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Por 18:21 Notícias

Marchas e debates marcam comemoração do Dia da Consciência Negra em todo o Brasil

Brasília – O Dia da Consciência Negra foi marcado por passeatas, marchas, atividades culturais e debates em todo o país. Em São Paulo, a Parada Negra reuniu cerca de 10 mil pessoas desde a Avenida Paulista até a Assembléia Legislativa. No Rio, houve concentração nas proximidades do monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas. Em ambas capitais, houve atos ecumênicos com representantes das religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda), católica e evangélica. No Recife e em Brasília, também foram celebrados atos em referência a história de Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes contra a escravidão do país.
Em São Paulo, dois eventos se juntaram para comemorar a data e manifestar repúdio à discriminação racial. A Parada Negra e Marcha pela Consciência Negra. Em manifesto assinado, os organizadores defendiam a votação imediata do Estatuto da Igualdade Racial e do projeto de lei que prevê cotas nas universidades, além do fim da violência policial contra jovens negros e pela melhoria da escola pública. O ato foi organizado por cerca de 30 entidades. Entre elas, Zumbi Livre, União de Negros pela Igualdade, Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Comissão de Negros e Assuntos Anti-discriminatórios da OAB-SP, Coletivo de Estudantes Negros de São Paulo e Marcha Mundial de Mulheres.
“O único jeito de a gente romper com essa situação de discrimnação, desigualdade e racimos é estar organizado. E nós temos essa unidade política. Hoje estão aqui, vários partidos, várias entidades e representantes de várias religiões. Nós somos capazes de conviver sem racismo, sem machismo, sem homofobia, e sem intolerância religiosa. Apesar disso o Brasil é racista. O racismo sempre foi cordial, camuflado, mas o país é racista”, disse Flávio Jorge, integrante da ONG Soweto e filiado à Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
Para Dojival Vieira, presidente da ABC Sem Racismo, um dos líderes da Parada Negra, todo mundo reconhece que o Brasil é desigual socialmente. Mas, segundo ele, a maioria esquece que “essa desigualdade se estrutura na desigualdade racial, fruto de muitos anos de racismo”. Segundo um estudo do Departamento Intersindical de Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), publicado na semana passada, os negros correspondem a 55,3% dos desempregados em seis regiões metropolitanas brasileiras, apesar de representarem apenas 46,6% da população economicamente ativa (PEA) desses locais.
No Rio de Janeiro, o coordenador executivo da Subsecretaria Adjunta de Políticas Públicas Contra a Discriminação Racial do estado, Nayt Junior, esteve presente no evento e disse que o Dia Nacional da Consciência Negra é importante para os movimentos que lutam por políticas públicas de combate ao racismo.
Durante o evento, mais de 100 estudantes de cursos pré-vestibulares comunitários fizeram manifestação contra a decisão do prefeito da cidade, César Maia, de proibir o uso noturno das instalações das escolas públicas municipais para os cursos pré-vestibulares de estudantes de comunidades populares. Os estudantes carregavam faixas reivindicando que o prefeito volte atrás na decisão.
Comemorado há 35 anos, o Dia Nacional da Consciência Negra lembra o assassinato de Zumbi, morto em 1695 e considerado o mais importante líder do quilombo de Palmares (AL), maior e mais importante comunidade de escravos, com população estimada de mais de 30 mil pessoas.
Em 1971, o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez no Brasil. Segundo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado.
Matéria alterada às 21h32 para correção de informação (texto original dizia que a data é comemorada há 32 anos).
Por Bruno Bocchini, Beatriz Mota, Irene Lôbo, Aloisio Milani – Da Agência Brasil
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.
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Parada Negra reúne milhares em SP e defende cotas nas universidades
Dia Nacional da Consciência Negra foi comemorado com manifestação política e cultural contra todas as formas de discriminação. Na pauta, a reivindicação por cotas nas universidades e pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.
SÃO PAULO – Mais de 12 mil pessoas foram às ruas de São Paulo nesta segunda-feira (20), Dia Nacional da Consciência Negra, criado em memória à morte de Zumbi dos Palmares. Os manifestantes tomaram o centro da cidade pela manhã e ocuparam a Avenida Paulista no começo da tarde. Em seguida, seguiram para a Assembléia Legislativa de São Paulo, onde simbolicamente pediram apoio dos deputados estaduais às políticas afirmativas do governo federal, como as cotas raciais nas universidades.
