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BATE-BOCA NO SENADO

CPI BANESTADO
Durante a mais tumultuada sessão da comissão
responsável por investigar remessas de dinheiro ao exterior a partir das contas CC-5, procurador Luiz Francisco e senador Jorge Bornhausen trocam acusações
O procurador da República Luiz Francisco de Souza e o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), protagonizaram ontem a sessão mais tumultuada desde o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado. A confusão começou quando o procurador, mais uma vez, apontou ligações do senador com o Banco Araucária, uma das cinco instituições autorizadas pelo Banco Central (BC) em 1996 a remeter para o exterior recursos acima de R$ 10 mil por meio de contas CC-5 (de não-residentes no país).
Luiz Francisco insinuou que o Araucária, ‘‘um tamborete que só tinha duas agências’’, foi beneficiado pelo BC por pertencer a familiares de Bornhausen, que à época era um dos caciques da base governista de Fernando Henrique Cardoso no Congresso. O procurador sugeriu à CPI que convoque Bornhausen para prestar explicações. ‘‘Ele deveria vir aqui dizer por que um banco que pertence à família dele recebeu esse presentão.’’
Bornhausen não estava presente, mas se apressou e, minutos depois, estava a postos no plenário da comissão, com uma pasta de documentos debaixo do braço. Queria se defender. De pronto, soltou um sonoro ‘‘cala a boca’’ contra Luiz Francisco. E desfiou um rosário de argumentos que, segundo ele, comprovam sua inocência. Citou certidões obtidas no BC, pelo ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, e uma carta em que o próprio Luiz Francisco explicava à Justiça as mesmas acusações. ‘‘Essa é uma mentira desqualificada’’, afirmou um Bornhausen nervoso, face vermelha e dedo em riste. ‘‘Isto é uma afronta. Era mais fácil fazer um exame de sanidade mental do procurador, porque ele fala com grande irresponsabilidade.’’
Hoje extinto, o Banco Araucária foi responsável por enviar para o exterior US$ 5 bilhões entre 1996 e 1999, período em que teriam saído do país pelas CC-5 nada menos que US$ 30 bilhões, de acordo com estimativas da Polícia Federal. Até 1996, o banco pertenceu ao irmão de Jorge Bornhausen, Paulo Konder Bornhausen. Depois, conforme o procurador Luiz Francisco, teria sido vendido para cunhados de Paulo Bornhausen.
“Corruptos na cadeia”
Durante o tumulto, servidores que assistiam à sessão se manifestaram em apoio ao procurador. ‘‘É isso aí, Luiz Francisco, ponha esses corruptos na cadeia’’, gritou Elizângela Gomes, 28 anos, funcionária da justiça trabalhista. Ela e Oséias Gonçalves, 39 anos, receberam voz de prisão do chefe da segurança do Senado, Claylton Zanlorenci. A dupla chegou a ser levada para uma sala no subsolo, mas foi liberada a pedido da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT).
O depoimento do procurador e do perito federal, que começou às 10 horas, prosseguiu ao longo do dia. A etapa final foi a portas fechadas. Isso porque o procurador revelaria à comissão nomes de servidores e de políticos que teriam remetido dinheiro para o exterior a partir do Banestado. Luiz Francisco afirmou também que nos próximos 45 dias denunciará o ex-presidente do BC Gustavo Franco à Justiça, por improbidade administrativa. Franco autorizou cinco agências de Foz do Iguaçu a enviarem valores para o exterior acima do limite de R$ 10 mil estabelecido para as outras instituições.
Rodrigo Rangel
Da equipe do Correio
José Varella

Por 14:26 Sem categoria

BATE-BOCA NO SENADO

CPI BANESTADO

Durante a mais tumultuada sessão da comissão
responsável por investigar remessas de dinheiro ao exterior a partir das contas CC-5, procurador Luiz Francisco e senador Jorge Bornhausen trocam acusações

O procurador da República Luiz Francisco de Souza e o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), protagonizaram ontem a sessão mais tumultuada desde o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado. A confusão começou quando o procurador, mais uma vez, apontou ligações do senador com o Banco Araucária, uma das cinco instituições autorizadas pelo Banco Central (BC) em 1996 a remeter para o exterior recursos acima de R$ 10 mil por meio de contas CC-5 (de não-residentes no país).

Luiz Francisco insinuou que o Araucária, ‘‘um tamborete que só tinha duas agências’’, foi beneficiado pelo BC por pertencer a familiares de Bornhausen, que à época era um dos caciques da base governista de Fernando Henrique Cardoso no Congresso. O procurador sugeriu à CPI que convoque Bornhausen para prestar explicações. ‘‘Ele deveria vir aqui dizer por que um banco que pertence à família dele recebeu esse presentão.’’

Bornhausen não estava presente, mas se apressou e, minutos depois, estava a postos no plenário da comissão, com uma pasta de documentos debaixo do braço. Queria se defender. De pronto, soltou um sonoro ‘‘cala a boca’’ contra Luiz Francisco. E desfiou um rosário de argumentos que, segundo ele, comprovam sua inocência. Citou certidões obtidas no BC, pelo ex-procurador-geral da República Geraldo Brindeiro, e uma carta em que o próprio Luiz Francisco explicava à Justiça as mesmas acusações. ‘‘Essa é uma mentira desqualificada’’, afirmou um Bornhausen nervoso, face vermelha e dedo em riste. ‘‘Isto é uma afronta. Era mais fácil fazer um exame de sanidade mental do procurador, porque ele fala com grande irresponsabilidade.’’

Hoje extinto, o Banco Araucária foi responsável por enviar para o exterior US$ 5 bilhões entre 1996 e 1999, período em que teriam saído do país pelas CC-5 nada menos que US$ 30 bilhões, de acordo com estimativas da Polícia Federal. Até 1996, o banco pertenceu ao irmão de Jorge Bornhausen, Paulo Konder Bornhausen. Depois, conforme o procurador Luiz Francisco, teria sido vendido para cunhados de Paulo Bornhausen.

“Corruptos na cadeia”
Durante o tumulto, servidores que assistiam à sessão se manifestaram em apoio ao procurador. ‘‘É isso aí, Luiz Francisco, ponha esses corruptos na cadeia’’, gritou Elizângela Gomes, 28 anos, funcionária da justiça trabalhista. Ela e Oséias Gonçalves, 39 anos, receberam voz de prisão do chefe da segurança do Senado, Claylton Zanlorenci. A dupla chegou a ser levada para uma sala no subsolo, mas foi liberada a pedido da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT).

O depoimento do procurador e do perito federal, que começou às 10 horas, prosseguiu ao longo do dia. A etapa final foi a portas fechadas. Isso porque o procurador revelaria à comissão nomes de servidores e de políticos que teriam remetido dinheiro para o exterior a partir do Banestado. Luiz Francisco afirmou também que nos próximos 45 dias denunciará o ex-presidente do BC Gustavo Franco à Justiça, por improbidade administrativa. Franco autorizou cinco agências de Foz do Iguaçu a enviarem valores para o exterior acima do limite de R$ 10 mil estabelecido para as outras instituições.

Rodrigo Rangel
Da equipe do Correio
José Varella

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