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Lucro dos bancos brasileiros só perde para a Petrobras

Cleide Carvalho – Globo Online

SÃO PAULO – O setor bancário foi o segundo mais lucrativo do país nos últimos dez anos. Levantamento feito pela consultoria Economática, com empresas de capital aberto, mostra que só a Petrobras gerou mais ganhos do que os bancos no período do real.

O lucro da Petrobras de 1994 a 2003 somou R$ 63,75 bilhões – um quarto de todo o lucro gerado no país pelas companhias abertas. Os 29 bancos do estudo tiveram um lucro de R$ 39,716 bilhões no período, 16,04% do total.

Este número poderia ter sido bem maior se em 1995 e 1996 o Banco do Brasil não tivesse reconhecido os créditos podres e lançado um prejuízo que chegou a R$ 20 bilhões e alguns bancos até então estatais – como Banestado e Banrisul – não tivessem registrado mau desempenho.

– O setor bancário é o que retém maior nível de rentabilidade no país, fora a Petrobras. Entre os setores privados, é de longe o que apresenta o melhor resultado – diz Einar Rivero, da Economática.

Na época da inflação, os bancos se apropriavam por ano de até 4% do PIB apenas com o floating financeiro – captavam depósitos à vista em milhares de agências pelo país durante o dia e à noite aplicavam no “overnight”, arrematando um ganho que chegou a 40% num único mês. Com o fim da ciranda, a perda para os bancos alcançou R$ 9 bilhões por ano.

Sem a inflação, precisaram de ajuda. Para afastar o risco sistêmico – uma quebradeira de bancos capaz de afundar correntistas, aplicadores e, com eles, a economia – o Banco Central criou o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro (Proer). Mais tarde, a CPI dos Bancos concluiu que só com o Proer foram gastos R$ 43,3 bilhões. No total, o Banco Central despejou no setor algo em torno de R$ 111,3 bilhões – 12,36% do PIB. Além do Proer, estão embutidos nesta conta os recursos usados para sanear o Banco do Brasil e gastos com o programa de saneamento dos bancos estaduais. O primeiro banco a sucumbir, em agosto de 1995, foi o Econômico. A seguir, Nacional e Bamerindus. Para se ter uma idéia, 19 bancos foram vendidos ou incorporados do início do Plano Real até julho de 1996.

– Foi um custo alto, mas inferior ao de outros países que tiveram problemas semelhantes – diz Erivelto Martins, sócio da consultoria Austin Asis.

A reestruturação do setor levou o Banco Central a apostar firme no incentivo à entrada de bancos estrangeiros, o que chegou a arrancar manifestações de desagrado por parte de grandes instituições nacionais, como Itaú e Bradesco. A participação dos estrangeiros saltou de 8,96% em 1995 para 20,85% dos ativos totais do mercado em 2003. Nos depósitos, passou de 5,98% para 16,52% e no crédito, de 6,17% para 20,85%.

Os bancos privados nacionais detêm também aumentaram seus percentuais e têm 41,41% dos ativos, 37,66% dos depósitos e 41,41% do crédito. As instituições públicas reduziram presença, mas ainda têm fatia considerável dos negócios: 37,64% dos ativos, 37,64% do crédito e 45,73% dos depósitos.

Passado o susto inicial da estabilidade, os bancos voltaram a engordar seus ganhos. Parte do lucro dos últimos anos está nos juros pagos pelos títulos do governo (16% ao ano, um dos maiores do mundo). Outra nas tarifas e serviços cobrados dos correntistas. Até o real entrar em circulação, as tarifas representavam 6,4% da receita do setor. Hoje, representam 12,4%. O ganho com títulos e valores mobiliários passou de 34,7% em 1995 para 45,9% no ano passado. O ganho com floating, que correspondia a 13% do total, desapareceu.

Mas engana-se quem pensa que os bancos ganham só com juros e tarifas. Na avaliação de Martins, outra fonte de boa rentabilidade é a volatilidade dos capitais, que permite ao setor ganhar muito com apostas e com o vaivém dos recursos.

Mesmo em condições favoráveis, nem todos se adaptaram. Atualmente, segundo Martins, metade dos depósitos estão nos três maiores bancos privados do país – Itaú, Bradesco e Unibanco. E o processo de concentração continua. Na avaliação do consultor, agora é a vez dos bancos especializados e eficientes serem engolidos pelos gigantes, que buscam expertise em determinadas áreas. Ele cita como exemplo a incorporação do Zogbi pelo Bradesco.

Para o sócio da Austin Asis, o desafio dos bancos será conviver daqui para a frente também com a esperada queda dos juros e dos “spreads” – diferença entre o custo de captação de recursos, que é baixo, e o juro cobrado de quem toma empréstimo, que é alto. Só quando juro e “spread” caírem a patamares razoáveis é que o setor vai aumentar o volume de seus empréstimos e reduzir os ganhos com eles. Hoje, os empréstimos bancários correspondem a apenas 24% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Um patamar considerado mais saudável corresponderia a 35% do PIB.

– Com a queda do juro, eles terão de ganhar no volume de operações – diz Martins.