“Dizem que as cotas vão incentivar o preconceito na sociedade. Pois eu acho que já existe uma cota racial preenchida pelos brancos: afinal, 98% dos universitários brasileiros são dessa cor; eles têm um salário 48,9% maior do que os negros e pardos; e dentre todos os que fazem mestrado e doutorado no Brasil, só 76 são negros”, avalia o professor Antônio Jacinto, militante da organização Brasil Afirmativo e um dos organizadores da Parada Negra.
Na opinião da representante da organização não-governamental Fala Preta!, Deise Benedito, infelizmente já há cotas preenchidas pelos negros no Brasil, que deveriam ser motivo de vergonha para a classe média: “temos nossas cotas nas favelas, nos presídios, entre os moradores de rua”.
Deise crê ser a hora dos negros ocuparem espaços majoritariamente brancos, como as universidades, sem descuidar de vôos maiores. “Temos que disputar o poder público. Não basta ter cotas”, diz, referindo-se às derrotas parlamentares de representantes dos movimentos negros nas últimas eleições.
As reivindicações do movimento negro no Brasil vão além das cotas raciais. Elas incluem as políticas afirmativas listadas no Estatuto da Igualdade Racial, proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS) ao Congresso Nacional.
Dentre elas, está a luta por políticas voltadas para os negros no emprego e no mercado de trabalho. A diretora da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Ana Talina Lourenço, lembra que 55% dos trabalhadores sem emprego no país são negros. “Quando vem o desemprego, são os negros e negras que perdem o trabalho”, diz.
O Estatuto da Igualdade Racial prevê que, através do sistema de cotas, haverá reserva de vagas para a população afrodescendente no setor público como um todo, incluindo as empresas estatais. Setores da iniciativa privada que derem preferência para a contratação de negros receberão benefícios do governo federal.
No que tange à saúde, as pesquisas científicas que tiverem como foco as doenças prevalentes na população negra receberão incentivo do Ministério da Saúde. A prevenção e o tratamento dessas doenças também será garantido pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
No setor educacional, há a luta pela criação de fato, no ensino público e privado, de uma disciplina obrigatória sobre História da África e do Negro no Brasil. Aprovada em 2003, a lei 10639 prevê essa obrigatoriedade, mas poucas escolas a cumprem de fato. O principal argumento é de falta de professores preparados para dar aulas de História da África.
Por fim, o Estatuto propõe a criação de um Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial, para financiar diversas políticas sociais favoráveis à inclusão social dos afrodescendentes em todo o país.
Racismo velado
Para as organizações do movimento negro, uma dificuldade no combate ao racismo é que ele não é reconhecido pela população brasileira em geral. A tese da “democracia racial”, defendida por setores conservadores da sociedade, apela para a miscigenação como “prova” de que não existe preconceito por aqui.
Mas o caso do jornalista Dojival Vieira, diretor da agência de notícias Afropress, mostra o contrário. Há um mês atrás, em 25 de outubro, Vieira foi ameaçado de morte pela organização neonazista “White Power São Paulo”, com origem na capital do estado.
Vieira, que também organizou a Parada da Consciência Negra, é classificado pela gangue como um inimigo da pureza racial, assim como a delegada Margareth Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância de São Paulo. O website neonazista inclui fotos dos dois.
Apesar da recente ameça, o jornalista avalia positivamente o resultado da marcha. “O nosso propósito era agregar amplos setores da sociedade na Parada da Consciência Negra. E acho que conseguimos”, afirmou, referindo-se à importância da participação também dos que não são militantes neste processo. “O povo, e não só quem milita pelos negros, precisa ter clareza de que existe preconceito e desigualdade racial em nosso país”, reflete.
Por Rafael Sampaio – colaborou Bia Barbosa.
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.agenciacartamaior.com.br.
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Marcha de 10 mil em Salvador no dia de Zumbi
Salvador da Bahia, a maior cidade negra fora da África e capital baiana de todas as cores, neste 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, celebrou a data com uma caminhada pelas ruas centrais organizada pela Coordenação Nacional de Entidades Negras. O ator Lázaro Ramos foi o destaque na caminhada que contou com a participação de mais de 10 mil pessoas.
