fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 10:18 Sem categoria

RENDA DO TRABALHO TERÁ QUEDA RECORDE ATÉ O FIM DO ANO

Valor Econômico – Vera Saavedra Durão e Débora Guterman

A corrosão recorde no poder de compra do brasileiro e a alta taxa de desemprego em outubro, divulgadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são resultantes de uma política econômica contracionista, que manteve a taxa de juro elevada por tempo excessivo, ampliou de forma irresponsável o superávit primário num cenário de economia retraída e de inflação acelerada, jogando o nível de atividade para o “fundo do poço”, avaliam economistas consultados pelo Valor.

Ricardo Carneiro, diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp, observou que a queda da renda real do trabalhador, nos níveis em que vem ocorrendo, é inédita e “trágica”. Ele admite que parte disso é o que se costuma chamar de “herança maldita” do governo FHC. Mas, mesmo que seja um economista ortodoxo, é preciso admitir que “houve barbeiragem na gestão da política econômica” e caminhamos para o PIB zero.

Carneiro não descarta o crescimento em 2004, mas avalia que não será sustentado, pois a economia vai continuar travada pelo superávit primário acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas crê que um conjunto de medidas pontuais, como a redução do juro e o aumento do crédito, poderá recuperar um pouco o consumo, mas “nada muito brilhante”. Para este ano, ele prevê um produto real em torno de zero ou até caindo, uma taxa de desemprego na faixa de 12,5% e uma retração da renda no final do ano entre 12% a 13%, recorde. A renda nominal em outubro foi de R$ 831,10.

O economista da LCA Consultores, Carlos Urso, também projeta uma forte queda no rendimento médio real, de 8,3%, certamente o pior resultado desde o Plano Real. O dado de outubro contrariou sua expectativa. Ele acreditava que a inflação baixa e a recomposição salarial de categorias como metalúrgicos, químicos e petroleiros dariam alguma dinâmica ao mercado de trabalho. Segundo Urso, o comportamento da renda foi determinada pelos trabalhadores por conta própria. Com o empobrecimento das famílias, aumentou o número de pessoas “fazendo bico”, que, na média, tem renda inferior ao conjunto de ocupados.

“O pior momento está sendo superado, mesmo que um pouco mais devagar que o esperado”, afirma Urso, que revisou sua estimativa de PIB de 1% para 0,2% este ano. No ano que vem, o crescimento está previsto em 3,5%, mas pode ser alterado, para baixo. Para o economista, a produção industrial, que tem mostrado dinamismo, deve também dar um impulso à ocupação, com expansão de 2,6%, e ajudar a elevar a massa de renda em 2,3% em 2004.

O economista da F Silveira Consultoria, Fabio Silveira, concorda que o crescimento da ocupação no ano que vem será amparado na indústria, especialmente na cadeia produtiva dos setores de bens de consumo, como o automobilístico, têxtil e eletroeletrônico. “Serão reações moderadas, porque a massa salarial está muito deprimida e esses setores estão com ociosidade alta”. Com a maior contratação nesses ramos, a massa de rendimento deve aumentar 3%, especialmente entre os trabalhadores com carteira assinada.

João Sabóia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considera “exagerada” a queda da renda real que, em grande parte, deveu-se à inflação alta dos últimos doze meses, diz. Sabóia ressalta também que a relativa estabilidade na taxa de desemprego, em um período em que costuma cair, sinaliza que a economia continua parada. “Caminhamos para um PIB zero”. Na sua análise, está ocorrendo uma certa decepção com o final do ano.

Para Marcelo de Ávila, economista-chefe do Economic Research, a taxa de desemprego só apresentará melhora consistente em 2004, pois a queda dos juros promovida pelo Banco Central desde junho ainda não surtirá efeito este ano. Ele observa também o “espetáculo do crescimento” será muito difícil de ocorrer, pois o consumo das famílias continua baixo e representa 60% do PIB.

