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De Tigrão para Tchutchuca, a mudança de tática para privatizar o BB

Foto: Reprodução

“A guerra é a continuação da política por outros meios”. – Klauzewitz

Em 22 de abril de 1500, aportou em Porto Seguro Pedro Álvares Cabral e sua esquadra, marco histórico de descobrimento do Brasil. O fidalgo escrivão Pero Vaz de Caminha, em carta ao Rei Dom Manuel registrou:

“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”

Em 22 de abril de 2020, numa reunião ocorrida sob o comando do atual presidente da república, o ministro da economia disse em alto e bom tom:

O  Banco do Brasil “não é tatu, nem cobra”, não é privado nem público.Então se for apertar o Rubem, coitado, ele é um super liberal, mas se apertar ele e falar “bota juro baixo ele… – não posso porque se não a turma dos privados e os minoritários me apertam. Aí se falar assim –  bota juros altos : não posso porque se não o governo me aperta; O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização , é um caso pronto e agente não tá dando esse passo. O Sr. Já notou que o BNDE e a CEF que são nossos, a gente faz o que agente quer. No BB a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Tem que vender essa P… logo!

Rubem Novaes : Apesar de todo risco que passou a ter no sistema bancário, o BB está expandindo bastante seus empréstimos e…a agricultura – a ministra Tereza Cristina ( ruralista e líder da Frente Parlamentar da Agricultura) é testemunha aqui de que o apoio tá sendo muito grande e nós estamos numa situação muito confortável ministro. Primeiro, porque em termos de liquidez O PÚBLICO vê o BB como um Porto Seguro (sugestivo). Então nós não estamos tendo problemas que os outros bancos estão tendo com a preocupação de liquidez do Banco, com a rigidez (ele quis dizer solidez, mas faltou o termo na hora) do Banco. No nosso resultado, as pessoas físicas estão tendo um papel preponderante no Banco do Brasil, porque nós temos a felicidade de contar nesse momento com a folha de pagamento das empresas públicas, das forças armadas. Em termos relativos estamos numa situação mais segura que o cidadão comum que não participam de empresas públicas.

Paulo Guedes interrompe : confessa seu sonho, confessa seu sonho…

Novaes : quanto à privatização, quanto à privatização, interrompido pelo presidente da república…

Jair : Confessa seu sonho em 23 ( uma alusão à reeleição de 2022 – dada como certa e, copiar a privatização FHC, conduzida após a reeleição comprada com ajuda de banqueiros nacionais e estrangeiros. O próprio Jair pregou o fuzilamento de FHC  pelas privatizações da Vale do Rio Doce , das telecomunicações e entregar nossa reservas petrolíferas ao capital externo…política é como nuvem, uma hora tem uma forma, minutos depois toma outra, ao sabor dos ventos que sopram). Jair quis interromper Novaes antes que este cometesse um ato falho e mostrar que o BB é sólido, confiável e, portanto, alvo de cobiça da turma “do mercado”. Em maio de 2019, Paulo Guedes anunciou, em inglês, a uma plateia de negociantes americanos que pretendia entregar o Banco do Brasil para o Bank ofAmerica. Ele chamou a entrega de “fusão”. “Vamos procurar fazer uma fusão entre o Banco do Brasil e o Bank of America. São bancos bons para empréstimos agrícolas…esqueceu o fato do banco ianque ter sido salvo pelo FED (banco central dos EUA) com aporte a juro zero de U$ 1.344 trilhão de dezembro de 2007 a junho de 2010. Ignorância ou má-fé?

 

BB – Um dos pilares do Brasil como potência agropecuária

Ao longo de 520 anos de “descobrimento” e da frase profética de Caminha “dar-se-á nela tudo”, o Brasil deixou de ser uma simples colônia de exploração pertencente a Portugal para se tornar, ao lado dos EUA, o maior produtor agrícola do mundo. Nada veio ao acaso. Isto é o resultado de trabalho árduo de pessoas, gerações e instituições, como o nosso Banco do Brasil, maior financiador agrícola do País.

Em 2019 o país produziu 240 milhões de toneladas de grãos, um crescimento na produção na ordem de 80%, já que em 2009 alcançara 135 milhões de toneladas. Destaques para o complexo soja e de proteína animal, setores aos quais o país exerce liderança mundial.

