).

Entre os parlamentares do campo democrático e popular que marcaram presença e manifestaram apoio às reivindicações, estava o deputado federal responsável pela relatoria do projeto de redução da jornada, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. “Mais importante até do que juntar entidades de posição ideológica distinta é constatar a unidade que existe entre elas, porque o empresariado está dividido sobre a redução. Parte já pratica as 40 horas semanais, outros ainda resistem. Eu tenho certeza que se o projeto for ao plenário da Câmara e do Senado será aprovado”, afirmou.

Por volta das 11h, a marcha estacionou diante do edifício do Congresso. Presidente nacional da CUT, Artur Henrique, explicou os resultados positivos da aprovação na Casa de cada eixo da pauta da classe trabalhadora, em especial da valorização do salário mínimo. “Mais de 43 milhões de brasileiros vivem com um salário mínimo, sendo 18 milhões de aposentados. Esse povo espera e quer que o Congresso aprove a política de valorização do salário mínimo, que foi fruto da mobilização das centrais, para garantir que a valorização permaneça até 2023, fazendo com que isso não seja uma política apenas do governo Lula, mas também de Estado”, defendeu.

A CUT levou aproximadamente 30 mil militantes e foi a maior delegação entre as centrais, algo que podia ser facilmente comprovado por qualquer observador da manifestação.

Após o encerramento da passeata diante do parlamento, cerca de 6 mil cutistas seguiram para a Praça dos Três Poderes, onde encerraram a 6ª Marcha da Classe Trabalhadora num aguerrido protesto perante a sede do STF (Supremo Tribunal Federal). Proibidos de lá chegar com o caminhão de som, os dirigentes recorreram ao bom vê velho megafone – na verdade, dois – para protestar contra o interdito proibitório, instrumento da Justiça Cível que, apesar de tratar de direito de propriedade, tem sido aplicado pelo STF, a pedido dos empresários, para impedir mobilizações e greves.

O STF também foi alvo de protesto em função das decisões que tem tomado, a partir de ações diretas de inconstitucionalidade, para derrubar avanços conquistados legitimamente pela mobilização e capacidade de negociação dos movimentos sociais. Houve espaço também para apoiar a libertação do militante de esquerda italiano Cesare Battisti, para quem integrantes do STF defendem a extradição ao seu país de origem.

Audiências com Temer e Sarney

Antes do ato no Supremo e enquanto as lideranças sociais ainda comandavam a manifestação política em frente ao Congresso, os presidentes e outras lideranças das seis centrais sindicais foram recebidas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP). Ele recebeu a pauta de reivindicações da 6a Marcha e questionado sobre a redução da jornada sem redução de salário, cuja PEC está à espera de votação em plenário na Câmara, afirmou: “É uma matéria polêmica, não há dúvida. Simplesmente marcar uma data para votação em plenário não dá certo. O que eu quero fazer é sentar com os deputados que representam o grupo contrário à medida e os favoráveis, mais as centrais sindicais, e encontrar um caminho para encaminhar o tema com entendimento entre os líderes partidários”.

Temer prometeu instalar uma espécie de comissão de deputados e centrais para elaborar uma forma de enviar a PEC ao plenário com grande possibilidade de aprovação.

Já o presidente do Senado, José Sarney, em uma audiência relâmpago – alegou compromisso inadiável – prometeu colocar a ratificação da convenção 151 para votação, com prioridade. A 151, que estabelece a negociação sindical e coletiva permanente no serviço público, já foi ratificada pela Câmara.

Por Isaias Dalle e Luiz Carvalho, de Brasília.

====================================================

Bastidores da Sexta Marcha

Por trás dos números: militância é coisa de família

A 6ª. Marcha da Classe Trabalhadora reuniu nesta quarta-feira (11) o maior número de militantes desde a 1ª edição.

Cerca de 50 mil pessoas, 30 mil apenas da CUT, ocuparam as ruas de Brasília para lutar por melhores condições de vida para todos os brasileiros.

Por trás desses dados, porém, há millhares de trabalhadores que viajam por horas movidos pelo desejo de construir um País melhor, menos desigual, e oferecem uma inestimável lição de democracia.

Pessoas como José Jânio, carpinteiro de modo simples e mãos calejadas, que embarcou em Teresina, no Piauí, e só foi desembarcar no Distrito Federal 40 horas depois.

Presente pela primeira vez na mobilização nacional, o trabalhador filiado ao Sitricom (Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário do Médio Parnaíba) não aparentava qualquer sinal de cansaço, mesmo após o pneu do ônibus em que estava ao lado dos companheiros furar e atrasar a já desgastante viagem. Ao contrário, sabia bem o que queria. “Estamos aqui para lutar pelas 40 horas semanais, para podermos descansar um pouco e ficarmos com nossa família”, afirma.

O bancário Luiz Rocha, um veterano de Marcha – participou pela 5ª vez – também é favorável à redução da jornada. “Vou usar o tempo livre para estudar”, comentou. De Cuiabá, onde tomou o ônibus ao lado do filho Luiz Antônio, de 17 anos, até Brasília, foram 21 horas. Quando chegaram na cidade, às 7h, o dia ainda estava amanhecendo.

O lavrador Antônio de Castro, outro iniciante na Marcha da Classe Trabalhadora, quer que os parlamentares olhem mais para a questão rural e aprovem pautas exigidas pela CUT e as demais centrais na 6ª Marcha, como a atualização dos índices de produtividade da terra, que são de 1975, quando a colheita ainda não conhecia a mecanização.

Com a medida, seria possível identificar terras improdutivas, acelerar a reforma agrária e elevar o investimento em agricultura familiar. Consequentemente, o pequeno e médio produtor, além do consumidor, que teria à disposição alimentos mais baratos, seriam beneficiados. “Precisamos de mais recursos para investir para melhorar nosso meio de vida. Quem sustenta o Brasil é a roça”, disse Castro, com propriedade.

Também para ele, militância é coisa de família. Excepcionalmente nesta quarta, Daniel, o filho de nove anos, pode faltar na escola para acompanhar o pai e aprender a lutar pelos direitos. Ambos deixaram o acampamento Poço Grande, em Paracatu, Minas Gerais, para participar da manifestação.

Como Jânio, Rocha e Castro, muitos outros trabalhadores anônimos, mesmo sem qualquer destaque, mas tão importantes como os dirigentes sobre os carros de som, ajudam a construir a classe trabalhadora e generosamente prestam sua contribuição para o crescimento do Brasil.

Por Luiz Carvalho, de Brasília.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.cut.org.br.

Close