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Crescem os apoios ao Presidente Lula

Nem radical, nem paz e amor

‘Não tem jeito de consertar este país se o povo não estiver inserido na economia’

Lula se dispõe a ser candidato “aconteça o que acontecer”. Sobre o julgamento, disse que está e continuará com a tranquilidade dos inocentes. “A minha tranquilidade vai infernizar a vida deles”
por Vitor Nuzzi, da RBA publicado 19/01/2018 08h49, última modificação 19/01/2018 11h23
Ricardo Stuckert / Fotos Públicas

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O ex-presidente Lula participa de ato com artistas e intelectuais em São Paulo, em defesa da democracia e de sua participação nas eleições

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem (18) que “se o PT quiser” será candidato à Presidência da República, “aconteça o que acontecer”. Nem radical (“Eu não posso ser”), mas também sem ser “Lulinha paz e amor”, como em 2002, quando se elegeu pela primeira vez. “Eu quero provar pra eles que não tem jeito de consertar este país se o povo trabalhador, o povo pobre, não estiver inserido na economia”, afirmou, durante quase uma hora de discurso em evento na Casa de Portugal, bairro da Liberdade, região central de São Paulo. O ato em apoio ao direito de Lula ser candidato, que começou às 20h e terminou perto da meia-noite, reuniu artistas, intelectuais, políticos, inclusive de outras legendas, e representantes de movimentos sociais.

Pouco antes do pronunciamento, o líder dos sem-terra Gilmar Mauro já havia adiantado que no dia 25 – imediatamente após o julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre – “o movimento social em geral e particularmente o MST vai lançar a candidatura Lula, “independentemente do resultado”.

“Eu quero que o PT me indique para a Presidência da República. Se o PT quiser, estarei como candidato à Presidência, aconteça o que acontecer”, disse Lula a um auditório repleto – a capacidade é de aproximadamente 700 pessoas. Ele disse estar tranquilo, seja qual for o resultado do julgamento. “Eu duvido que os juízes que já me julgaram ou que ainda vão me julgar estejam com a tranquilidade que eu estou. Estou com a tranquilidade dos justos, dos inocentes”, afirmou o ex-presidente. E vai continuar assim, garantiu: “A minha tranquilidade vai infernizar a vida deles”.

O ex-presidente disse que não sabe qual será a decisão no próximo dia 24 e que não pode falar sobre os juízes do TRF4, porque não os conhece. “A única coisa que peço é que leiam a peça de acusação, de defesa, veja o que as testemunhas falaram e condenem ou absolvam. O que não posso é ser condenado por um crime que não cometi.” Mesmo condenado, ele disse continuará “andando por este país”.

Anestesia

Lula disse que inicialmente suas palestras começaram a ser criminalizadas, depois algumas de suas políticas de Estado, como a de relações internacionais, até se iniciar uma ofensiva contra o PT, “como fizeram com o Partido Comunista em determinando momento histórico”. Segundo ele, disseram que o país estava “doente” e que o PT era a “doença” e, assim, para realizar a “cirurgia”, anestesiaram a sociedade, que só estaria começando a acordar agora, após o “desmonte das conquistas trabalhistas” e com a resistência contra a “reforma” da Previdência. “Num país que roubam de Fórmula 1, resolveram condenar a presidenta Dilma por uma coisa chamada pedalada.”

Sobre seu processo, ele criticou integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato e chamou o inquérito de mentiroso. “O Moro sabia que não tinha crime, mas o Moro, o MP (Ministério Público) e a PF (Polícia Federal) estavam com o rabo preso com a mídia e não podiam mais desdizer”, afirmou Lula. “A Globo já falou 30 horas no Jornal Nacional do meu triplex”, acrescentou, enfatizando a última palavra. “Como é que vai falar agora que eu não tenho triplex?”

Ainda sobre a Lava Jato, ele ironizou o fato de a operação, segundo se noticia, ter garantido a devolução de R$ 1,4 bilhão à Petrobras. “Pedro Parente (atual presidente da companhia) devolveu aos americanos quase 10 bilhões, antecipando uma decisão judicial de primeira instância nos Estados Unidos.” Por essa razão, emendou, “o que está em jogo é uma coisa mais forte que o Lula, é uma coisa chamada soberania nacional”.

