Nova fase da operação Zelotes mira BankBoston e PF faz buscas no Itaú.
Do UOL, em São Paulo 01/12/2016 08h14.
A Polícia Federal realiza na manhã desta quinta-feira (1º) a oitava fase da operação Zelotes, com buscas em prédios do banco Itaú Unibanco. As buscas estão relacionadas a processos do BankBoston, comprado pelo Itaú em 2006.
De acordo com a PF, a nova etapa da operação aponta a existência, entre os anos de 2006 e 2015, de “conluio entre um conselheiro do Carf e uma instituição financeira. O esquema criminoso envolvia escritórios de advocacia e empresas de consultoria”.
A PF não informa qual é a instituição financeira. Mas, procurado pelo UOL, o Itaú confirmou o cumprimento de mandados nas dependências do banco com o objetivo de apreender documentos relativos a processos tributários do BankBoston.
O maior banco privado do país disse que os processos investigados pela Zelotes no BankBoston não foram incluídos na compra do banco pelo Itaú e, portanto, o banco não está envolvido no caso. “O Itaú não tem qualquer ingerência em tal condução, inclusive no que se refere a eventual contratação de escritórios ou consultores”, disse.
‘Conluio’
A PF diz que o “conluio entre um conselheiro do Carf e uma instituição financeira resultou na manipulação de processos administrativos fiscais em ao menos três ocasiões.
Cerca de 100 policiais federais cumprem 34 mandados judiciais, sendo 21 de busca e apreensão e 13 de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para depor) nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
Os alvos são investigados por corrupção ativa, corrupção passiva, advocacia administrativa tributária e lavagem de dinheiro.
Outro lado
Em nota, o Itaú disse que quando comprou o BankBoston do Bank of America, em 2006, o contrato de aquisição não abrangeu a transferência dos processos tributários do BankBoston.
“Esses processos continuaram de inteira responsabilidade do Bank of America. O Bank of America é, assim, o único responsável pela condução desses processos.”
O banco afirma, ainda, que não tem nenhuma relação com a contratação dos escritórios de advocacia e das empresas de consultoria que fazem parte da investigação da Zelotes, e que está à disposição das autoridades.
A operação Zelotes
A Zelotes começou em março de 2015 com o objetivo de desarticular organizações criminosas que atuavam junto ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), causando prejuízo aos cofres públicos com a manipulação de julgamentos no órgão que é responsável por julgar recursos contra decisões da Receita Federal.
Posteriormente, a operação também passou a investigar suposto pagamento de propina para a edição de medidas provisórias.
A operação já levou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, a virar réu em uma ação que tramita na Justiça Federal do Distrito Federal.