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O futuro da luta é agora

Secretária nacional da Mulher da CUT diz que novo quadro politico faz com que o objetivo seja a sobrevivência dos direitos sociais

Ao discutir qual é o futuro que as mulheres imaginam, a secretária nacional de mulheres da CUT, Juneia Batista, afirmou que o objetivo deve ser lutar agora. A análise foi na última mesa de debates realizada na tarde deste sábado (25) durante o Seminário de 30 anos de Políticas para Mulheres da CUT Paraná com a participação de aproximadamente 150 pessoas.“Quando entrei na CUT em 2009 tínhamos outro cenário, um outro tipo de mundo e poderíamos ter outro tipo de sonhos. Não precisamos, por exemplo, nos preocupar com a reforma da previdência. Qual é o futuro das mulheres da classe trabalhadora para o ano que vem? Nosso futuro é hoje. Precisamos de plenária direta com os sindicatos, com mais mulheres influenciando, indo para as bases”, afirmou Junéia.

Nos espaços de poder da própria Central, além de reforçar a importância de ocupar cargos mais relevantes na executiva, Juneia disse que é preciso que as mulheres representem a si mesmas. “Queremos estar nas mesas de negociação. A mulher tem uma diferença brutal, sem querer desmerecer os companheiros dirigentes sindicais, mas nós mulheres tem outra pauta, outra agenda”, completou.

A secretária da mulher da CUT Paraná, Anacélie Azevedo, também reforçou a importância de uma atuação mais próxima da juventude. “A atual geração tem maior dificuldade de construir um pensamento coletivo. É preciso renovação dos quadro sindicais para que as e os jovens sintam-se representadas”, analisou.
Outro aspecto que foi reforçado pela dirigente é a ampliação do trabalho de base. “É preciso dar visibilidade para as mulheres nestes espaços, no trabalho de base, nas plenárias e congressos dos sindicatos. Precisamos romper o medo, a insegurança e parar de achar que sabemos menos porque isso está totalmente incrustado em nossa sociedade e nos influencia no dia-a-dia”, enfatizou.

Para ela, estas projeções também fazem parte de um projeto político. Mas para isso é preciso intensificar cada vez mais as ações sindicais. “Precisamos de trabalho, trabalho duro como fizeram na década de 80 quando o objetivo era retornar à democracia. Esse processo só foi efetivado em 2002 quando vencemos o governo neoliberal que retorna agora. Temos que nos esforçar para aumentar o diálogo com a base e com a sociedade”, sintetizou.

Durante a mesa foi constituída uma carta concentrando os debates realizados e as ideias que as mulheres construíram para enfrentarmos esse momento de crise política e social. (Veja a carta ao fim da matéria).

Ao longo do seminário outras atividades foram realizadas, como clube de troca e apresentação de projetos voltados à luta das mulheres. Um deles é o clube de leitura feminista. Serão oito encontros começando em abril e terminando em novembro. Serão selecionados textos contextualizados com outras obras sempre na última sexta-feira do mês das 18h30 às 20h30.

O público alvo preferencial são mulheres sindicalistas da CUT e dos movimentos sociais e populares, embora homens também possam participar. Para ingressar não custa nada, basta adquirir as obras indicadas. Mais informações podem ser obtidas com a secretaria da mulher da CUT Paraná. O projeto tem parceria com Núcleo de Estudos de Gêneros da PUC e terá certificação para participantes com presença superior a 75%.

Ao final do encontro também foi apresentado o projeto de produção literária de mulheres da Central, chamado “Mulheres, prosas, poesias, luta e rebeldia” que pretende trabalhar desenvolvimento das mulheres para produção poética durante o ano para o lançamento de um livro em 2018. Para isso serão realizados três encontros de formação na área de leitura e produção. Eles acontecerão em maio e junho. Mais informações pelo e-mail formacao@cutpr.org.br.