Democracia

“Agora estou descobrindo, como disse o professor (Demerval Saviani, um dos presentes ao ato), a diferença entre a democracia formal e a que nós queremos”, disse o ex-presidente, para quem a expressão “iguais perante a lei” tem grande conteúdo, mas nenhuma praticidade, em um país que viola direitos de mulheres, negros, índios, pobres.

Para ele, o Estado democrático precisa investir, particularmente em educação. “O papel do Estado é garantir o que está escrito na Constituição. O pré-sal não foi descoberto por sorte, mas por investimento em pesquisa.”

Lula disse sempre ter defendido um Ministério Público forte. E que aqueles que roubam devem ir para a cadeia. “Eles sabem que eu penso assim.” E a reafirmou sua inocência. “Nunca poria vocês (dirigindo-se ao público) nessa luta se eu estivesse escondendo alguma coisa de vocês.”

Vários ex-ministros de Lula participaram do ato, como Celso Amorim, Luiz Dulci, Aloizio Mercadante, Alexandre Padilha, Fernando Haddad, Eleonora Menicucci e Paulo Vannuchi, além de Luiz Marinho, atual presidente estadual do PT. Também estiveram no local representantes de movimentos sociais e sindical, como o presidente da CUT, Vagner Freitas. Artistas de diferentes estilos e áreas de atuação também subiram ao palco.

Notícia colhida no sítio http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/01/nao-tem-jeito-de-consertar-este-pais-se-o-povo-nao-estiver-inserido-na-economia

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Lula tem ’72 anos, energia de 30 e tesão de 20′, afirma Haddad

Jurista Fábio Konder Comparato anuncia uma novidade no Brasil após cinco séculos: “A oligarquia está com medo”. Gleisi diz que processo é surreal. “Não é porque não tem prova, é porque não tem crime”
por Vitor Nuzzi, da RBA publicado 19/01/2018 09h27, última modificação 19/01/2018 11h11
Ricardo Stuckert / Fotos Públicas
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São Paulo – Depois de cinco séculos de domínio da oligarquia, há algo de espantoso acontecendo na vida brasileira, segundo o jurista Fábio Konder Comparato: “A oligarquia está com medo”. E o processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma consequência disso, acrescentou Comparato, que participou ontem à noite de ato pelo direito de Lula ser candidato.

“Temos de organizar o povo. Ele é quem vai vencer a oligarquia”, disse ainda o jurista, defendendo maior uso de “brechas” deixadas pelos oligarcas na Constituição, como o uso de plebiscito e referendos, particularmente em nível local. “Os municípios têm de reformar sua legislação.” Além disso, apontou, “é indispensável tributar as grandes fortunas”.

Um dos primeiros a se manifestar na Casa de Portugal, em São Paulo, Comparato disse que “depois de anos de desespero” ele tem a convicção de que algo está mudando no país. “E a grande mudança é essa sensação de temor da oligarquia” em relação ao fato de “um homem da classe operária” tornar-se chefe de Estado no Brasil.

Apresentado como “ex”, depois de sua gestão à frente da prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad disse que ele é que sente saudade “do Brasil de muito pouco tempo atrás”, referindo-se ao governo Lula, de quem foi ministro da Educação. “O sonho deles é disputar quem vai ganhar por WO”, ironizou, para acrescentar que o petista está pronto para disputar e ganhar.

“Eles têm todo o direito de (tentar) ganhar do Lula. Está difícil, mas eles têm direito. (Lula) tem 72 anos, energia de 30 e tesão de 20”, afirmou Haddad, arrancando gargalhadas do público. Em seu discurso, no final do ato, o próprio ex-presidente repetiria a expressão, brincando: “Não se descuidem!”.

A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), chamou o processo contra Lula de “surreal”. “Não é só porque não tem prova, é porque não tem crime. Como um bem da OAS pertence ao ex-presidente?”, afirmou, referindo-se ao apartamento de Guarujá, no litoral sul paulista, recentemente penhorado por decisão judicial – como sendo da construtora.

