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O WhatsApp e o conflito nação-redes sociais

03/05/2016 às 16:16

Escrito por: Luis Nassif
Fonte: GGN

É antipático, eu sei. Mas a sanção aplicada no WhatsApp por um juiz do interior de Sergipe é significativa de um embate muito maior que será cada vez mais presente: o poder globalizado das redes sociais versus o poder nacional.
Não se trata de tema menor, mas fundamental na atual quadra da globalização. Em muitos casos, as redes sociais exercem um papel virtuoso, abrindo espaço para as demandas sociais e para a pluralidade de opiniões. Mas sua colocação como poder supranacional é perigosa. Tratam-se de grupos privados, com interesses comerciais e com lógica de empresa privada similar, mas muito maior, do que os grupos de mídia.
Essas redes têm o controle do mais importante ativo nacional: o mercado de opiniões. Através de simples expedientes técnicos – como o de definir as formas como as notícias entram nas pesquisas -, pode direcionar as opiniões para onde quiser. Tem poder total de veto sobre as opiniões de seus usuários. Subordinam-se unicamente aos seus países de origem, sendo instrumentos óbvios de parceria das estratégias geopolíticas nacionais.
É muito poder, para viver em um mundo sem regulação.
Por outro lado, as redes sociais, no estágio  atual, representam a liberdade de expressão para muitos países submetidos a ditaduras de Estado ou de cartel de mídia.
Chegará o tempo em que as organizações multilaterais definirão regras de conduta para esses grandes grupos. A atitude do juiz Marcel Montalvão antecipa o primado do poder nacional sobre essas organizações, em um caso que envolvia tráfico interestadual de drogas.
O problema é  se o precedente for utilizado para tentativas de Estado de atacar a liberdade de expressão.
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