A marcha que recebeu o nome de Caminhada Zumbi dos Palmares, em homenagem a este herói do povo brasileiro assassinado em 1695 neste dia , ocorre em Salvador há quase 30 anos. Tradicionalmente ela é uma celebração à luta anti-racista e aglutina a maioria das correntes desse movimento. Este ano, a defesa da implantação do sistema de cotas raciais para o ingresso na universidade e pela aprovação no Congresso Nacional do Estatuto da Igualdade Racial que entre outras medidas de combate ao racismo inclui a dimensão racial nas políticas públicas desenvolvidas pelo Estado, foram bandeiras destacadas.
A saída do largo do Campo Grande, ocorreu com atraso, mas nem por isso com menor entusiasmo e participação. Na praça da Piedade, uma parada em homenagem aos quatro jovens heróis negros da Revolta dos Alfaiates enforcados naquela praça em 1798. O busto de Lucas Dantas (24 anos), Luís Gonzaga das Virgens (36 anos), Manuel Faustino dos Santos Lira (18 anos) e João de Deus Nascimento (24 anos) estão em cada canto da praça numa homenagem aos heróis do povo brasileiro na luta pela libertação dos escravos e pela Proclamação da República. Um representante do CECUP – Centro de Educação e Cultura Popular contou um pouco da história da Revolta dos Alfaiates, também chamada de Revolta dos Búzios ou Conjuração Baiana e defendeu a Lei 10.639 que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio.
No mesmo local, após cantar uma música do Grupo Ilê Ayê que fala de Zumbi, Lázaro Ramos disse que “É muito bom estar aqui porque é uma forma de dizer : olhem, dêem atenção a gente não só quando a gente toca tambor, mas dêem atenção a gente também quando a gente reivindica nossos direitos, para quando a gente celebra Zumbi dos Palmares. O Foguinho, da novela, citou também uma frase da cantora negra norte-americana, Nina Simone: “Eu não quero ser o palhaço da sociedade, eu quero estar integrada à sociedade plenamente” . E, reforçou: “Eu como artista digo que quero estar integrado à sociedade em todos os setores, não só no meio artístico”.
A vereadora Olívia Santana (PCdoB) é autora da sessão especial da Câmara Municipal de Salvador em homenagem ao ator baiano. A entrega da medalha Tomé de Souza ao ator , que em 1995 interpretou no teatro o grande líder negro Zumbi dos Palmares, é parte das atividades da Comissão de Reparação da Câmara Municipal.
Era noite, quando a manifestação se encerrou e o plenário da Câmara Municipal ficou pequeno para o grande número de presentes.
Olívia fala sobre raça e classe *
P- O que o povo brasileiro tem a comemorar neste 20 de novembro?
R- “Comemora-se em primeiro lugar a ampliação da consciência da sociedade brasileira sobre o racismo. As manifestações que vêm crescendo em todo o Brasil em torno do Dia Nacional da Consciência Negra revelam a existência de uma “massa crítica” quanto às relações sociais no Brasil. É preciso ter um projeto de luta nesse país que eu como comunista defendo que seja a construção do socialismo. É preciso construir uma experiência nesse país onde a luta pela promoção da igualdade racial esteja articulada com a luta de gênero e principalmente com a luta de classe. O projeto de superação da desigualdade de classe precisa estar articulado com uma visão de promoção da igualdade racial . As desigualdades são múltiplas, mas a questão de gênero e raça são também questões estruturantes que tem a ver com a fundação da sociedade brasileira. Esse é o grande ganho que nós tivemos extrapolando as fronteiras do movimento negro e que a sociedade não veja o racismo como o problema do negro, mas que é um problema que impede o desenvolvimento social, econômico e cultural do nosso país”.
P- Fale sobre o entrelaçamento da questão de classe e raça
R- “Vivemos numa sociedade capitalista onde a questão racial é utilizada como um elemento que aprofunda as desigualdades, esse fosso que separa as elites da grande maioria do povo brasileiro. A variável de raça está presente em todos os indicadores sociais de exclusão. Recentemente, o IBGE apresentou dados que revelam que o negro ganha a metade do que ganha um trabalhador branco e que o negro tem menos acesso à universidade dos que os brancos. Portanto, são elementos que recortam toda a vida social brasileira. Nós encontramos racismo em todo lugar. O capitalismo se utiliza da exploração e da visão de subalternidade da população negra.”
* Ping Pong com Fernando Udo.
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.vermelho.org.br.

