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Desafio dos sindicatos é fazer a disputa na sociedade

“Além da luta corporativa por salários e melhores condições de trabalho, é papel dos dirigentes sindicais ir para as ruas, debater com a sociedade e fazer a disputa pelas reformas que o Brasil necessita para se desenvolver com distribuição de renda, entre elas a reforma tributária, a reforma política e a regulamentação do sistema financeiro.” O desafio foi lançado nesta sexta-feira (30) à noite pelo presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, na abertura solene do 3° Congresso da confederação, que está sendo realizado em Guarulhos, na Grande São Paulo.

“O nosso grande desafio enquanto classe trabalhadora, que é maior que a soma das categorias, é aproveitar a oportunidade histórica que estamos vivendo para transformar o Brasil num país mais justo e solidário”, afirmou Carlos Cordeiro.

Enquanto bancários, acrescentou o dirigente da Contraf-CUT, o desafio da categoria é lutar pelo emprego decente, que além da remuneração envolve estabilidade no emprego, segurança no trabalho, preservação da saúde e aposentadoria digna.

Carlos Cordeiro lembrou por fim as conquistas econômicas, sociais e políticas dos bancários nos últimos anos, que “só foram possíveis graças à unidade nacional de todas as forças políticas da categoria. Com essa unidade e mobilização, vamos vencer os desafios e o Brasil será muito melhor com a nossa luta”.

Além do presidente da Contraf-CUT, participaram da mesa da abertura solene do 3° Congresso os presidentes da CUT Nacional e da CUT São Paulo, respectivamente Artur Henrique e Adi Lima; o secretário-geral da Central Sindical das Américas (CSA), Vitor Baez; a secretária regional da UNI Américas, Adriana Rosenzvaig; a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira; o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP); o deputado estadual Luís Cláudio Marcolino (PT); o presidente do Sindicato de Guarulhos, Jessé Costa; o vereador por Guarulhos José Luiz; o vice-presidente da Contraf-CUT, Neemias Souza Rodrigues; o diretor do Sindicato do Espírito Santo, Idelmar Casagrande; o diretor do Sindicato de Campinas, Cristiano Meinbach; e o secretário de Políticas Sociais da CUT Nacional, Expedito Solanei.

Também prestiagaram a abertura vários dirigentes sindicais da CUT e de entidades de outras categorias, como metalúrgicos, vigilantes e alimentação, dentre outras, além de diretores eleitos da Previ e Funcef.

País melhorou graças aos movimentos sociais’

Artur Henrique, que deixa a presidência da CUT em julho próximo, agradeceu o apoio que recebeu dos bancários em diversos momentos de seus dois mandatos. “Foi fundamental para realizarmos aquele ato na rodovia Anchieta, após a quebra do Lehman Brothers, em 2008, contra as propostas de flexibilização feitas por empresários e mesmo por algumas centrais”, recordou.

Artur chamou a atenção para uma inversão de valores nas avaliações sobre a crise internacional. Ele lembrou que, em 2008, participou de uma reunião do movimento sindical internacional que preparou as propostas para a o G20. “Dizíamos já naquela época que a culpa da crise era da desregulamentação do sistema financeiro. Hoje, abrimos qualquer jornal e eles defendem que a culpa da crise é do Estado de bem-estar social dos países europeus. Isso é um alerta sobre nossa democracia, pois os bancos estão cada vez mais mandando nos países”, afirmou.

Ele lembrou dos anos 1990, quando a principal tarefa do movimento sindical foi resistir contra os ataques dos governos de PSDB e DEM e suas políticas neoliberais – as mesmas que hoje dominam a Europa. “A situação positiva que temos hoje no Brasil só foi possível com o apoio dos movimentos sindical e social”, recorda. “E para isso foi fundamental que o Lula, em 1983, criasse a CUT, da mesma forma que o Ricardo Berzoini e outros companheiros criaram a CNB-CUT em 1992.”

‘Ou somos todos fortes ou todos fracos’

Victor Baez, secretário-geral da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), que reúne 50 milhões de trabalhadores do Canadá ao Chile, elogiou a atuação do movimento sindical brasileiro, especialmente da CUT, a maior central sindical do continente.

Ele lembrou o apoio do movimento sindical das Américas aos trabalhadores espanhóis, que realizaram uma greve geral contra as medidas do governo do país que, com o pretexto de combater a crise econômica mundial, atacam direitos trabalhistas. “O sistema financeiro é o principal responsável por essa crise, mas também são responsáveis os governos que apoiaram os bancos e hoje sofrem uma crise fiscal por isso”, afirmou. “A reforma e regulação do sistema financeiro internacional é fundamental se quisermos consolidar avanços e construir uma sociedade baseada na sustentabilidade.”

Vitor Baez destacou o papel dos trabalhadores brasileiros nesse contexto. “O movimento sindical da América Latina e especialmente o do Brasil estão se tornando atores globais. Por isso é fundamental nos aproximarmos. Não existem ilhas fortes no sistema internacional. Ou somos todos fortes ou todos fracos.”