Por 10:18 Notícias

RENDA DO TRABALHO TERÁ QUEDA RECORDE ATÉ O FIM DO ANO

Valor Econômico – Vera Saavedra Durão e Débora Guterman
A corrosão recorde no poder de compra do brasileiro e a alta taxa de desemprego em outubro, divulgadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são resultantes de uma política econômica contracionista, que manteve a taxa de juro elevada por tempo excessivo, ampliou de forma irresponsável o superávit primário num cenário de economia retraída e de inflação acelerada, jogando o nível de atividade para o “fundo do poço”, avaliam economistas consultados pelo Valor.
Ricardo Carneiro, diretor do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp, observou que a queda da renda real do trabalhador, nos níveis em que vem ocorrendo, é inédita e “trágica”. Ele admite que parte disso é o que se costuma chamar de “herança maldita” do governo FHC. Mas, mesmo que seja um economista ortodoxo, é preciso admitir que “houve barbeiragem na gestão da política econômica” e caminhamos para o PIB zero.
Carneiro não descarta o crescimento em 2004, mas avalia que não será sustentado, pois a economia vai continuar travada pelo superávit primário acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas crê que um conjunto de medidas pontuais, como a redução do juro e o aumento do crédito, poderá recuperar um pouco o consumo, mas “nada muito brilhante”. Para este ano, ele prevê um produto real em torno de zero ou até caindo, uma taxa de desemprego na faixa de 12,5% e uma retração da renda no final do ano entre 12% a 13%, recorde. A renda nominal em outubro foi de R$ 831,10.
O economista da LCA Consultores, Carlos Urso, também projeta uma forte queda no rendimento médio real, de 8,3%, certamente o pior resultado desde o Plano Real. O dado de outubro contrariou sua expectativa. Ele acreditava que a inflação baixa e a recomposição salarial de categorias como metalúrgicos, químicos e petroleiros dariam alguma dinâmica ao mercado de trabalho. Segundo Urso, o comportamento da renda foi determinada pelos trabalhadores por conta própria. Com o empobrecimento das famílias, aumentou o número de pessoas “fazendo bico”, que, na média, tem renda inferior ao conjunto de ocupados.
“O pior momento está sendo superado, mesmo que um pouco mais devagar que o esperado”, afirma Urso, que revisou sua estimativa de PIB de 1% para 0,2% este ano. No ano que vem, o crescimento está previsto em 3,5%, mas pode ser alterado, para baixo. Para o economista, a produção industrial, que tem mostrado dinamismo, deve também dar um impulso à ocupação, com expansão de 2,6%, e ajudar a elevar a massa de renda em 2,3% em 2004.
O economista da F Silveira Consultoria, Fabio Silveira, concorda que o crescimento da ocupação no ano que vem será amparado na indústria, especialmente na cadeia produtiva dos setores de bens de consumo, como o automobilístico, têxtil e eletroeletrônico. “Serão reações moderadas, porque a massa salarial está muito deprimida e esses setores estão com ociosidade alta”. Com a maior contratação nesses ramos, a massa de rendimento deve aumentar 3%, especialmente entre os trabalhadores com carteira assinada.
João Sabóia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considera “exagerada” a queda da renda real que, em grande parte, deveu-se à inflação alta dos últimos doze meses, diz. Sabóia ressalta também que a relativa estabilidade na taxa de desemprego, em um período em que costuma cair, sinaliza que a economia continua parada. “Caminhamos para um PIB zero”. Na sua análise, está ocorrendo uma certa decepção com o final do ano.
Para Marcelo de Ávila, economista-chefe do Economic Research, a taxa de desemprego só apresentará melhora consistente em 2004, pois a queda dos juros promovida pelo Banco Central desde junho ainda não surtirá efeito este ano. Ele observa também o “espetáculo do crescimento” será muito difícil de ocorrer, pois o consumo das famílias continua baixo e representa 60% do PIB.

Close