O resultado vem de uma combinação de fatores que envolve habilidade do agricultor, pesquisa e desenvolvimento para melhoria de insumos e solo, que fica a cargo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mecanização e intensificação tecnológicas, possibilitadas pelo acesso ao crédito, que é justamente onde entra o Banco do Brasil

Paulo “Tchuchuca” Guedes nunca escondeu seu fascínio em entregar tudo de bandeja para a iniciativa privada, incluindo aí vender o Palácio do Planalto, simplesmente a sede do poder executivo federal (Dallas 2019). Em declaração ao site “O Antagonista”, Guedes fez a seguinte declaração. “Eu falava que tinha que vender todas as estatais, mas naturalmente o nosso presidente, os nossos militares olham para algumas delas com carinho, como filhos, porque foram eles que as criaram. Mas eu digo, olha que seus filhos fugiram e hoje estão drogados”. Chamou ainda as estatais brasileiras de filhos drogados dos militares. Ao fim, quem parece viciado em dinheiro e ajuda públicos é o pretenso “parceiro” Bank of America, privado.

Do hard power de Novaes ao Soft power de Brandão?

Fazendo jus ao “intelectual” Olavo de Carvalho, que faz a cabeça do desgoverno atual, Novaes saiu disparando contra tudo e contra todos. Mas, como qualquer argumento ad olavista, sequer apresentou alguma prova do que disse, como é comum para quem comunga destas “ideias”. Mencionou que“muita gente com rabo preso trocando proteção”, “a cultura política em Brasília piorou muito ao longo do tempo”. De FHC e sua reeleição ao PT, com mensalões e pretrolões.

Sua saída coincide cronologicamente com a vinda à tona a venda da carteira de R$ 2,9 bilhão de créditos de difícil recebimento (será?) –  do BB ao BTG-Pactual, com deságio de 90%. Resumindo:

  • BB vendeu carteira de R$ 2,9 bilhões ao BTG Pactual;
  • O valor recebido foi de R$ 371 milhões, ou seja, 1/8 do valor de face;
  • O BTG Pactual teve entre seus fundadores Paulo Guedes – que alega ter vendido sua participação];
  • Sabem qual foi a última vez que o Banco do Brasil fez operação parecida? –
  • Tudo foi feito sem licitação, sem concorrência, sem absolutamente nada;
  • Lembremos que o BB está sob o direito administrativo, cujos princípios são: a) legalidade; b) impessoalidade; c) moralidade; d) publicidade; e) eficiência – Suas iniciais são sugestivas : LIMPE , um bom macete para concurseiros, espécie em extinção.

Pergunta de concurso para o Ministério Público Federal : Quais princípios foram violados aqui?

Se você marcou Legalidade, errou, pois o Congresso Nacional, presidido por Rodrigo Maia, cuja campanha foi financiada pela turma do mercado financeiro – bancos (https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/07/1791882-setor-financeiro-bancou-campanhas-de-rodrigo-maia-a-camara.shtml) aprovou a PEC 10 que acoberta lavagem de trilhões de papéis podres acumulados nos bancos , que , na prática, permite que o Banco Central (presidido pelo ex-tesoureiro do Santander, Roberto Campos Neto) adquirir títulos não diretamente com as empresas que os emitem, mas poderá comprá-los de outros atores que já os tenham, como bancos (dentre eles, o BTG) e fundos de investimentos. Pelo valor de face, claro. Ou seja, pelo valor que está escrito no título, corrigido e não pelo que ele realmente vale por apresentar o risco de calote. O BB vendeu papéis “podres” para o BTG por 1/8 do valor. O BTG poderá resgatar junto ao Banco Central 8/8 – 100%, o valor de face. Quem sabe ainda sobre um “jurozinho” ou uma “correçãozinha”. A conferir. Como última uinformação referente a esta PECaminosa PEC, agora Emenda Constitucional : Ativos privados que BC pode comprar caso PEC seja aprovada somam R$ 972,9 bilhões –isso sem as correções (https://www.moneytimes.com.br/ativos-privados-que-bc-pode-comprar-caso-pec-seja-aprovada-somam-r-9729-bilhoes/).

Em última instância, quem vai assumir o mico é o Tesouro Nacional, bancado pelo imposto que você paga. A justificativa é manter a “liquidez” do sistema. Liquidez que não chega à pequena empresa que gera emprego (uma das críticas à atuação incompetente de Novaes frente ao BB). Até Guedes admitiu que o dinheiro estava “empoçado” nos bancos e não chegava na ponta…um poço de oportunistas. Realmente, com os lucros e poder econômico acumulados pelo sistema financeiro nestes últimos 25 anos, “há um risco sério de liquidez”.

