Artigo do presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten
14/02/2017
A partir disso, qualquer motivo serviria. Tudo o que encontraram objetivamente contra a presidenta foram as “pedaladas fiscais”, ainda que a sociedade brasileira pouco soubesse o que significava isso. Na verdade, estas manobras fiscais eram irregularidades menores e corriqueiras em todos os governos anteriores. Sob a batuta de presidentes de Câmara e Senado golpistas, as pedaladas se transformaram em um crime suficiente para afastar uma presidenta legitimamente eleita pelo povo. E o golpe aconteceu sob o olhar constrangido e complacente do Supremo Tribunal Federal.
A elite capitalista está no poder. Não quer mais apenas influir nos governos. Quer governar direto com seus homens de confiança.
A narrativa de que havia uma corrupção a ser combatida no Estado praticada por partidos que estavam no poder foi milimetricamente construída pelos meios de comunicação do Partido da Imprensa Golpista. Esta mídia, ideologicamente comprometida com a direita brasileira, estava ávida por abocanhar maiores verbas publicitárias de governo e mamar nas contas das empresas estatais. Uma parte ingênua do povo foi manipulada por eles. A mídia golpista vitaminou manifestações populares de jovens que pediam mais governo e as transformou em manifestações difusas contra o governo. Uma massa impressionante da classe média insatisfeita com o arranjo da crescente ascensão das classes mais vulneráveis foi às ruas protestar contra a redução dos seus privilégios, vestida de verde e amarelo. Queriam furiosamente o seu País de volta e tiveram.
No meio desta massa, cães raivosos fascistas e vinculados a sentimentos religiosos fundamentalistas mostraram as suas faixas pedindo o retorno do Estado forte e repressor. Ditatorial. Conseguiram…
Depois de efetivado o golpe, o pagamento da fatura foi cobrado pelos patrocinadores e as reformas estruturais entraram rapidamente na pauta do Congresso, dentre elas a reforma da Previdência Social. O empresariado já tinha dito no seu pato de borracha amarelo: “não vamos pagar a conta!”. E a conta está sendo apresentada para o trabalhador brasileiro.
A resistência dos bancários
O anúncio de reforma da Previdência Social repercutiu muito fundo no meio dos trabalhadores do sistema financeiro. Este segmento sempre valorizou muito a luta por segurança e tranquilidade na velhice. Esta luta sempre fez parte da nossa história, desde os economiários, antiga denominação dos empregados da Caixa Econômica Federal, que iniciaram sua luta por seguridade e pagamento de pensões em 1890, passando pela defesa de seus fundos de pensão, que também seguem ameaçados na atual conjuntura, com tentativas de diminuir a participação e poder de decisão dos trabalhadores.
Os bancários são uma categoria que vem tendo seu tamanho reduzido pelas transformações organizacionais e tecnológicas que os bancos estão realizando. Nesta conjuntura, o tempo de permanência no emprego vem baixando sensivelmente, resultando numa categoria cada vez mais jovem e sem perspectivas de aposentadoria num único emprego no sistema financeiro.
Nesta perspectiva a nossa Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro – Contraf CUT – tem somado esforços com a Central Única dos Trabalhadores na tarefa de denunciar à população todas as medidas de desmonte da Previdência Social e organizar os trabalhadores para derrotar a retirada de direitos. O governo golpista, com o apoio da mídia manipuladora e tendenciosa, vêm se utilizando da propaganda para fazer uma verdadeira lavagem cerebral, tentando convencer a população da necessidade das reformas, usando como argumento a mentira deslavada do déficit da previdência e a inevitabilidade de falência do sistema, caso a mesma não seja aprovada.
A Confederação dos Bancários acredita ser preciso articular os sindicatos, as classes populares, os movimentos sociais, os partidos de esquerda e a juventude para barrar esta e outras reformas nocivas aos trabalhadores.
Temos liderado ações de resistência, mobilizando as bases de nossos sindicatos e federações em conjunto com os sindicatos da CUT, os movimentos sociais parceiros e setores democráticos da sociedade, contra as reformas e retiradas de direitos promovidos pelo governo ilegítimo de Temer.
Ação concreta é nossa Campanha Nacional contra a Reforma da Previdência Social, com produção de vídeo, veiculado no site da Confederação e nas redes sociais. Material gráfico de apoio no site, que dialoga com a categoria bancária e a população, para ser reproduzido pelos nossos sindicatos filiados e estimulo à criação de comitês antirreforma da Previdência Social nos sindicatos para levar esta discussão ao local de trabalho, aos bairros e comunidades onde moram os trabalhadores/as, mobilizando-os para a luta.
Outra ação que a Contraf-CUT começou a trabalhar junto com seus sindicatos é a elaboração da Campanha Nacional em Defesa dos Bancos Públicos, que também contará com a produção de vídeo de propaganda contra o sucateamento dos bancos públicos, material gráfico e digital e a criação de comitês em defesa dos bancos públicos nas entidades sindicais filiadas à Confederação.
Nos preparamos para o nosso Congresso Extraordinário em março, com a construção um plano de lutas de resistência, fundamental neste momento de caos, instabilidade política, social, econômica e de ataques à classe trabalhadora.
Definir ações para articular a juventude bancária, o combate ao racismo, a mulher trabalhadora, para proteger a saúde do trabalhador, para articular a comunicação, a formação sindical, o jurídico da Confederação, a política sindical, a política social, as finanças, as informações socioeconômicas, as relações de trabalho, a organização do ramo e as relações internacionais da Contraf-CUT.
Construir um plano de lutas estratégicas capaz de colocar todo o esforço dos sindicatos na defesa dos pressupostos históricos de nosso projeto de sindicalismo que se construiu em defesa dos interesses históricos e imediatos da classe trabalhadora.
Contra a Reforma da Previdência!
Em defesa dos Bancos Públicos!
Roberto Antonio von der Osten, Presidente Contraf-CUT
Notícia colhida no sitio:http://www.contrafcut.org.br/noticias/o-golpe-de-2016-a-reforma-da-previdencia-social-e-os-trabalhadores-do-ramo-finan-4209