Homenagem – Durante o seminário as mulheres CUTistas também realizaram uma homenagem à D. Marisa Letícia, companheira do ex-presidente Lula que faleceu neste ano.

O seminário fechou com uma linda oficina de Customização da Frida, onde as mulheres enfeitaram a Frida serigrafada em suas bolsas que foi um dos brindes do evento. Um momento de diálogo e desconcentração com propósito desenvolvimento da criatividade e de defesa da economia solidária.

Veja mais imagens do seminário clicando aqui.

Veja a carta abaixo:

 

CARTA DOS ENCAMINHAMENTOS FINAIS DO SEMINÁRIO 30 ANOS DE POLITICAS PARA MULHERES DO ESTADO DO PARANÁ

Ousar Avançar, realidade e desafios da organização sindical feminista

Nos dias 24 e 25 de março de 2017 as mulheres do Paraná analisaram que aos trinta anos de políticas para mulheres na Central Única dos Trabalhadores, as trabalhadoras têm que comemorar os avanços representados na ampliação da nossa participação nos espaços de debate e de construção da nossa central. Uma importante e significativa conquista é a garantia da paridade nas direções das instâncias estadual e nacional.

Esta política tem reflexos também no interior das entidades filiadas. Nossos sindicatos, nos diferentes ramos de atividade, são estimulados ao debate e a construção de mecanismos que garantam a participação das mulheres nos espaços de direção e de decisão, bem como a construção da luta cotidiana da classe trabalhadora.

Desconstruir o machismo, o patriarcado e superar a cultura de relações de poder entre homens e mulheres, que naturalizam o papel da mulher como cuidadora do lar, enquanto ao homem está assegurado o espaço público, de poder e de decisão.  É uma luta permanente das mulheres e é também uma realidade no interior do movimento sindical.

Comemorar o que foi conquistado, sem negar e sem acomodar-se diante dos muitos desafios que ainda devemos enfrentar para avançar, para que no conjunto da luta das entidades sindicais e das lutas gerais da classe trabalhadora, seja feito o necessário recorte de gênero, com vistas a identificar e construir alternativas que nos permita chegar a uma efetiva e reconhecida participação das mulheres, em igualdade de condições. Que o movimento sindical seja capaz de identificar que o processo histórico machista criou condições de participação aos homens, mas sem possibilitar que as mulheres tivessem as mesmas oportunidades.

Em muitos sindicatos são os homens que participam das atividades, enquanto as mulheres estão em casa cuidando dos filhos, no trato com educação, saúde, além dos afazeres domésticos de cuidados do dia-a-dia da casa. A política de cotas, que chegou à paridade, foi uma afirmação necessária para mudar essa realidade. Ainda é um grande desafio assegurar que as vagas sejam efetivamente ocupadas, com criação de condições práticas para a participação, formação e intervenção na construção da luta.

Para além disso, reafirmamos que é necessário construir as formas de participação da mulher jovem, negra, indígena, LGBT e do todos os segmentos para que o movimento sindical seja efetivamente representativo da diversidade da classe trabalhadora.

A efetiva participação das mulheres nos espaços de debate, de elaboração e de condução da luta é fundamental para fortalecer a organização da classe trabalhadora para enfrentar a conjuntura política e econômica atual, de verdadeiros ataques e retrocessos nos direitos trabalhistas e sociais, conquistados por meio de muita luta.

Para enfrentar as reformas e o fortalecimento do capital, o avanço do conservadorismo e do fundamentalismo que busca acima de tudo, recriar um sociedade de controle sobre as mulheres e sobre a classe trabalhadora, é essencial o empoderamento das mulheres como sujeitas construtivas da história e da organização da classe trabalhadora.

O momento é desafiador e nós, mulheres CUTistas, estamos na luta, no enfrentamento necessário ao capital e ao machismo. Mulheres educadoras, bancárias, petroleiras, trabalhadoras rurais, vigilantes, servidoras publicas estaduais e municipais, sociólogas e economistas, enfim, de todas as categorias estamos nestes espaços porque queremos melhores condições de vida, não apenas nossas, mas de toda a sociedade brasileira.

