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“BC mundial”: Brasil é vulnerável a crise externa

Apesar de significativos avanços nos últimos anos, a economia brasileira ainda apresenta importantes vulnerabilidades que, combinadas com os desequilíbrios globais, representam riscos à recente recuperação, de acordo com o BIS (sigla em inglês para Bank for International Settlements, o BC dos BCs).
A grande parcela da dívida pública que é pós-fixada preocupa, e a alta taxa dos juros reais revela que os investidores ainda temem um repique inflacionário.
Segundo Malcolm Knight, diretor-geral do BIS, no contexto internacional de desequilíbrios nas contas externas de vários países e elevados preços do petróleo, o maior risco para os mercados emergentes da América Latina é uma possível forte desaceleração da demanda externa.
“O risco-chave para a América Latina neste momento seria um evento que causasse a desaceleração forte da demanda mundial. O crescimento mundial no ano passado foi muito forte, o que ajudou os países da América Latina a avançar”, disse Knight.
Por isso, segundo ele, se houver uma forte desaceleração global, a expansão econômica dos países da região tende a ser comprometida. “Se o crescimento mundial desacelerar, acho que isso teria implicações negativas [para a região]”, afirmou.
Pior ainda, alerta William White, economista-chefe do BIS, seria se esse cenário de desaceleração mais brusca -que não é tido como certo, mas está longe de ser descartado, segundo a instituição- ocorrer em um ambiente de elevação das taxas de juros internacionais.
A nova alta recente do petróleo e os sinais, dados pelos elevados preços da commodity nos mercados futuros, de que essa tendência vai persistir pelos próximos dois ou três anos indicam que políticas monetárias mais restritivas podem estar a caminho nos países desenvolvidos.
Dívida
Considerando esses riscos, a alta relação entre a dívida pública e o PIB brasileiros -atualmente, no patamar de 50%- e o fato de que parcela ainda expressiva desse endividamento é pós-fixada, ou seja, corrigida pela variação da taxa de juros são fatores preocupantes, segundo o BIS.
Ao citar especificamente os casos do Brasil e da Turquia, o relatório anual da instituição, divulgado ontem, diz que países com percentual elevado de dívida pós-fixada e de curto prazo estarão muito vulneráveis quando terminar a atual fase de grande liquidez nos mercados.
Segundo analistas, isso ocorreria porque, se os juros em países desenvolvidos, principalmente nos EUA, subirem mais, investidores tendem a reduzir suas exposições a mercados emergentes.
Risco maior
Nesse contexto, para o governo brasileiro, por exemplo, ficaria mais difícil rolar sua dívida, o que tenderia a exigir o pagamento de “prêmios de risco” maiores. Além disso, como parcela importante da dívida é pós-fixada, se os juros subirem nos mercados futuros, o endividamento total em relação ao PIB voltaria a aumentar.
De acordo com Knight -que não quis comentar a crise política brasileira e suas possíveis conseqüências econômicas-, como o Brasil é um país “altamente endividado”, é fundamental que a atual linha de política macroeconômica seja mantida. O receituário seguido pelo país, segundo ele, permitiu crescimento econômico significativo em 2004 e garantirá uma expansão menor mas ainda alta neste ano.
O BIS estima que o PIB brasileiro vá crescer 3,6% em 2005, o menor entre os números projetados para um grupo de oito países emergentes, mas considerado bom em termos históricos recentes. “Acho que, para o Brasil, um país ainda altamente endividado, é absolutamente essencial continuar no caminho que vem sendo perseguido nos anos recentes”, diz Knight.
Em termos de políticas específicas, ele citou a necessidade de manutenção de superávit primário elevado e da continuação na tendência de redução do estoque da dívida pública em relação ao PIB. A insistência nessa segunda medida permitirá, segundo ele, cortes na taxa de juros doméstica em relação às internacionais.
Fonte: Folha de São Paulo – Érica Fraga

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“BC mundial”: Brasil é vulnerável a crise externa

Apesar de significativos avanços nos últimos anos, a economia brasileira ainda apresenta importantes vulnerabilidades que, combinadas com os desequilíbrios globais, representam riscos à recente recuperação, de acordo com o BIS (sigla em inglês para Bank for International Settlements, o BC dos BCs).