Novaes sai com o dever cumprido? Você decide.

Sai o olavista, entra o pragmático

Quem é André Brandão, onde vivia, o que fazia?

Currículo :

  • Começou sua carreira no Citibank e ingressou no HSBC em 1999;
  • Em 2003, se tornou diretor-executivo da instituição;
  • Em 2012 foi nomeado presidente do HSBC no Brasil, posição que ocupou até 2016 — após a aquisição das operações pelo Bradesco;
  • Desde que vendeu o banco de varejo para o Bradesco, em 2016, o HSBC atua no Brasil apenas como banco de investimento – área chamada de “atacado” no jargão do mercado , onde Brandão atualmente é head de Global Banking e Markets para as Américas;
  • Tem aproximadamente 30 anos de experiência ao todo no mercado financeiro – entende de tesouraria e operações de atacado, mas não tanto de varejo bancário.

(https://www.infomoney.com.br/mercados/executivo-escolhido-para-presidencia-do-banco-do-brasil-andre-brandao-deve-acelerar-venda-de-ativos/)

Rei morto, rei posto, ainda em relação ao novo presidente do BB, conforme a Infomoney:

“Brandão é o verdadeiro ‘lorde inglês’. Tem experiência em atacado e pode ajudar na venda de ativos. Também tem postura para lidar com grandes clientes e receber investidores”, disse um banqueiro, na condição de anonimato.

Em relação à venda de ativos do BB, algumas agendas já andaram, como a venda de ações de IRB Brasil Re e Neoenergia, o início da parceria com o UBS em banco de investimento e a abertura de capital do BV (ex-Banco Votorantim). Mesmo assim, a gestão de Rubem Novaes teria deixado a desejar nesse quesito – além de ter sido “atropelada” pela pandemia de coronavírus.

Brandão também pode ajudar nas conversas com o Bradesco, que tem uma série de sociedades com o BB, pois participou da venda do HSBC ao banco.

Estaria o plano de privatização do BB adiado após a nomeação de André Brandão? “Com isso, o plano de privatização da estatal, segundo a CNN Brasil, será adiado. Guedes não abriu mão de privatizar o Banco do Brasil mas, com a saída de Novaes, decidiu reposicionar a gestão e colocar alguém com experiência no comando de banco. Experiência de atacado, mas, não muito de varejo. “Brandão veio para ‘banquerar’, é discreto, técnico, competente e apolítico, o que é o melhor”, disse a mesma fonte (https://correiodoestado.com.br/economia/com-novo-presidente-privatizacao-do-bb-e-adiada/375457).

André Brandão está alinhado ao perfil que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estava buscando para o cargo e um dos motivos de sua nomeação é ter o perfil do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

CPI que acabou em Pizza Swissleaks – Suiçalão. Afinal, o que foi e qual a relação com a nomeação de André Brandão?

A CPI foi instalada no Senado Federal, por iniciativa do senador Randolfe Rodrigues, em março de 2015, sem assinaturas dos senadores do PSDB e terminou cinco meses antes do previsto. Foi criada para investigar contas não declaradas de brasileiros na Suíça. O relatório aprovado, realizado pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), apenas pedia celeridade nas investigações, conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, sobre “supostas” práticas de evasão de divisas.

Segundo o senador Randolfe : “As reuniões nunca tinham quórum, havia muito desinteresse. A única vez em que todos os senadores apareceram foi em 16 de julho de 2015, para tornar sem efeito os requerimentos de quebra de sigilo bancário aprovados na reunião anterior”. Interessante como os tentáculos do sistema financeiro são muitos e amplos, a ponto de aramar um picadeiro midiático e dar em nada. Na prática, acabou em pizza e silêncio do oligopólio midiático. Na série Mr. Robot , interpretada pelo ator Remi Malek, seu personagem dispara : “Dê uma arma a um homem e ele rouba um banco, dê um banco a um homem e ele rouba o mundo”.

Mas o que foi o SwissLeaks?

Em 2009 , o ex-funcionário do HSBC Hervé Falciani entregou às autoridades francesas uma base de dados referente a clientes da filial de Genebra, histórico paraíso fiscal, uma relação contendo 106.000 contas com valores que alcançavam U$ 180 bilhões de dólares,  equivalente , por exemplo, ao PIB de Singapura daquele ano.

