fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 10:39 Sem categoria

Feministas de 30 países defendem radicalização da democracia

Mais de 1.200 mulheres participaram do 10º Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, em Serra Negra-SP. Elas querem que questões como raça, etnia, juventude e lesbianismo sejam colocadas como centrais no debate para combater pobreza, violência e desigualdades. Polêmica girou em torno da inclusão das transexuais no movimento.

O feminismo tem feito contribuições importantes para a democratização da América Latina nas últimas três décadas. Ao defender que não basta haver apenas uma democracia formal e institucional, o movimento reafirma que é fundamental que ela também esteja presente nas relações sociais e de poder entre homens e mulheres, adultos e crianças, heterossexuais e homossexuais, negros e brancos. Foi para discutir questões como essas, e ainda os desafios e perspectivas do movimento feminista na região, que mais de 1.200 mulheres, provenientes de cerca de 30 países, se reuniram na cidade de Serra Negra, em São Paulo, de 9 a 12 de outubro, no 10º Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe.

“É preciso democratizar as relações sociais, humanas e de poder. A democracia precisa ser parte da vida social”, resume Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão e uma das organizadoras do encontro. As feministas consideram que o racismo, o etnocentrismo, o lesbianismo, e a juventude – os quatro focos do encontro -, muitas vezes tidos como questões particulares, devem ser colocados como centrais para uma América Latina democrática, já que a democracia pressupõe inclusão. O feminismo tem sido um dos responsáveis por levar esses temas com mais força para o âmbito dos movimentos sociais.

Esse aprofundamento da democracia se torna mais urgente por conta da situação extrema de pobreza e desigualdade em que se encontra o continente hoje e que atinge principalmente as mulheres. “No encontro, foi colocado como fundamental ter a utopia como perspectiva, como um lugar de chegada, mas também é preciso mostrar os passos principais na prática política para enfrentar a pobreza, a violência e as desigualdades que assolam a região. Precisamos dar respostas emergenciais para a vida das mulheres como um todo”, completa Jacira.

Jovens feministas

O encontro está sendo considerado um marco histórico da participação da juventude no movimento feminista, já que as mulheres com até trinta anos representaram cerca de 25% das presentes em Serra Negra e a questão foi incluída como um dos quatro focos principais do debate. Já era uma reivindicação antiga da crescente mobilização das jovens feministas no continente a inclusão desse ponto na pauta dos encontros e há mais de um ano elas vinham se articulando nesse sentido na América Latina. No quinto Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no início desse ano, representantes desses grupos se reuniram para debater as demandas em comum que seriam levadas a Serra Negra e criaram canais de discussão permanente.

Entre as questões internas ao próprio movimento levadas por elas ao encontro, destacam-se a necessidade de formação de lideranças jovens, de abertura de canais de participação efetiva para esse grupo, principalmente nas instâncias decisórias, e a falta de um diálogo de igual para igual, por conta da hierarquização do movimento. Ou seja, elas querem que o discurso de radicalização da democracia seja válido também para dentro do próprio movimento, nas relações internas de poder.

“Antes havia o pressuposto de que as feministas deveriam ter mais de trinta anos, mas estamos desconstruindo essa idéia. A juventude é importante para a renovação do movimento e para trazer outras demandas como acesso a direitos sexuais e reprodutivos, aborto, inserção no mercado de trabalho e acesso à educação”, afirma Ana Adeve, que faz parte das Jovens Feministas de São Paulo da Rede Jovens Brasil de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Para ela, o encontro deu visibilidade à participação das jovens, que realizaram diversas reuniões e atividades em Serra Negra para fortalecer a articulação entre elas e levar a questão geracional para o debate. Tudo isso resultou na criação da Rede de Jovens Feministas na América Latina.

As mulheres que estão há mais tempo nessa luta acreditam que o feminismo tem uma história que precisa ser repassada e renovada, por isso a importância da convivência entre as feministas mais velhas e as mais novas. “Incorporar as jovens e discutir a questão da juventude é um grande desafio. É difícil integrar as jovens porque elas têm uma vivência social diferente, com mais liberdade e mais direitos. Ainda que falte um longo caminho a ser percorrido, elas vivem numa sociedade com mais igualdade e a questão de gênero não é mais tão estimulante”, diz Vera Vieira coordenadora executiva da Rede Mulher de Educação.

Transexuais

A questão mais polêmica girou em torno da inclusão ou não, no próximo encontro, que será realizado no México, em 2008, as organizadoras receberam mensagens das transexuais reivindicando a participação. Esse debate, bastante recente e por isso ainda pouco aprofundada no movimento, trouxe diversas controvérsias. “Em que corpo cabe o feminismo? Essa é a grande discussão e o movimento ainda não estava preparado para ela”, acredita Vera. Como o feminismo busca o reconhecimento do diferente, elas resolveram aceitar as transexuais como sujeitos legítimos e até lá o debate deverá ser amadurecido.

