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Por 12:34 Sem categoria

Sem avanços com a Fenaban, categoria precisa reforçar mobilização

Banqueiros dizem que vão apresentar proposta global para a categoria no dia 29

Na terceira rodada de negociações com o Comando Nacional dos Bancários, nesta quarta-feira (24), em São Paulo, a Fenaban não apresentou nenhum avanço nas reivindicações, pelo contrário, afirmou que são os melhores empregadores, que a categoria tem os salários mais altos do país em relação a outros setores, que a inflação vai baixar, que os bancos não são o setor que mais lucra e que a rotatividade dos funcionários é baixa. A diferença salarial entre mulheres e homens foi justificada como uma condição que acontece no mundo todo.  A próxima rodada já está marcada para 29 de agosto, data em que Fenaban se comprometeu a trazer uma resposta global para a categoria.

Júnior César Dias, presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Estado do Paraná – FETEC-CUT-PR, destaca que os sindicatos devem reforçar a mobilização da categoria, intensificando as visitas, informando o andamento das negociações e zelando pela distribuição dos informativos. “Já sabíamos que neste ano nossa luta seria árdua, diante da conjuntura política que estamos enfrentando, mas temos uma história de conquistas que deve nos fortalecer ainda mais para resistir e avançar nesta campanha salarial de 2016”, disse.

A ameaça de demissões marcou o tom do discurso quando o assunto foi reajuste salarial. Os bancos avaliaram que o reajuste precisa ser analisado com muito cuidado, para que consigam garantir emprego, e ainda jogaram com a expectativa de inflação mais baixa para tentar justificar a falta de disposição em valorizar os funcionários e atender às reivindicações.

Entre 2003 e 2016, por exemplo, os lucros cresceram mais de 150%, enquanto a remuneração média dos bancários cresceu só 14,9%, abaixo do crescimento do ganho real acima da inflação, que foi cerca de 16%.

Em relação à desigualdade salarial entre homens e mulheres disseram que a situação já melhorou muito se comparada a oitenta anos atrás.  “Nós trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro continuamos aguardando uma explicação do porquê o salário das mulheres ainda é 30% menor, em média, em comparação ao salário dos homens. Sem contar a dificuldade que as mulheres têm de serem promovidas a cargos de chefia e têm de conviver com a inexplicável diferença salarial. Quanto mais alta a posição, menos a mulher ganha em relação ao homem”, relatou Dias.

Os eixos centrais da campanha são: reposição da inflação do período mais 5% de aumento real, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate às metas abusivas, ao assédio moral e sexual, fim da terceirização. Além da defesa das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo interino de Michel Temer.

Jaílton Garcia / Contraf-Cut

Aumento real

Os bancários querem aumento real para os salários, valorização do piso, da PLR, dos vales. Mas os bancos dizem que já pagam demais, lucram de menos e que é preciso criatividade para definir a campanha deste ano.

PLR

A cada ano parcela menor do lucro é distribuída aos bancários e isso tem de ser corrigido. Os bancos, no entanto, querem manter a mesmo modelo, somente com reajuste dos valores de acordo com o que for convencionado e afirmam que, mesmo não sendo o setor mais lucrativo, pagam mais que outros.

A consultoria Economatica, no entanto, avaliou 25 setores que envolvem 300 empresas de capital aberto, e desses, os bancos foram o mais lucrativo no primeiro trimestre do ano: 21 instituições alcançaram R$ 14,3 bilhões.

Auxílio educação

Todos os bancários querem ter um acesso democrático a esse direito, mas a Fenaban diz ser impossível fazer uma cláusula nesse sentido. O Comando rebate, afirmando que pode haver sim o direito do pagamento a todos, com critérios e quantidades discutidos banco a banco. Isso custaria pouco para as instituições e significaria muito para os trabalhadores. Em mais uma tentativa de coação, disseram que que isso poderia levar a uma prática de contratação apenas de quem já tivesse concluído o curso superior. Ocorre que isso já tem sido uma prática, a ascensão pessoal do funcionário é que deve estar preocupando os banqueiros, já que quanto mais qualificado, o funcionário pode querer exigir salário compatível.

Parcelamento de férias

A categoria reivindica o parcelamento do valor pago nas férias. Os bancos informaram que farão o debate, mas querem condicionar isso ao parcelamento dos 30 dias de férias. O Comando informou aos representantes da Fenaban que realizou debates e consultas em todas as bases do Brasil e que nenhuma conferência regional apontou que os bancários queiram parcelar os 30 dias das férias.

Vale-cultura

Os bancários cobram a renovação do vale-cultura. Se a legislação federal, que tem duração prevista até dezembro, não for renovada, o pagamento dos R$ 50 ao mês pode acabar. O Comando propôs que bancários e bancos cobrem juntos do Congresso Nacional a renovação da lei, mas os bancos quiseram levar outros interesses deles junto, o que foi rejeitado pelos bancários.

Igualdade de oportunidades

O Comando foi novamente enfático na questão da mulher: as bancárias têm salários mais baixos, dificuldades na ascensão profissional e isso tem de mudar. Os negociadores da Fenaban primeiro alegam que não há diferença salarial e depois que essa diferença é característica do mercado de trabalho em outros setores e no mundo. Também afirmam que elas ficam menos tempo no emprego, o que dificultaria a ascensão, mas os dados do Censo da Diversidade da própria Fenaban não mostram isso: trabalhadores com mais de cinco anos de casa dividem-se entre 63% homens e 60% mulheres.

Emprego x tecnologia

Para a Fenaban, os bancos são os melhores empregadores do Brasil, “mesmo não sendo os mais lucrativos”. O Comando lembrou que o número absoluto de empregados vem caindo. Para eles isso é coisa natural, de ajuste, da tecnologia que ajuda o cotidiano e possibilita melhor distribuição da carga de trabalho. Os bancários não são contra a tecnologia, mas isso é o inverso do que se vê nos locais de trabalho.

Os bancários que estão indo para agências digitais têm o dobro de clientes na carteira, ficando oito horas no “online” como máquina e por isso querem a jornada de 6 horas para esses gerentes, pois atualmente poucos dos cargos de bancos têm a jornada de seis horas respeitada.

Saúde

Para a Fenaban, a CCT já tem cláusulas de saúde demais, que precisam ser aprimoradas e aplicadas efetivamente. Ou seja, a própria Fenaban reconhece que precisam ser mesmo cumpridas, com o que os sindicatos concordam. Mas é preciso novas cláusulas para pôr fim ao assédio moral, ao sofrimento mental. O trabalho não pode adoecer. Sobre a revisão de atestados, informaram que não fazem com todos.

Segurança

Os bancos não querem debater a extensão da assistência em caso de assalto, sequestros ou extorsões aos familiares dos bancários que tiverem sofrido a violência. Mas, diante da cobrança do Comando, ficaram de rediscutir o assunto.

O Comando reforçou também que não aceita a revista feita aos trabalhadores na saída das agências e lembrou que, além de ação sindical, isso pode redundar em ação judicial.

Autor: Cinthia Alves

Fonte: FETEC-CUT-PR com informações da Contraf e SP Bancários

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