Carlos Antonio de Britto. Este nome está impedindo a posse de seis novos vice-presidentes na Caixa Econômica Federal. Por ordem expressa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, as nomeações, que deveriam ter sido publicadas no Diário Oficial da União da última quinta-feira, foram todas suspensas. Não há prazo determinado para que aconteçam. Britto está sob investigação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) desde a antevéspera da Operação Aquarela — com a qual a Polícia Civil e o Ministério Público do DF desmontaram um esquema de desvio de dinheiro no Banco de Brasília (BRB).
A caminho de um cargo criado especialmente para recebê-lo — a vice-presidência de Pessoas Jurídicas —, Britto foi indicado para a cúpula da Caixa pelo senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). Como a Operação Aquarela queimou o padrinho, acabou chamuscando o afilhado. Mantega quer saber se o indicado tem algum envolvimento com as fraudes apuradas pela polícia brasiliense. Pretende entregar o cargo a ele só depois que tiver certeza de que é totalmente inocente.
Carlos Britto tem intimidade com o BRB. Foi diretor do banco por oito anos, durante as duas administrações de Roriz a frente do Governo do Distrito Federal. Era dos mais próximos auxiliares do presidente Tarcísio Franklim de Moura, o executivo surpreendido no dia 14 de março, em conversa telefônica com Roriz. Nela, os dois tratavam da divisão do dinheiro proveniente do desconto de um cheque do Banco do Brasil no valor de R$ 2,2 milhões, emitido pela Agrícola Xingu em favor do empresário Constantino de Oliveira.
Registros
No relatório preliminar sobre Carlos Britto produzido pelos arapongas da Abin, consta em nome dele a posse da Fazenda Poção, no município de Padre Bernardo (GO), uma frota de quatro carros de passeio e participação na empresa Irmãos Alves e Cia. Ltda. — uma firma de Jundiaí, interior de São Paulo, que atende pelo nome fantasia de Laticínios Malibu. Curiosamente, o nome do vice-presidente indicado da Caixa não aparece nos registros da Malibu na Junta Comercial de São Paulo, obtidos pelo Correio.
A vice-presidência de Pessoas Jurídicas foi criada no bojo da reestruturação da Caixa para acomodar outras indicações políticas que também são vistas com ressalvas dentro da instituição e na Fazenda. São elas: Carlos Gomes Sampaio de Freitas, ligado ao PT de Minas Gerais; Moreira Franco (que deve ficar com a vice-presidência de Transferência de Benefícios, ou seja, cuidará de todos os repasses sociais do governo), do PMDB do Rio de Janeiro; e Sério Pinheiro Rodrigues, secretário de Turismo de São Luís, ligado ao governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), investigado pela Polícia Federal durante a Operação Navalha. A Caixa tem 11 vice-presidências. Delas, seis serão preenchidas dentro das negociações do governo para adoçar a boca da base aliada. A reportagem do Correio tentou contatar Carlos Antonio de Britto em dois telefones fixos e num celular registrados em nome dele. Ninguém atendeu aos chamados.
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