(São Paulo) Uma análise sistemática da atual crise política agitou os participantes da 7ª Conferência Nacional dos Bancários agora de manhã, na abertura do evento. O jornalista Altamiro Borges, editor da revista Debate Sindical e autor, com Marcio Pochmann, do livro “Era FHC: A regressão do trabalho”, arrancou aplausos dos bancários durante toda a sua exposição e esquentou o debate.
Para ele, a atual crise é extremamente grave e complexa, mas – acima de tudo – revela que o esquema é inerente ao nosso sistema político. “Esta semana temos novas revelações que envolvem a presidência do PSDB no escândalo de Marcos Valério. O caixa 2 é um problema seriíssimo do nosso sistema. Temos um esquema viciado para eleição e para a manutenção da governabilidade que gera imoralidade. Se apurarmos todo o período FHC vamos entrar num mar de lama incrível porque há pelo menos dez casos de corrupção gravíssimos em sua gestão. E se a CPI for a fundo nas investigações, as cassações não vão ficar restritas a uma meia dúzia, mas pode atingir os trezentos picaretas que o Lula falou certa vez”, afirmou.
Segundo Altamiro, os movimentos sociais – principalmente o sindical – está diante de uma encruzilhada histórica. “Precisamos discutir a melhor maneira para salvarmos o governo Lula. Porque se ele não der certo, seremos ultrapassados pela direita. E aí teremos de comer muito arroz para vermos a esquerda no poder de novo”.
O jornalista disse que é difícil fazer qualquer prognóstico da crise, que ainda será longa e dolorosa, segundo ele. “A crise refluiu um pouco esta semana, mas não sou tão otimista. Acho que a oposição, se tiver oportunidade, vai tentar chegar ao impeachment. Outro cenário possível – e mais viável – é o de a oposição sangrar o que puder sem derrubar o presidente, mas deixando-o refém da crise. Mas o cenário ideal – e o menos provável – é o de esquecer esta idéia de tentar agradar as elites e se voltar para as nossas bandeiras históricas implantando mudanças profundas no governo. Não dá para fazer um omelete sem quebrar os ovos”.
Golpe da direita – Altamiro Borges concorda com a teoria de que há um golpe da elite em curso contra o presidente Lula. “Não é um golpe tradicional como o que ocorreu com os militares. Hoje há uma ditadura no país que é econômica e midiática. Ou alguém acredita que o PSDB e o PFL estão preocupados com a moralidade na política? Essa crise está revelando toda a hipocrisia da direita e que a nossa democracia é de fachada. No governo FHC houve uma série de corrupção que a mídia escondeu”, afirmou.
Para ele, a crise evidenciou que a mídia tem o poder, não só econômico, como político também. “A mídia e a direita estão atacando o governo Lula com tanta violência por duas razões. A primeira é uma questão de classe. A elite tem nojo da gente e é intolerável para ela pensar que o país está sendo governado por um operário. A segunda razão é a discordância da nossa política. A econômica eles gostam, mas a relação que o governo estabeleceu com o movimento social é insuportável para eles”, finalizou.
Fonte: Fábio Jammal Makhoul – CNB/CUT
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Por Mhais• 30 de julho de 2005• 22:05• Sem categoria
Jornalista critica imprensa e a elite na abertura do Congresso
(São Paulo) Uma análise sistemática da atual crise política agitou os participantes da 7ª Conferência Nacional dos Bancários agora de manhã, na abertura do evento. O jornalista Altamiro Borges, editor da revista Debate Sindical e autor, com Marcio Pochmann, do livro “Era FHC: A regressão do trabalho”, arrancou aplausos dos bancários durante toda a sua exposição e esquentou o debate.
Para ele, a atual crise é extremamente grave e complexa, mas – acima de tudo – revela que o esquema é inerente ao nosso sistema político. “Esta semana temos novas revelações que envolvem a presidência do PSDB no escândalo de Marcos Valério. O caixa 2 é um problema seriíssimo do nosso sistema. Temos um esquema viciado para eleição e para a manutenção da governabilidade que gera imoralidade. Se apurarmos todo o período FHC vamos entrar num mar de lama incrível porque há pelo menos dez casos de corrupção gravíssimos em sua gestão. E se a CPI for a fundo nas investigações, as cassações não vão ficar restritas a uma meia dúzia, mas pode atingir os trezentos picaretas que o Lula falou certa vez”, afirmou.
Segundo Altamiro, os movimentos sociais – principalmente o sindical – está diante de uma encruzilhada histórica. “Precisamos discutir a melhor maneira para salvarmos o governo Lula. Porque se ele não der certo, seremos ultrapassados pela direita. E aí teremos de comer muito arroz para vermos a esquerda no poder de novo”.
O jornalista disse que é difícil fazer qualquer prognóstico da crise, que ainda será longa e dolorosa, segundo ele. “A crise refluiu um pouco esta semana, mas não sou tão otimista. Acho que a oposição, se tiver oportunidade, vai tentar chegar ao impeachment. Outro cenário possível – e mais viável – é o de a oposição sangrar o que puder sem derrubar o presidente, mas deixando-o refém da crise. Mas o cenário ideal – e o menos provável – é o de esquecer esta idéia de tentar agradar as elites e se voltar para as nossas bandeiras históricas implantando mudanças profundas no governo. Não dá para fazer um omelete sem quebrar os ovos”.
Golpe da direita – Altamiro Borges concorda com a teoria de que há um golpe da elite em curso contra o presidente Lula. “Não é um golpe tradicional como o que ocorreu com os militares. Hoje há uma ditadura no país que é econômica e midiática. Ou alguém acredita que o PSDB e o PFL estão preocupados com a moralidade na política? Essa crise está revelando toda a hipocrisia da direita e que a nossa democracia é de fachada. No governo FHC houve uma série de corrupção que a mídia escondeu”, afirmou.
Para ele, a crise evidenciou que a mídia tem o poder, não só econômico, como político também. “A mídia e a direita estão atacando o governo Lula com tanta violência por duas razões. A primeira é uma questão de classe. A elite tem nojo da gente e é intolerável para ela pensar que o país está sendo governado por um operário. A segunda razão é a discordância da nossa política. A econômica eles gostam, mas a relação que o governo estabeleceu com o movimento social é insuportável para eles”, finalizou.
Fonte: Fábio Jammal Makhoul – CNB/CUT
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