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Em diferentes cenários, a Central Única dos Trabalhadores demonstrou coerência e capacidade de mobilização e proposição

Não foi um ano favorável a cardíacos e recalcitrantes. Teve início com a manutenção do projeto nacionalista de soberania e fortalecimento do mercado interno. A geração de empregos formais bateu recordes. O discurso de retirada de direitos escondia-se num canto qualquer, envergonhado. No meio do caminho, uma eleição municipal que puniu exemplarmente partidos que criminalizam os movimentos sociais – embora ali, no centro, algumas agremiações partidárias permaneçam com posições dúbias.

Nos dois primeiros trimestres de 2008, crescimento econômico de fôlego – 6%. Crescimento este que premiou uma série de ações que a CUT e seus sindicatos filiados construíram, tais como campanhas salariais em que os ganhos reais ultrapassaram a barreira dos 80%; a bem-sucedida luta dos trabalhadores federais públicos, cuja maior parte consolidou não só reajustes consistentes, mas também a reestruturação das carreiras; o aumento do crédito produtivo, que teve entre seus instrumentos a formalização dos empregos e o conseqüente crédito consignado; a robusta valorização do salário mínimo, que em anos anteriores vinha sendo tratado como um mero entrave contábil; a preservação do sistema previdenciário e de assistência social, alvo de todos aqueles que acreditam que o mundo é composto da fórmula 2 + 2 = 5.

Porém, os ventos, por volta do quarto trimestre, começaram a mudar, em função do projeto neoliberal ainda em curso na maior parte do planeta, e que em nosso país reside no bastião do Banco Central (ora enganosamente glorificado pelos conservadores como aquele que impedirá que o Brasil sofra os efeitos da crise de maneira tão intensa quanto as mecas do capitalismo). A explicitação da crise financeira internacional foi precedida por uma forte alta de preços de mercadorias como petróleo e comida, setor em que os mega-especuladores tentaram se refugiar antes que papéis podres virassem pó.

Em função disso, os meses de outubro e novembro trouxeram ao mundo o temor de uma crise sem precedentes. Isso eriçou a euforia daqueles que, no Brasil, foram derrotados nas eleições. E expôs toda a incoerência de seus discursos. De um lado, os grandes empresários e as orcas do sistema financeiro clamavam, e ainda clamam, por ajuda oficial, na forma de “socorro” monetário ou isenções fiscais. De outro, os mesmos personagens pregam cortes de investimentos do governo federal (a que eles chamam, de forma pedante, de gastos de custeio) e, mais grave ainda, na visão dos trabalhadores e trabalhadoras, de corte ou suspensão “temporária” dos direitos trabalhistas.

Em todos esses momentos, a CUT não foi apenas coerente, mas também capaz de exercer sua influência, nascida da enorme base que têm – mais de 7 milhões de brasileiros voluntariamente filiados a seus sindicatos e outros 22 milhões na base, impactados diretamente pela ação sindical da CUT – , por sua incrível capacidade de formular propostas econômicas e políticas de inegável maturidade, e pela articulação com os diversos atores que compõem a sociedade brasileira. Com alguns deles, enfrentamento puro. Com outros, diálogo e pressão.

Assim, formulamos um dos mais consolidados documentos de nossa história, a Resolução da Executiva Nacional da CUT sobre a Crise Financeira, cujo título é “Os Trabalhadores e Trabalhadoras não Pagarão Pela Crise”. Tal resolução, em acordo com o objetivo de nossa 12ª Plenária Nacional, saiu do papel e foi para as ruas, em grandes mobilizações como a 5ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, e em diversas ações políticas para cobrar duramente do governo, do congresso nacional e do empresariado medidas que protejam a classe trabalhadora dos efeitos de uma crise financeira nascida da especulação, da cupidez e da falta de produção.

Na defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, uma de nossas mais recentes ações deu-se em 3 de dezembro, na 5ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora. Outras centrais sindicais estavam participando, porém mais uma vez fomos protagonistas.

Um dos aspectos mais importantes de nossa atuação frente à crise, que ora se apresenta como o cenário imediato de luta, é que a imensa maioria de nossas propostas, bandeiras e reivindicações, são as mesmas do período em que se acreditava na bonança financeira, econômica e social. A CUT sempre cobrou a adoção de instrumentos que orientassem a condução política e social do Brasil rumo ao desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho. Entre tais instrumentos, a garantia de contrapartidas sociais em todos os investimentos públicos em empreendimentos privados.