Tendo em vista a necessidade de um sindicalismo forte, diante das mais duras propostas de reformas trabalhista, que propõe na verdade uma alteração total da postura do Estado brasileiro com relação à proteção social e ao estado de bem estar social. Além de construir uma estratégia de enfrentamento a segurar essas propostas conservadoras, e inclusive após quatro centrais se posicionarem dispostas a flexibilizar a negociação sobre as mudanças na legislação trabalhista, mais do que nunca a CUT deve retomar a defesa do Fim do Imposto Sindical.

Ainda no campo da pressão sobre as construções políticas, deliberamos sobre a necessidade de atuação nos Conselhos Municipais, Estaduais e Municipais de construção e controle de Políticas Públicas, inclusive apontamos a necessidade de ampliar as formações para conselheiras e conselheiros CUTistas.

No último dia 22 de março, enquanto a mídia distraia a população com a polêmica da “Operação Carne Fraca”, que aponta mais uma vez as péssimas condições de alimentação que nós brasileiras, foi aprovado no Congresso Nacional o PL 4302. A CUT passou anos realizando o enfrentamento ao PL 4330, em que mesmo a base de muita repressão, conquistamos vitórias em sequência ao manter o projeto fora de votação. Mas, então, fomos atropelados por esta ação criminosa com aprovação desta lei.

Este novo PL colocará em risco toda nossa organização sindical e os direitos das trabalhadoras e trabalhadores. As mulheres presentes neste seminário avaliam ser absolutamente necessário buscar alternativa de alterar essa nova condição, uma delas seria caminhar para fortalecimento da representação CUTista dos terceirizados.

Sobre a reforma da previdência as mulheres avaliam que por ser um dos maiores ataques aos direitos da classe trabalhadora, em especial aos diretos das mulheres, esta é uma oportunidade única de diálogo com a sociedade sobre o conceito de Estado protetor, que garante os direitos da Constituição Federal de 88 e um Brasil sem desigualdades. É nossa maior oportunidade de mobilização!

Neste sentido as tarefas serão grandes, devemos criar comitês de defesa da aposentadoria em todos os sindicatos e trabalhar muito o tema em nossas bases. Mais:  precisamos ir às ruas! Retornar aos tempos das banquinhas fixas nas grandes praças de ônibus e maior pontos de circulações das cidades para panfletar e dialogar com a população sobre o tema. Tarefa para todas e todos!

Um dos grandes desafios é a participação políticas das mulheres, o Brasil continua sendo um dos países de menor representação feminina nos cargos de poder federal, estadual e municipal. Para mudar essa realidade precisamos alterar a cultura que política não é lugar de mulher e empoderá-las para ocuparem estes espaços. Precisamos apoiar as campanhas femininas. Afinal, somos tão boas de limpeza que devemos usar esta habilidade para limpar essa política suja. Mulheres vamos ocupar os espaço que nos pertencem!

Dentro na nossa organização cutista na construção do fortalecimento das mulheres um dos encaminhamentos é a discussão sobre a presença das mulheres nos cargos qualificados, presidências, tesourarias e secretarias gerias, quem sabe até com alternância. Precisamos intensificar a formação sindical para as mulheres, para que se sintam cada vez mais fortalecidas para luta e principalmente precisamos ampliar o debate racial em nossa central.

Os dias 8 e 15 de março foram exemplos que as mulheres brasileiras estão atentas a conjuntura e disposta a realizar a luta pela garantia dos direitos da classe trabalhadora! Que esses dias de luta nos dê o gás necessário para os próximos passos dessa batalha.

Avante mulheres da CUT!

Escrito por: CUT Paraná

Noticia colhida no sitio: http://www.cut.org.br/noticias/trabalhadoras-conquistaram-espacos-nos-sindicatos-e-centrais-sindicais-mas-a-lut-4365/

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