O Citibank tem 71 agências no Brasil e seria vendido por R$ 8 bilhões
Estão adiantadas as negociações entre o Itaú e o Citibank no sentido de que o banco brasileiro adquira as operações de varejo da instituição norte-americana no país.
O valor da transação é estimado em R$ 8 bilhões. Além das 71 agências que o Citibank tem no Brasil, estão em jogo uma clientela de alto poder aquisitivo, o que também atraiu o interesse do Santander de entrar na disputa.
O grupo espanhol teria desistido da compra devido às dificuldades operacionais para transferir a clientela e, também, pela queda no valor de suas ações após ter anunciado a aquisição das operações do Citibank na Argentina.
Segundo dizem os analistas, o Itaú tem um perfil de clientela parecido com o do Citi em sua área de varejo de alta renda, o Personnalité. Na Argentina, o Itaú já tem uma filial, abandonada nos últimos anos por conta das dificuldades do país e, na Colômbia, o banco brasileiro já está presente por meio da aquisição do CorpBanca, que atua também no varejo do Chile. A filial da Colômbia teria sido negociada com o Scotiabank, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. Já o Santander teria saído do mercado colombiano em2011, vendendo sua operação justamente para o CorpBanca, o que tornaria sem muito sentido comprar novamente uma operação lá.
Proximidade
Desde o começo do processo de venda o Citibank demonstrou interesse maior de que o comprador fosse o Itaú por ter uma proximidade maior de operação e pelo apetite por comprar Brasil, Argentina e Colômbia. O interesse primordial seria vender as operações nos três países, e não fatiado. O Itaú também já tinha comprado a área de cartões de crédito do Citibank.
Os dois concorrentes fortes desde o começo eram Itaú e Santander, este último até com mais apetite. Itaú já é o maior banco privado, o Bradesco está incorporando o recém-comprado HSBC e o J. Safra é um banco de nicho, sem experiência em aquisições. ”Mas a adaptação do cliente ao Itaú seria melhor que ao Santander”, diz um executivo, que pediu para não ter seu nome citado. “Até porque o modelo do Personnalité sempre foi o Citigold.”
Esse executivo lembra ainda que a variável principal do negócio é retenção de clientes. “É o que vale na hora de definir o preço”, diz. E há também o interesse do Citibank em vender tudo. “Para o Safra, não valeria por exemplo pagar mais por Argentina e Colômbia se o interesse é Brasil.”
Outro fator que beneficia o Itaú é que cliente que sai do Citibank tende a ir para o banco brasileiro, por seu tamanho e modelo parecido. E grande parte dos clientes Citigold tem conta também no Itaú. “O Itaú ganha com demora no processo, pois o cliente se cansa e vai para onde já tem conta”, diz esse executivo.
Mercado mais concentrado
Com a operação, o mercado bancário brasileiro se concentrará um pouco mais, apesar de o Citibank ser relativamente pequeno no varejo. “No fim, o Brasil é um país com cinco bancos, sendo dois públicos”, diz o executivo.
O Citibank continuará no Brasil ainda com as operações de atacado, com grandes empresas, corretora e private banking.
Procurada para confirmar as informações, a assessoria do Citibank informou que “o Citi não comenta”.