Pacíficos, não passivos

Para Gleisi, “a única solução possível” para o caso é a absolvição do ex-presidente. “O TRF tem a oportunidade de mostrar que aqui tem justiça. A sentença de (Sérgio) Moro é uma vergonha para o mundo jurídico”, disse a senadora, referindo-se à decisão em primeira instância.

Ela também criticou o presidente do TRF4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, que em audiência com a presidenta do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, apontou riscos no julgamento. “Corre risco? Eles é que fizeram o Brasil correr risco”, rebateu.

Gleisi fez ainda menção indireta a declarações que causaram certa polêmica, sobre resistência conforme os desdobramentos do julgamento. “Somos pacíficos, mas não somos passivos e nem somos mansos”, afirmou. “Não vamos admitir uma condenação.”

A senadora fez ainda referência à Rede Globo, que segundo ela “assumiu, enfim, de cara lavada, seu papel político” e teria resolvido fazer o seu próprio plano de governo. “Venha, não temos medo de enfrentar o seu candidato.”

A última fala, antes do próprio ex-presidente, foi da professora Nita Freire, viúva do também educador Paulo Freire (1921-1997), Patrono da Educação Brasileira. “Acho muito difícil defender o que não precisava ser defendido, que é a candidatura do Lula. Tu pareces tanto com o Paulo…”, disse Nita. “Sinto que vocês têm essa mesma irmandade, saber valorizar a sabedoria do povo.” Sobre o julgamento, ela disse ter a “intuição” de que “vai ser 3 a 0 para nós”.

Para outro pedagogo, Demerval Saviani, “a democracia formal precisa se transformar em democracia real”. Isso só será possível, segundo ele, por meio da educação. Ele lamentou a ruptura simbolizada pela deposição “de uma presidenta democraticamente eleita”, referindo-se a Dilma Rousseff.

“Quebrada a institucionalidade democrática, não se respeitam mais as regras do jogo”, disse Saviani, atualizando uma conhecida expressão: “Aos amigos, tudo. Aos adversários, a violação da lei”.

Segundo ele, o direito de decidir diretamente os destinos do país “é condição para continuarmos considerando este país democrático”. Saviani afirmou que as medidas do atual governo para a educação fazem o Brasil retroceder não à ditadura civil-militar iniciada em 1964, mas ao período do Estado Novo (1937-1945).

A professora e escritora Rosane Borges afirmou que a candidatura de Lula não pode ser vista sob uma perspectiva “salvacionista”, mas representaria “a síntese da luta de classes, que tem um fundamento racial e de gênero”.

O reitor do Instituto Federal de São Paulo, Eduardo Modena, lembrou que a instituição foi criada sob o governo Lula. “Não é você que quer ser candidato, nós é que queremos que você seja candidato. Só tinha 149 escolas técnicas (antes do ex-presidente), hoje nós temos 642.”

Padre Paulo Sérgio Bezerra, que atua na zona leste de São Paulo, leu mensagem de Dom Angélico Sândalo Bernardino, que nesta sexta-feira (19) completa 85 anos: “Você é o mais destacado líder popular brasileiro”, disse o religioso a Lula, considerando uma eventual condenação um “nefasto atentado à democracia, com graves repercussões, inclusive internacionais”.

Os organizadores citaram manifestações de apoio enviadas pelo filósofo norte-americano Noam Chomsky (o Brasil “precisa cumprir princípios democráticos e garantir que a voz do povo não seja silenciada”), do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e da professora e pesquisadora Ermínia Maricatto.

O diplomata e ex-ministro Celso Amorim, um dos criadores do manifesto “Eleição sem Lula é fraude”, disponível na internet, leu mensagem do ex-secretário-geral da Anistia Internacional Pierre Sané: “O Brasil não merece as demonstrações patéticas que temos visto no país. Se os cidadãos africanos pudessem votar, eles votaram em massa para levar Lula de volta ao poder”.

Até o início desta sexta-feira (19), o manifesto tinha pouco mais de 190 mil adesões. Amorim disse que 10% das assinaturas vêm da Argentina.

 Notícia colhida no sítio http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/01/ex-presidente-tem-72-anos-energia-de-30-e-tesao-de-20-afirma-haddad
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