Com a demora do governo francês em dar prosseguimento, uma vez que atingia figuras graúdas da política, do mundo empresarial, entretenimento, etc., Hervê buscou o jornal Le Monde e forneceu a relação completa. O passo seguinte foi dado pelo diário francês distribuir ao Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos– ICIJ em inglês), que contou com uma força-tarefa de 154 jornalistas de 60 meios de comunicação social oriundos de 47 países. Os números que vieram à tona ilustraram melhor o quadro: Os depositantes eram de uma variação que englobava empresários sem ficha criminal, traficantes de drogas, de armas, diamantes, funcionários corruptos e ditadores ladrões. Provenientes de 203 países, as contas foram abertas entre 2005 e 2007 e o principal objetivo era escapar de impostos em seus países de origem.

“Consultoria”

No material disponibilizado, havia provas contundentes do modo de operação por parte dos funcionários do HSBC de Genebra que orientavam seus clientes a criarem empresas “offshore” em paraísos fiscais como Panamá ou Ilhas Virgens Britânicas e a partir destas, fazerem os depósitos na Suíça sem deixar rastros. Em 2012 o HSBC já havia sido pego nos EUA por lavagem de dinheiro do narcotráfico mexicano, em especial do cinematográfico Guzmán (El Chapo) e seu carte de Sinaloa. Não há como contestar o viés agrícola do banco com referência às plantações de maconha e ópio no México.

O então presidente mundial do HSBC nesse período, o pastor anglicano Stephen Green, longe de ser molestado, recebeu o título de Lorde (sempre eles, os lordes) da Rainha da Inglaterra. De quebra, foi nomeado ministro do Comércio do governo James Cameron.

Só Suíça, França e Reino Unido registravam mais clientes do que o Brasil na agência de “privatebank”, em Genebra, do HSBC quando vazaram os dados completos da instituição, na virada de 2007 para 2008. Eis o ranking dos países com mais clientes citados no SwissLeaks, tudo compilado pelo ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos):

  • 1º Suíça: 11.235
  • 2º França: 9.187
  • 3º Reino Unido: 8.844
  • 4º Brasil: 8.667
  • 5º Itália: 7.499
  • 6º Israel: 6.554
  • 7º Estados Unidos: 4.183
  • 8º Argentina: 3.625
  • 9º Turquia: 3.105
  • 10º Bélgica: 3.002

(https://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2015/03/20/por-que-ha-tantos-brasileiros-no-swissleaks/?cmpid=copiaecola)

Contas Brasileiras

O conjunto de dados secretos do HSBC contém informações sobre 5.549 contas bancárias secretas de brasileiros (pessoas físicas ou jurídicas) na Suíça. O saldo total máximo registrado para esses correntistas foi de US$ 7 bilhões. Os proprietários dessas contas não fazem comentários.

O COAF liberou a nome 31 pessoas ligadas a empresas de ônibus do Rio cujos nomes apareciam na lista de correntistas do HSBC na Suíça. Muitos eram parentes ou sócios de Jacob Barata, cujo casamento da neta teve ninguém menos que Gilmar Mendes como um dos padrinhos. Outra “dinastia” que teve seus nomes revelados foi a da família Steinbruch Sete deles (Eliezer, Dorothea, Mendel, Clarice, Ricardo, Benjamim e Elizabeth) chegaram a ter, ao todo, um depósito máximo de US$ 543,8 milhões ao longo de 2006 e 2007, a maior parte em 15 contas compartilhadas. O dinheiro era controlado por meio de empresas em paraísos fiscais como Ilhas Virgens Britânicas, Panamá e Uruguai. Os senadores rejeitaram, entretanto, o pedido de quebra de sigilos do empresário Benjamin Steinbruch, da Companhia Siderúrgica Nacional, tendo como defensor ferrenho o atual presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM – AP), que vetou, junto com a tropa de choque em defesa da CSN e seu proprietário até a quebra do sigilo bancário, tanto da pessoa física como jurídica.

A ausência de manchetes sensacionalistas na grande mídia tinha uma razão simples : 22 empresários de mídia e sete jornalistas estão na lista do HSBC. Inclusive o proprietário da “moralista” Jovem Pan. O silêncio fala por si só.