A presidente do Sindicato de São Paulo, Juvandia Moreira, disse que “o sistema financeiro é setor estratégico da economia e o 3º Congresso tem a responsabilidade, além de planejar estrategicamente os três próximos anos de Contraf-CUT, de fazer a reflexão sobre qual o papel que os bancos devem cumprir”.

Lutar pela função social dos bancos

Juvandia acrescentou: “O sistema financeiro extorque os trabalhadores e a sociedade. Cabe a nós fazer avançar esse debate e cobrar que os bancos sejam os financiadores do crescimento econômico e social do país, promotores de um sistema de crédito que ajude neste desenvolvimento. Queremos emprego, mas emprego com qualidade, sem práticas discriminatórias. Não queremos que os trabalhadores adoeçam, vivendo sob pressões diárias e vítimas de assédio moral”.

Além das lutas corporativas da categoria, Juvandia defendeu que os bancários se engajem também nas campanhas gerais que dizem respeito à classe trabalhadora como um todo, como a reforma tributária (“para que o sistema seja mais justo e progressivo”) e a reforma política (“para que a sociedade possa interferir nas decisões sobre os rumos do país, de forma a fortalecer a democracia”).

20 anos de Convenção Coletiva

O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), primeiro presidente da Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT, antecessora da Contraf-CUT), lembrou a assinatura da primeira Convenção Coletiva Nacional, em 1992. “Era algo praticamente impossível para a época e neste ano completamos 20 anos. É algo que deve ser lembrado com muito orgulho”, disse o parlamentar. “Além disso, construímos uma entidade nacional como a Contraf-CUT, que representa mais de 90% dos bancários em todo o país.”

Berzoini também defendeu a solidariedade aos trabalhadores europeus que estão sofrendo uma onda de ataques a seus direitos, “semelhante à que vivemos em nosso país na década de 1990”.

O deputado fez ainda um apelo para que o movimento sindical pressione o Congresso Nacional em defesa da agenda de seus interesses, como por exemplo a assinatura da Convenção 158 da OIT e o combate à terceirização. “Sabemos a importância do Poder Legislativo para que conquistemos as reformas que desejamos. Caso seja aprovado o PL 4330/04 sobre terceirização que tramita no Congresso, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), será extremamente prejudicial aos trabalhadores.”

Dirigente da UNI Finanças elogia Contraf-CUT

A secretária regional da UNI Américas, Adriana Rosenzvaig, elogiou a Contraf-CUT “pelo esforço em prol da unidade nacional e internacional dos trabalhadores. O comprometimento da entidade vai além das questões financeiras. É também ideológico e político”.

Para Adriana, a Contraf-CUT desempenhou papel fundamental para a assinatura do acordo marco da UNI Finanças com o Banco do Brasil, “que permitirá a sindicalização de trabalhadores nos Estados Unidos e a consequente ampliação na conquista de direitos”.

Para ela, foi a capacidade da entidade em dialogar que também contribuiu para as campanhas exitosas realizadas no Itaú e Santander. “Atualmente os bancos se reúnem conosco para discutir as reivindicações dos trabalhadores. Isso só foi possível pela presença da Contraf-CUT, entre outros atores envolvidos neste processo”, disse.

Construção coletiva da democracia

Neemias Souza Rodrigues, vice-presidente da Contraf-CUT, ressaltou a novidade deste Congresso: o debate de propostas da direção da Contraf-CUT nas federações e sindicatos de todo país, através dos pré-congressos. “Com as discussões enriquecemos muito o nosso texto inicial. Precisamos melhorar em alguns aspectos o processo, mas já ficou comprovado que este é o caminho. Foi uma construção coletiva importante para a democracia que demonstra unidade da categoria”.

‘Precisamos perseguir a unidade nacional’

Ildemar Casagrande, diretor do Sindicato do Espírito Santo, também parabenizou a direção da Contraf-CUT “por ter trabalhado pela unidade nacional, que é exemplo para outras categorias”. Segundo ele, “precisamos perseguir a unidade da categoria e de toda a classe trabalhadora para enfrentar os ataques contra os nossos direitos”. Casagrande também lembrou o aniversário do golpe militar de 1964 e fez homenagem aos que morreram e foram torturados durante a ditadura.

‘Sairemos daqui mais preparados’

O anfitrião Jessé Costa, presidente do Sindicato de Guarulhos, deus as boas vindas a todos e agradeceu a escolha da cidade para a realização do evento. “Tenho certeza de que será mais um encontro marcante na história dos trabalhadores não só de Guarulhos, mas de todo o Brasil. Vamos discutir grandes temas nacionais, como a reforma política, a regulamentação do sistema financeiro, que afetam a toda a população. Tenho certeza de que vamos sair mais preparados para defender os interesses dos trabalhadores”.

Fonte: Contraf-CUT

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.contrafcut.org.br

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