Fonte: Fernanda Sucupira – Agência Carta Maior

Por 10:39 Notícias

Feministas de 30 países defendem radicalização da democracia

Mais de 1.200 mulheres participaram do 10º Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, em Serra Negra-SP. Elas querem que questões como raça, etnia, juventude e lesbianismo sejam colocadas como centrais no debate para combater pobreza, violência e desigualdades. Polêmica girou em torno da inclusão das transexuais no movimento.
O feminismo tem feito contribuições importantes para a democratização da América Latina nas últimas três décadas. Ao defender que não basta haver apenas uma democracia formal e institucional, o movimento reafirma que é fundamental que ela também esteja presente nas relações sociais e de poder entre homens e mulheres, adultos e crianças, heterossexuais e homossexuais, negros e brancos. Foi para discutir questões como essas, e ainda os desafios e perspectivas do movimento feminista na região, que mais de 1.200 mulheres, provenientes de cerca de 30 países, se reuniram na cidade de Serra Negra, em São Paulo, de 9 a 12 de outubro, no 10º Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe.
“É preciso democratizar as relações sociais, humanas e de poder. A democracia precisa ser parte da vida social”, resume Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão e uma das organizadoras do encontro. As feministas consideram que o racismo, o etnocentrismo, o lesbianismo, e a juventude – os quatro focos do encontro -, muitas vezes tidos como questões particulares, devem ser colocados como centrais para uma América Latina democrática, já que a democracia pressupõe inclusão. O feminismo tem sido um dos responsáveis por levar esses temas com mais força para o âmbito dos movimentos sociais.
Esse aprofundamento da democracia se torna mais urgente por conta da situação extrema de pobreza e desigualdade em que se encontra o continente hoje e que atinge principalmente as mulheres. “No encontro, foi colocado como fundamental ter a utopia como perspectiva, como um lugar de chegada, mas também é preciso mostrar os passos principais na prática política para enfrentar a pobreza, a violência e as desigualdades que assolam a região. Precisamos dar respostas emergenciais para a vida das mulheres como um todo”, completa Jacira.
Jovens feministas
O encontro está sendo considerado um marco histórico da participação da juventude no movimento feminista, já que as mulheres com até trinta anos representaram cerca de 25% das presentes em Serra Negra e a questão foi incluída como um dos quatro focos principais do debate. Já era uma reivindicação antiga da crescente mobilização das jovens feministas no continente a inclusão desse ponto na pauta dos encontros e há mais de um ano elas vinham se articulando nesse sentido na América Latina. No quinto Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no início desse ano, representantes desses grupos se reuniram para debater as demandas em comum que seriam levadas a Serra Negra e criaram canais de discussão permanente.
Entre as questões internas ao próprio movimento levadas por elas ao encontro, destacam-se a necessidade de formação de lideranças jovens, de abertura de canais de participação efetiva para esse grupo, principalmente nas instâncias decisórias, e a falta de um diálogo de igual para igual, por conta da hierarquização do movimento. Ou seja, elas querem que o discurso de radicalização da democracia seja válido também para dentro do próprio movimento, nas relações internas de poder.
“Antes havia o pressuposto de que as feministas deveriam ter mais de trinta anos, mas estamos desconstruindo essa idéia. A juventude é importante para a renovação do movimento e para trazer outras demandas como acesso a direitos sexuais e reprodutivos, aborto, inserção no mercado de trabalho e acesso à educação”, afirma Ana Adeve, que faz parte das Jovens Feministas de São Paulo da Rede Jovens Brasil de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. Para ela, o encontro deu visibilidade à participação das jovens, que realizaram diversas reuniões e atividades em Serra Negra para fortalecer a articulação entre elas e levar a questão geracional para o debate. Tudo isso resultou na criação da Rede de Jovens Feministas na América Latina.
As mulheres que estão há mais tempo nessa luta acreditam que o feminismo tem uma história que precisa ser repassada e renovada, por isso a importância da convivência entre as feministas mais velhas e as mais novas. “Incorporar as jovens e discutir a questão da juventude é um grande desafio. É difícil integrar as jovens porque elas têm uma vivência social diferente, com mais liberdade e mais direitos. Ainda que falte um longo caminho a ser percorrido, elas vivem numa sociedade com mais igualdade e a questão de gênero não é mais tão estimulante”, diz Vera Vieira coordenadora executiva da Rede Mulher de Educação.
Transexuais
A questão mais polêmica girou em torno da inclusão ou não, no próximo encontro, que será realizado no México, em 2008, as organizadoras receberam mensagens das transexuais reivindicando a participação. Esse debate, bastante recente e por isso ainda pouco aprofundada no movimento, trouxe diversas controvérsias. “Em que corpo cabe o feminismo? Essa é a grande discussão e o movimento ainda não estava preparado para ela”, acredita Vera. Como o feminismo busca o reconhecimento do diferente, elas resolveram aceitar as transexuais como sujeitos legítimos e até lá o debate deverá ser amadurecido.
Fonte: Fernanda Sucupira – Agência Carta Maior

Close