André Brandão e a convocação pela CPI

“Em 2015, o executivo foi chamado a comparecer no Senado Federal que investigava as contas brasileiras no braço suíço da instituição, escândalo que ficou conhecido à época como “Swissleaks”. Na época, Brandão afirmou aos senadores não ter nenhum conhecimento sobre as contas mantidas por cerca de oito mil brasileiros na Suíça e manifestou reprovação à conduta de Hervé Falciani, ex-funcionário do HSBC no país europeu e delator do escândalo” (Fonte : CNNBrasil) . Como pode-se observar, o então presidente do HSBC , a despeito de todas as notícias que corriam mundo afora desconhecia os fatos e culpou o “delator”. Algo como matar o carteiro para que não entregue a notícia ruim.

No Brasil, o conjunto de informações recebido do Consórcio de Jornalistas ficou a cargo de Fernando Rodrigues da UOL. Em entrevista ao jornal GGN esclareceu a metodologia utilizada para que as informações fossem criteriosamente publicadas, sem o linchamento midiático. “O problema em divulgar mais nomes é que não há nada na lei que proíba um brasileiro de colocar seu dinheiro em bancos no exterior. O crime ocorre quando as remessas não são declaradas à Receita Federal”. Defendeu-se de acusações de estar segurando informações: “O cruzamento entre correntistas do HSBC de Genebra e sonegadores de impostos aqui no Brasil só pode ser feito, no entanto, pelo governo brasileiro, que, segundo o jornalista, não move um dedo sequer, por “desídia, preguiça e talvez má-fé”.

O mesmo jornalista relatou assim o depoimento de André Brandão:

“O presidente do HSBC no Brasil, André Brandão, não trouxe novos elementos para a investigação de supostos crimes de sonegação fiscal e evasão de divisas que teriam sido cometidos por brasileiros com contas na agência de Genebra do banco. Ele falou à CPI do HSBC no Senado nesta terça-feira (5.mai.2015). Brandão estava bem treinado –o banco contratou especialistas em comunicação e marketing nas últimas semanas para instruí-lo sobre como se comportar no Senado. Tentou adotar um tom humilde. Usou voz baixa e dirigia um olhar lateral aos senadores. Sempre que indagado sobre as contas de brasileiros na filial Suíça do banco, Brandão respondeu que o HSBC no Brasil não tinha dados a respeito. Repetiu a frase diversas vezes ao longo da audiência”.

Fazendo uma comparação com a Espanha à época do escândalo, o ministro das Finanças, Cristóbal Montoro, adotou  “medidas legais contra o HSBC por sua participação em fraudes fiscais, lavagem de dinheiro e outros atos criminosos cometidos por cidadãos espanhóis”. Em 2010, o governo espanhol teve acesso a 650 nomes de pessoas com conta secreta no HSBC na Suíça. Foi atrás de um por um. A família Botin, que controla o Santander, fez um acordo extrajudicial com o governo. Pagou 200 milhões de euros, cerca de 600 milhões de reais.

No Brasil, o quadro é completamente distinto – e para pior. Pouco antes de Joaquim Levy ser nomeado ministro da Fazenda, o banco em que ele trabalhava, o Bradesco, foi pilhado numa história de sonegação no paraíso fiscal de Luxemburgo. O Bradesco compraria o HSBC por um preço acima do avaliado pelo “mercado”. Ciclos que se fecham.

Muitas dúvidas, uma certeza

Em sendo homem de confiança de Paulo Guedes, com experiência em atacado e não varejo, há uma tendência ao desmonte do BB em blocos, facilitado pelo “bom trânsito” com o “mercado”. Entre Novaes e Brandão talvez haja mais semelhanças do que diferenças, salvo pela “polidez” de lorde do segundo se comparado com o primeiro. Inviabilizar o BB pelo seu desmonte iniciado já na gestão Cafarelli em 2016, foi seguido à risca pelos seus sucessores.

O BB, contudo, devido ao seu quadro funcional capacitado tem resistido aos ataques com resiliência ímpar. Até quando? Pois, como observado na atuação de Novaes no caso BTG, a inobservância do Direito Administrativo parece não importar pela certeza de impunidade. Novaes que foi arrolado na CPI do SFN, quando era “consultor” de Cacciolla, dono do banco Marka. A despeito das contradições nos depoimentos à CPI na época, acabou por ser liberado de maiores investigações pelo MPF por “falta de provas”. Brandão não é Novaes. Em comum: passaram por CPI’s. Não foram molestados.

Que venha o “lorde”.

Texto: Fetec-CUT-PR

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