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Mulheres cutistas reafirmam luta por igualdade de gênero na data que marca Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha

FETEC-CUT-PR acompanha atividades formativas sobre gênero, raça e classe e acolhe mulheres trabalhadoras de sindicatos cutistas de todo o pais que estão em Curitiba

Foto: Joka Madruga/Agência PT

Uma caravana organizada pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-SP foi recepcionada na Vigília Lula Livre, em Curitiba, na manhã desta quarta-feira, 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, como parte da jornada de lutas pela democracia e pelos direitos.

Com foco na luta pela igualdade, mulheres trabalhadoras das mais diversas categorias organizadas em sindicatos cutistas, como químicas, motoristas, sapateiras, servidoras públicas, professoras, assistentes sociais, agentes comunitárias, participam das atividades da Vigília Lula Livre até quinta, com programação em homenagem à líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de resistência da época do Brasil escravista.

As mulheres bancárias estão representadas pelas dirigentes Ana Marta Lima, do Sindicato de São Paulo, e de Elaine Gonçalves, da Secretaria da Mulher da Contraf-CUT. As diretoras da Secretaria Geral da FETEC/PR, Daniele Bittencourt, e da secretaria de Políticas Sociais, Marisa Stedile, acompanham a programação com uma tenda de apoio da entidade no terreno da vigília.

De acordo com a secretária das mulheres da CUT Paraná, Anacélie Azevedo, é importante que todos e todas estejam envolvidos de forma solidária na luta das mulheres negras para que mudanças estruturais no combate ao racismo sejam possível na sociedade.

 

Protagonismo das mulheres negras

Foto: Joka Madruga/Agência PT

A organização da Vigília Lula Livre tem promovido diariamente atividades de formação, com rodas de conversa, exibição de filmes, atividades culturais com os militantes das caravanas e, especialmente nesta semana, para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, as mulheres negras são protagonistas dos debates da programação dos dias 25 e 26 de julho.

Na manhã desta quarta-feira (25), a ativista Juliana Mittelbach, da Rede de Mulheres Negras e da Marcha Mundial das Mulheres, também diretora da CUT Paraná, esteve ao lado de Adriana Oliveira, da coordenação estadual do MST Paraná e da bancária Ana Marta Lima, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, para falar sobre o histórico da luta antirracista, do recorte com as mulheres do campo e sobre a situação das mulheres negras na categoria bancária.

Juliana contou a história de Tereza de Benguela, mulher negra que liderou seu quilombo, símbolo de resistência invisibilizada pela história oficialmente contada. Ela também situou a realização das atividades deste dia de luta, 25 de julho, no ambiente da Vigília em defesa do ex-presidente Lula, para deixar registrado o reconhecimento aso avanços que o governo popular e progressista que Dilma e Lula tiveram para a pauta das mulheres negras, como as cotas e o engrandecimento social.

Adriana Oliveira, do MST, explicou como a questão de gênero tem sido trabalhada nos acampamentos do movimento sem terra, especialmente nos últimos anos, para que o debate de gênero tenha reflexo na opção dos espaços políticos da organização, ainda que as mulheres sem terra historicamente tenham sido desprestigiadas no acesso à cultura, por exemplo, por acumularem jornadas triplas da criação dos filhos, responsabilidades domésticas e também como “apoio” na roça aos companheiros e maridos, que podem chegar em casa no fim do dia de dedicarem períodos de lazer ao aprendizado com instrumentos musicais, por exemplo, enquanto a mulher tem naturalizada a responsabilidade com afazeres. Adriana explica que essas mudanças estruturais e de ocupação de espaço estão aos poucos sendo modificados e que, no Paraná, o MST já tem sua coordenação ocupada 50% por homens e 50% por mulheres.

A bancária Ana Marta Lima, dirigente do Sindicato de São Paulo, iniciou sua fala citando dados sobre a categoria bancária, que possui 21% de trabalhadores negros e apenas 8% de mulheres negras.

Ana Marta exemplificou que o trabalhador negro é o primeiro a ser demitido e o último a ser escolhido, que não basta ter formação equivalente, que o não-negro será sempre escolhido. Ela reforçou que ampliar a contratação de homens e mulheres negras é bom para a sociedade como um todo. As pessoas negras estão saindo das periferias, saindo do trabalho doméstico, ocupando as universidades e os empregos com visibilidade e destaque e que isso é empoderamento. Ela situou que a reforma trabalhista teve como consequência imediata o aumento da informalidade entre mulheres negras, muitas vezes chefes de família. “Nós sentimos na pele, queremos saúde e educação para o futuro dos nossos filhos, o preconceito e o racismo imperam”, referindo-se à conjuntura no Brasil.

Ana Marta citou que o Sindicato dos Bancários de São Paulo é presidido por uma mulher negra, Ivone Silva, pela primeira vez, e encerrou sua fala reforçando a importância da conscientização da necessidade de eleger pessoas comprometidas com essas causas.

Foto: Joka Madruga/Agência PT

Senadora francesa na Vigília Lula Livre

Foto: Joka Madruga/Agência PT

A senadora francesa Laurence Cohen, do Partido Comunista, esteve na Vigília nesta quarta-feira, 110º dia de resistência à prisão política de Lula. Em declaração durante a roda de conversa, ela disse estar estarrecida por ser impedida de visitar o ex-presidente, declarando que líderes políticos internacionais estão sendo impedidos de visita-lo na prisão. Laurence declarou também que atua pelas lutas feministas na França, em busca da igualdade, e que denunciou o golpe sofrido pela presidenta eleita Dilma Rousseff em tribunais internacionais. A senadora destacou a importância de espaços de formação e troca de experiências como o ocorrido na roda de conversa entre movimentos sindicais, partidos e movimentos sociais. “Tem que ter luta, direitos não são dados, são conquistados”.

25 de julho – Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha

A data começou a ser celebrada oficialmente em 1992, em Santo Domingo, com a ideia que as mulheres discutissem gênero, raça e classe empoderadas e entrou no calendário de lutas brasileiro a partir de 2014, quando a presidenta eleita Dilma Rousseff instituiu a data em homenagem a Tereza de Benguela.

Por Paula Zarth Padilha

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