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Lucro dos bancos brasileiros só perde para a Petrobras

Cleide Carvalho – Globo Online
SÃO PAULO – O setor bancário foi o segundo mais lucrativo do país nos últimos dez anos. Levantamento feito pela consultoria Economática, com empresas de capital aberto, mostra que só a Petrobras gerou mais ganhos do que os bancos no período do real.
O lucro da Petrobras de 1994 a 2003 somou R$ 63,75 bilhões – um quarto de todo o lucro gerado no país pelas companhias abertas. Os 29 bancos do estudo tiveram um lucro de R$ 39,716 bilhões no período, 16,04% do total.
Este número poderia ter sido bem maior se em 1995 e 1996 o Banco do Brasil não tivesse reconhecido os créditos podres e lançado um prejuízo que chegou a R$ 20 bilhões e alguns bancos até então estatais – como Banestado e Banrisul – não tivessem registrado mau desempenho.
– O setor bancário é o que retém maior nível de rentabilidade no país, fora a Petrobras. Entre os setores privados, é de longe o que apresenta o melhor resultado – diz Einar Rivero, da Economática.
Na época da inflação, os bancos se apropriavam por ano de até 4% do PIB apenas com o floating financeiro – captavam depósitos à vista em milhares de agências pelo país durante o dia e à noite aplicavam no “overnight”, arrematando um ganho que chegou a 40% num único mês. Com o fim da ciranda, a perda para os bancos alcançou R$ 9 bilhões por ano.
Sem a inflação, precisaram de ajuda. Para afastar o risco sistêmico – uma quebradeira de bancos capaz de afundar correntistas, aplicadores e, com eles, a economia – o Banco Central criou o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro (Proer). Mais tarde, a CPI dos Bancos concluiu que só com o Proer foram gastos R$ 43,3 bilhões. No total, o Banco Central despejou no setor algo em torno de R$ 111,3 bilhões – 12,36% do PIB. Além do Proer, estão embutidos nesta conta os recursos usados para sanear o Banco do Brasil e gastos com o programa de saneamento dos bancos estaduais. O primeiro banco a sucumbir, em agosto de 1995, foi o Econômico. A seguir, Nacional e Bamerindus. Para se ter uma idéia, 19 bancos foram vendidos ou incorporados do início do Plano Real até julho de 1996.
– Foi um custo alto, mas inferior ao de outros países que tiveram problemas semelhantes – diz Erivelto Martins, sócio da consultoria Austin Asis.
A reestruturação do setor levou o Banco Central a apostar firme no incentivo à entrada de bancos estrangeiros, o que chegou a arrancar manifestações de desagrado por parte de grandes instituições nacionais, como Itaú e Bradesco. A participação dos estrangeiros saltou de 8,96% em 1995 para 20,85% dos ativos totais do mercado em 2003. Nos depósitos, passou de 5,98% para 16,52% e no crédito, de 6,17% para 20,85%.
Os bancos privados nacionais detêm também aumentaram seus percentuais e têm 41,41% dos ativos, 37,66% dos depósitos e 41,41% do crédito. As instituições públicas reduziram presença, mas ainda têm fatia considerável dos negócios: 37,64% dos ativos, 37,64% do crédito e 45,73% dos depósitos.
Passado o susto inicial da estabilidade, os bancos voltaram a engordar seus ganhos. Parte do lucro dos últimos anos está nos juros pagos pelos títulos do governo (16% ao ano, um dos maiores do mundo). Outra nas tarifas e serviços cobrados dos correntistas. Até o real entrar em circulação, as tarifas representavam 6,4% da receita do setor. Hoje, representam 12,4%. O ganho com títulos e valores mobiliários passou de 34,7% em 1995 para 45,9% no ano passado. O ganho com floating, que correspondia a 13% do total, desapareceu.
Mas engana-se quem pensa que os bancos ganham só com juros e tarifas. Na avaliação de Martins, outra fonte de boa rentabilidade é a volatilidade dos capitais, que permite ao setor ganhar muito com apostas e com o vaivém dos recursos.
Mesmo em condições favoráveis, nem todos se adaptaram. Atualmente, segundo Martins, metade dos depósitos estão nos três maiores bancos privados do país – Itaú, Bradesco e Unibanco. E o processo de concentração continua. Na avaliação do consultor, agora é a vez dos bancos especializados e eficientes serem engolidos pelos gigantes, que buscam expertise em determinadas áreas. Ele cita como exemplo a incorporação do Zogbi pelo Bradesco.
Para o sócio da Austin Asis, o desafio dos bancos será conviver daqui para a frente também com a esperada queda dos juros e dos “spreads” – diferença entre o custo de captação de recursos, que é baixo, e o juro cobrado de quem toma empréstimo, que é alto. Só quando juro e “spread” caírem a patamares razoáveis é que o setor vai aumentar o volume de seus empréstimos e reduzir os ganhos com eles. Hoje, os empréstimos bancários correspondem a apenas 24% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Um patamar considerado mais saudável corresponderia a 35% do PIB.
– Com a queda do juro, eles terão de ganhar no volume de operações – diz Martins.

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