Painel da 21ª Conferência Nacional dos Bancários teve a presença de João Pedro Stedile, do MST, do economista Ladislau Dowbor e do senador Jaques Wagner
Um dos desafios dos movimentos progressistas é construir uma narrativa de defesa da soberania, que muitas vezes é confundida com nacionalismo, numa conjuntura em que símbolos nacionais, como a bandeira do Brasil, foram apropriados pelas manifestações públicas de apoio à Lava Jato e ao governo Bolsonaro.
Para João Pedro Stedile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a militância às vezes confunde soberania com nacionalismo, mas soberania significa autonomia. “Diz respeito ao futuro de um povo”. O dirigente do maior movimento social que atua no país explicou os princípios que movem a luta do MST, como o internacionalismo, que é a união dos povos contra o capital. Nesse sentido, Stedile defende que a classe trabalhadora é a maioria do povo e deve defender seus interesses.
Contextualizando com a venda das empresas que são patrimônio do Brasil, como a BR Distribuidora, a Embraer, e o processos de privatização dos bancos públicos, atualmente, para ele, as principais pautas de unidade são a defesa da educação, contra a reforma da previdência, a defesa de Lula e a luta pela soberania.
O entendimento da defesa da soberania como debate prioritário para dialogar com a categoria bancária é um dos destaques reafirmados por delegados do Paraná na 21ª Conferência Nacional dos Bancários.
“Reafirmamos nosso compromisso com o projeto de solidariedade, contra o cada um por si. Reafirmamos que a nossa luta é pela soberania nacional, pela democracia, pelos direitos e contra as privatizações. Sairemos daqui mais fortes e conscientes de que nossa resistência já fez e fará diferença na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras”, entende Nivalda Sguissardi, presidenta do Sindicato dos Bancários de Campo Mourão.
Para José Roberto Brasileiro, presidente do Sindicato de Apucarana, a defesa da soberania é central para o entendimento e ampliação da luta na categoria. “Um Sistema Financeiro a serviço da produção nacional é possível e necessário. Defender nossas riquezas, nossas indústrias e empregos a partir de um projeto nacional. Transpondo partidos, a categoria, as associações e sindicatos”, avalia.
Presidente grotesco
Para o senador Jaques Wagner, o presidente Bolsonaro se assume como o “chefe do picadeiro”, numa analogia ao circo, para distrair as atenções de maneira grotesca para que sua equipe de governo, liderada por Paulo Guedes, que “rouba e destrói” o patrimônio e o futuro.
O painel sobre soberania, realizado na tarde de sábado, 3 de agosto, também teve a participação do economista Ladislau Dowbor, que defendeu a distribuição de informações para produzir contra-narrativas. O professor também falou sobre o sistema financeiro no país.
Por Paula Zarth Padilha
FETEC-CUT-PR
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