fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 18:33 Sem categoria

“Temos a obrigação de barrar o golpe”, afirma Dilma

A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná, FETEC-CUT-PR marca presença no evento no Circo da Democracia. “O evento põe para cima esse movimento de resistência ao golpe porque hoje estavam aqui representantes de vários segmentos da sociedade e de trabalhadores dispostos a lutar até o fim. É lógico que com o pedido da presidente Dilma ficamos com novo ânimo e mais estimulados para defender a democracia”, disse Júnior Cesar Dias, presidente da Federação.

Com semblante sereno e contemplativa com a plateia,  a presidenta Dilma Roussef falou durante 40 minutos para milhares de pessoas que a recepcionaram calorosamente, na noite fria e chuvosa de Curitiba, nesta segunda-feira (08).  Ela foi convidada a participar do Circo da Democracia, evento organizado por mais de cem entidades sindicais, com uma tenda armada em frente ao Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A tenda abrigou cerca de mil pessoas e outras milhares ficaram do lado de fora, acompanhando pelos telões.

Com o discurso intercalado pelo coro dos participantes gritando “Fora Temer, “Volta Dilma” e “Fora Moro”, Dilma faz um retrospecto das táticas implantadas pela direita durante a ditadura militar, na qual não se podia dizer que era golpe,  e que se repetem agora, com repressão e criminalização de movimentos populares e prisões flagrantemente ilegais, para concretizar o que ela define como um golpe parlamentar, sem crime de responsabilidade, por motivação política e empresarial.

“As características de um golpe é impedir que seja dito que é um golpe. Não me surpreende que nos últimos dias tem tenham prendido quem pede o Fora Temer. Esse golpe tem essas características de tentar impedir que as pessoas em público o identifiquem. É proibido falar em certos lugares. É importante que nós saibamos o responsáveis por isso. Parte dessa responsabilidade é da mídia oligopolista e a outra da oposição ao meu governo ”, afirmou Dilma.

Como exemplo, ela citou as restrições exigidas durante as Olimpíadas, em que pessoas podem ser presas por dizer “Fora, Temer” dentro do Estádio do Maracanã. Apesar disso, Dilma defende que é fundamental identificar os atores do golpe, que são, segundo ela, a mídia monopolista, o capital especulativo e a parte mais programática da oposição a seu governo que “foi sendo substituída por uma parte mais fisiológica”. Dentro deste último setor estão Michel Temer e Eduardo Cunha.

Objetivos do golpe –  Dilma deixa claro que o objetivo de afastá-la do poder é impedir a partilha do pré-sal com a população brasileira, atingir direitos trabalhistas e previdenciários e, “como disse o senador Jucá, estancar a sangria das investigações para que não chegue até eles”.

“Esse governo que está ai, tentar aplicar no país um programa que nunca seria aplicado se tivesse sido levado às urnas. Quem de nós apoiaria uma PEC que congela os gastos na saúde e na educação por 20 anos? Quem aprovaria uma versão da CLT em que se flexibiliza uma jornada de trabalho que propõe reduzir as horas extras sem pagar sua integralidade. Projeto que adultera a concepção do “ Minha Casa Minha Vida”. E o pato quem paga são os setores mais pobres do país”.

Ela citou as propostas de reforma da previdência e de aumentar a carga horária de trabalho. “Um país de trabalhadores e mulheres passou a ser governado por homens velhos, ricos e com problemas na Justiça”, acusou. “Temos uma crise fiscal por queda de arrecadação, não é possível que uma classe queira que as outras paguem sozinhas. Por isso colocaram aquele pato amarelo na frente da Fiep (Federação das Indústrias de São Paulo). Os responsáveis por isso são parte da mídia, parte da oposição, e parte do capital especulativo financeiro”.

Plebiscito – Dilma defende um plebiscito para a convocação de novas eleições e se discuta a reforma política. “Defendo o apoio ao plebiscito que coloque duas questões. A questão da eleição direta presencial e uma reforma política. O país hoje tem uma fragmentação partidária assustadora. Se continuar este regime vamos ter mais partidos antes que pisquemos os olhos. É importante falar contra certo moralismo de fachada: ter 25 partidos é a mãe e o pai do fisiologismo. O país precisa discutir isso. É fundamental que essa repactuação não seja feito por cima”. Ela afirmou que dos partidos existentes hoje, a maior parte sequer tem um plano de propostas concretas que os diferencie um do do outro.

Crise – A presidenta afirma que o cerne da crise é política refletindo em crise econômica e que hoje, a crise no Brasil é de arrecadação fiscal.  “Hoje não dá mais para ignorar que a crise política comprometeu o país e que se não superarmos isso não vamos conseguir recuperar o país. Diante da crise, quem não pode pagar e acaba pagando, é quem tem menos. Sempre no Brasil foi assim. Eu tenho certeza que essa luta é uma luta justa. Temos obrigação de barrar o golpe. Eu acredito nisso. Resisto e luto e luto”.

Dilma estava Acompanhada dos senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), Marcelo Lavenére, ex presidente da OAB, conselheiro atual da entidade e autor do processo de impeachment do ex-presidente Collor; Regina Cruz, presidente a CUT-PR, Roberto Baggio, coordenador estadual do MST e Alice Ruiz, poeta e compositora paranaense.

Foto: Renata Peterlini 

O papel dos agentes financeiros, segundo a FETEC

 

Para o presidente da FETEC-CUT-PR, Júnior César Dias, o evento foi uma lição histórica de como a direita se organiza para aplicar um golpe, fazendo um retrospecto desde a ditadura militar. “Está muito claro a mesquinhez da elite neste processo querendo que os trabalhadores paguem a conta. Neste viés , a elite está cumprindo à risca o seu papel, como já fez anteriormente. Essa oligarquia que não quer de maneira nenhuma dividir o prejuízo, querem que o trabalhador pague o prejuízo que eles causaram. Não nos resta outra alternativa: ou o trabalhador e a sociedade como um todo, os movimentos sociais organizados, façamos nossa parte enquanto atores contrários ao golpe ou simplesmente vai acontecer aquilo que está em curso. Que é o retrocesso em relação aos direitos das conquistas sociais e dos trabalhadores. A CLT já não era algo muito muito bom porque tinha muita coisa que precisava de algumas reformas, mas para avançar nos direitos dos trabalhadores, não o que estão fazendo agora que vai ser um retrocesso muito grande”, apontou.

Em relação ao sistema financeiro como um dos agentes protagonistas do golpe, Dias acredita que é preciso separar os interesses dos bancos públicos dos privados.  “A parte pública, pelo menos, neste momento, é de interesse que permaneça no Governo Federal, embora o caminho seja a privatização. Ficou muito claro a participação de parte dos banqueiros, pois hoje temos no Banco Central um representante do Itaú. É lógico que precisamos lembrar que tivemos um representante do Bradesco durante o governo Dilma, mas não no banco Central. O Banco Central é quem fiscaliza, quem faz a regulamentação do sistema financeiro. Então, é evidente que há um interesse muito grande do sistema financeiro em pegar a sua parte feita no investimento para patrocinar o golpe”, explicou.

Autor: Cinthia Alves

Fonte: FETEC-CUT-PR

Foto: Brasil 247

Close