A grande parcela da dívida pública que é pós-fixada preocupa, e a alta taxa dos juros reais revela que os investidores ainda temem um repique inflacionário.

Segundo Malcolm Knight, diretor-geral do BIS, no contexto internacional de desequilíbrios nas contas externas de vários países e elevados preços do petróleo, o maior risco para os mercados emergentes da América Latina é uma possível forte desaceleração da demanda externa.

“O risco-chave para a América Latina neste momento seria um evento que causasse a desaceleração forte da demanda mundial. O crescimento mundial no ano passado foi muito forte, o que ajudou os países da América Latina a avançar”, disse Knight.

Por isso, segundo ele, se houver uma forte desaceleração global, a expansão econômica dos países da região tende a ser comprometida. “Se o crescimento mundial desacelerar, acho que isso teria implicações negativas [para a região]”, afirmou.

Pior ainda, alerta William White, economista-chefe do BIS, seria se esse cenário de desaceleração mais brusca -que não é tido como certo, mas está longe de ser descartado, segundo a instituição- ocorrer em um ambiente de elevação das taxas de juros internacionais.

A nova alta recente do petróleo e os sinais, dados pelos elevados preços da commodity nos mercados futuros, de que essa tendência vai persistir pelos próximos dois ou três anos indicam que políticas monetárias mais restritivas podem estar a caminho nos países desenvolvidos.

Dívida
Considerando esses riscos, a alta relação entre a dívida pública e o PIB brasileiros -atualmente, no patamar de 50%- e o fato de que parcela ainda expressiva desse endividamento é pós-fixada, ou seja, corrigida pela variação da taxa de juros são fatores preocupantes, segundo o BIS.

Ao citar especificamente os casos do Brasil e da Turquia, o relatório anual da instituição, divulgado ontem, diz que países com percentual elevado de dívida pós-fixada e de curto prazo estarão muito vulneráveis quando terminar a atual fase de grande liquidez nos mercados.

Segundo analistas, isso ocorreria porque, se os juros em países desenvolvidos, principalmente nos EUA, subirem mais, investidores tendem a reduzir suas exposições a mercados emergentes.

Risco maior
Nesse contexto, para o governo brasileiro, por exemplo, ficaria mais difícil rolar sua dívida, o que tenderia a exigir o pagamento de “prêmios de risco” maiores. Além disso, como parcela importante da dívida é pós-fixada, se os juros subirem nos mercados futuros, o endividamento total em relação ao PIB voltaria a aumentar.

De acordo com Knight -que não quis comentar a crise política brasileira e suas possíveis conseqüências econômicas-, como o Brasil é um país “altamente endividado”, é fundamental que a atual linha de política macroeconômica seja mantida. O receituário seguido pelo país, segundo ele, permitiu crescimento econômico significativo em 2004 e garantirá uma expansão menor mas ainda alta neste ano.

O BIS estima que o PIB brasileiro vá crescer 3,6% em 2005, o menor entre os números projetados para um grupo de oito países emergentes, mas considerado bom em termos históricos recentes. “Acho que, para o Brasil, um país ainda altamente endividado, é absolutamente essencial continuar no caminho que vem sendo perseguido nos anos recentes”, diz Knight.

Em termos de políticas específicas, ele citou a necessidade de manutenção de superávit primário elevado e da continuação na tendência de redução do estoque da dívida pública em relação ao PIB. A insistência nessa segunda medida permitirá, segundo ele, cortes na taxa de juros doméstica em relação às internacionais.

Fonte: Folha de São Paulo – Érica Fraga

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