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Só a força de todos os movimentos poderá reverter o leilão da Vale

Adital – A uma semana de uma das mais fortes manifestações sociais do Brasil, o Grito dos Excluídos (no dia 07 de setembro), o coordenador do Grito dos Excluídos Continental e secretário geral do Serviço Pastoral do Migrante (SPM) do Brasil, Luis Bassegio, em entrevista a Adital, disse que só a força de todos os movimentos poderá reverter o leilão de venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD): “não podemos ficar esperando do Congresso porque infelizmente ele não representa e nem defende os interesses das maiorias empobrecidas”.

Além do leilão da Vale, o Grito discutirá outros temas que farão parte do Plebiscito Popular (de 1º a 7 ou 9 -dependendo do local- de setembro) como o preço da energia elétrica, a dívida externa e interna, e a reforma da previdência. Todos esses temas são fundamentais para o debate da soberania e da independência do Brasil. Bassegio disse ainda que um dos grandes desafios do Grito é atingir a setores da sociedade, que também são determinantes nas decisões, mas que não fazem parte do movimento.

Adital – O lema do Grito dos excluídos 2007 é: “Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação”. Por que, só 10 anos após a privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), os movimentos sociais resolveram dar mais intensidade às atividades pela nulidade do leilão?

Luis Bassegio – É bom lembrar que na época da privatização houve muitas manifestações das quais participamos. Inclusive em Brasília entregamos um abaixo-assinado de mais de 20 mil assinaturas contra a privatização da Vale. Ocorre que FHC colocou um batalhão de soldados contra nós, contra os movimentos sociais.

Hoje retomamos a luta para impedir que mais privatizações aconteçam e mesmo porque cresceu a consciência de que aquela negociata foi um roubo ao patrimônio nacional. O Estado que era o tutor da empresa, não podia vendê-la sem consultar o dono da mesma, que é o povo brasileiro. Diria que cresceu a consciência cidadã das pessoas e por isso exigimos que a Vale volte a ser do povo.

Adital – Que outras coisas nesta nação não valem?

Luis Bassegio – Entregar nas mãos privadas as principais riquezas do país, e os setores essenciais da economia do país; O progresso tecnológico e o crescimento econômico, quando não vêm acompanhados de distribuição de renda e de desenvolvimento integral, aumentando cada vez mais o abismo entre pobres e ricos; Desviar recursos da área social, saúde, educação, transportes, segurança, para engordar as reservas destinadas aos especuladores do mercado financeiro e o estado se apressar em socorrer empresas e bancos; Utilizar recursos destinados à saúde e da carga tributária para gerar o superávit primário com vistas ao pagamento de juros e serviços da dívida externa; Transferir para alguns o lucro que é patrimônio de todo o povo brasileiro; Privatizar a Vale para pagar a dívida e a dívida ficar ainda maior; O governo querer uma Reforma da Previdência que retira direitos dos trabalhadores; A energia elétrica custar oito vezes mais para o povo do que para as grandes empresas.

Adital – O Plebiscito levantará discussões ainda sobre outros três temas: energia elétrica, dívida externa e interna, e previdência. Como esses temas serão contemplados no Grito?

Luis Bassegio – O Grito trata da soberania do país; ao tratar de retomada da Vale como patrimônio do povo brasileiro estamos debatendo a soberania, a independência do Brasil. Os demais temas têm tudo a ver com isso. Para ser um povo soberano precisamos ter garantidos todos os direitos, principalmente os da seguridades social, as condições para uma vida digna e que os direitos do povo estejam acima do direito do mercado. No caso, antes de pagar a dívida, que já foi paga muitas vezes, deve-se garantir uma vida digna para o povo.

Adital – Desde 1995, quando surgiu o Grito dos Excluídos, ele é marcado por exemplificar a força dos movimentos e manifestações populares. Que papel esses movimentos podem exercer para que a nulidade do leilão da CVRD seja concretizada?

Luis Bassegio – Eles têm um papel protagônico, ou seja, se não pressionarem não teremos mudanças. Elas não caem do céu, são frutos de conquistas. O Grito quer favorecer este protagonismo, é um espaço aglutinador onde ninguém impõe nada a ninguém.

No caso da Vale, acredito que só a força de todos os movimentos poderá reverter este processo, não podemos ficar esperando do Congresso porque infelizmente ele não representa e nem defende os interesses das maiorias empobrecidas.

Adital – O Grito é, hoje, uma das mais expressivas manifestações sociais do país, mas ainda não atinge a todos os setores da sociedade que também são determinantes nas decisões. Diante disto, como fazer chegar o tema da nulidade da Vale a essa camada que, ao que parece, permanece (ou quer permanecer) distante do assunto?

Luis Bassegio – Este é um grande desafio. O Grito é atrativo para os excluídos por que se vêem nele, porque eles são o Grito. Como superar certa visão coorporativista de determinadas camadas sociais talvez seja um dos maiores desafios que temos a enfrentar. Mais do que nunca é verdade o dito: “quem gosta de ‘nóis’ somos ‘nóis’”. É claro que temos que buscar parcerias nas demais camadas da sociedade e fazê-las entender que quanto mais diminuir a exclusão e a pobreza será melhor para todos.

Por Rebeca Cavalcante – Jornalista da Adital.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.adital.org.br.

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