Algumas de nossas ações em 2008, abaixo descritas, podem servir de exemplo de nossa conduta política:

Fevereiro

– no dia 14, após muita pressão da CUT, governo federal envia ao congresso nacional o pedido de ratificação das Convenções 151 (direito à negociação no serviço público) e 158 (fim das demissões imotivadas) da OIT

– em todo o território nacional, tem início a coleta de assinaturas para aprovação do projeto de redução da jornada semanal de trabalho, das atuais 44 para 40, sem redução de salários

Março

– finalmente, as centrais sindicais são reconhecidas legalmente, após aprovação do projeto 1190/07. Simultaneamente, a CUT faz com que as outras centrais assinem acordo para o fim do imposto sindical e para a criação da contribuição negocial democrática, aprovada em assembléia. O projeto que acaba com o imposto e cria a contribuição já foi encaminhado à Casa Civil, após pressão da CUT sobre o Ministério do Trabalho durante as manifestações da 5ª Marcha da Classe Trabalhadora, em 3 de dezembro, Brasília.

– Dia Internacional da Mulher reúne milhares de manifestantes em todas as regiões do país, com inegável protagonismo da CUT

– Central lança o primeiro número de seu jornal nacional

Maio

– por iniciativa da CUT, o Ministério do Trabalho e Emprego e a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) formalizam convênio que garante qualificação profissional e emprego com carteira assinada para mais de 1,3 milhões de operários da construção civil, em todo o país. A maior parte dos operários recebia Bolsa-Família, e a requalificação tem por objetivo proporcionar um futuro mais independente

– Primeiro de Maio da CUT reúne milhões em todo o Brasil. Em São Paulo, a festa é em São Bernardo e no Autódromo de Interlagos.

– Contag e Fetraf participam do Acampamento da Reforma Agrária, em Brasília, e estabelecem o limite de propriedade da terra como bandeira de luta

– Ministério do Trabalho confirma, através de recadastramento sindical, que a CUT tem 42,5% de todos os sindicatos filiados a alguma central no Brasil

– no dia 28, mobilizações de rua e paralisações em todo o território marcam o Dia Nacional de Lutas pela Redução da Jornada sem Redução de Salários

– greve na Scania completa 30 anos

Junho

– CUT vence diversas eleições sindicais. Apeoesp é uma das mais simbólicas

– CMS e CUT realizam ato contra os juros altos, contra a especulação e por mais produção em frente à sede do Banco Central, em Brasília

– Central participa da 87ª Sessão Anual da OIT

Agosto

– Central Única dos Trabalhadores completa 25 anos de lutas e conquistas

– Realizada a 12ª Plenária Nacional da CUT, coroada pela Assembléia Popular da Classe Trabalhadora no dia 8, em São Bernardo do Campo

Setembro

– Realizado o Seminário Nacional Energia, Desenvolvimento e Soberania, que reafirmou a posição da CUT pelo fim dos leilões do petróleo, criação de um novo marco regulatório e soberania nacional absoluta sobre as reservas da camada pré-sal

– fundado, em São Paulo, o Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Federal

– realizadas, em várias partes do país, mobilizações de rua para apoiar o cumprimento do Piso Nacional do Magistério

Outubro

– bancários são a primeira categoria nacional a fazer greve em meio ao alarmismo da crise financeira internacional. Após 15 dias de mobilização, conquistam reajuste real e não têm desconto dos dias parados

– Jornada Mundial pelo Trabalho Decente: em São Paulo, centrais fazem mobilização no Centro e unem-se a protestos em vários países

– Ato pela Democratização dos Meios de Comunicação e pela Conferência Nacional de Comunicação

Novembro

– no dia 4, CUT, bancários e metalúrgicos fazem ato pela liberação do crédito na Paulista, centro financeiro de São Paulo

– no dia 20, 5ª Marcha da Consciência Negra

Dezembro

– no dia 3 e até o dia 5, CUT mobiliza pela Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, em Brasília

– Conferência Nacional de Finanças debate o fim do imposto sindical e as formas para a CUT organizar democraticamente seu orçamento

– Cúpula Sindical, em Salvador (BA)

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cut.org.br.

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