Por 18:21 Sem categoria

Marchas e debates marcam comemoração do Dia da Consciência Negra em todo o Brasil

Brasília – O Dia da Consciência Negra foi marcado por passeatas, marchas, atividades culturais e debates em todo o país. Em São Paulo, a Parada Negra reuniu cerca de 10 mil pessoas desde a Avenida Paulista até a Assembléia Legislativa. No Rio, houve concentração nas proximidades do monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas. Em ambas capitais, houve atos ecumênicos com representantes das religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda), católica e evangélica. No Recife e em Brasília, também foram celebrados atos em referência a história de Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes contra a escravidão do país.

Em São Paulo, dois eventos se juntaram para comemorar a data e manifestar repúdio à discriminação racial. A Parada Negra e Marcha pela Consciência Negra. Em manifesto assinado, os organizadores defendiam a votação imediata do Estatuto da Igualdade Racial e do projeto de lei que prevê cotas nas universidades, além do fim da violência policial contra jovens negros e pela melhoria da escola pública. O ato foi organizado por cerca de 30 entidades. Entre elas, Zumbi Livre, União de Negros pela Igualdade, Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Comissão de Negros e Assuntos Anti-discriminatórios da OAB-SP, Coletivo de Estudantes Negros de São Paulo e Marcha Mundial de Mulheres.

“O único jeito de a gente romper com essa situação de discrimnação, desigualdade e racimos é estar organizado. E nós temos essa unidade política. Hoje estão aqui, vários partidos, várias entidades e representantes de várias religiões. Nós somos capazes de conviver sem racismo, sem machismo, sem homofobia, e sem intolerância religiosa. Apesar disso o Brasil é racista. O racismo sempre foi cordial, camuflado, mas o país é racista”, disse Flávio Jorge, integrante da ONG Soweto e filiado à Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).

Para Dojival Vieira, presidente da ABC Sem Racismo, um dos líderes da Parada Negra, todo mundo reconhece que o Brasil é desigual socialmente. Mas, segundo ele, a maioria esquece que “essa desigualdade se estrutura na desigualdade racial, fruto de muitos anos de racismo”. Segundo um estudo do Departamento Intersindical de Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), publicado na semana passada, os negros correspondem a 55,3% dos desempregados em seis regiões metropolitanas brasileiras, apesar de representarem apenas 46,6% da população economicamente ativa (PEA) desses locais.

No Rio de Janeiro, o coordenador executivo da Subsecretaria Adjunta de Políticas Públicas Contra a Discriminação Racial do estado, Nayt Junior, esteve presente no evento e disse que o Dia Nacional da Consciência Negra é importante para os movimentos que lutam por políticas públicas de combate ao racismo.

Durante o evento, mais de 100 estudantes de cursos pré-vestibulares comunitários fizeram manifestação contra a decisão do prefeito da cidade, César Maia, de proibir o uso noturno das instalações das escolas públicas municipais para os cursos pré-vestibulares de estudantes de comunidades populares. Os estudantes carregavam faixas reivindicando que o prefeito volte atrás na decisão.

Comemorado há 35 anos, o Dia Nacional da Consciência Negra lembra o assassinato de Zumbi, morto em 1695 e considerado o mais importante líder do quilombo de Palmares (AL), maior e mais importante comunidade de escravos, com população estimada de mais de 30 mil pessoas.

Em 1971, o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez no Brasil. Segundo a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado.

Matéria alterada às 21h32 para correção de informação (texto original dizia que a data é comemorada há 32 anos).

Por Bruno Bocchini, Beatriz Mota, Irene Lôbo, Aloisio Milani – Da Agência Brasil

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.
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Parada Negra reúne milhares em SP e defende cotas nas universidades

Dia Nacional da Consciência Negra foi comemorado com manifestação política e cultural contra todas as formas de discriminação. Na pauta, a reivindicação por cotas nas universidades e pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

SÃO PAULO – Mais de 12 mil pessoas foram às ruas de São Paulo nesta segunda-feira (20), Dia Nacional da Consciência Negra, criado em memória à morte de Zumbi dos Palmares. Os manifestantes tomaram o centro da cidade pela manhã e ocuparam a Avenida Paulista no começo da tarde. Em seguida, seguiram para a Assembléia Legislativa de São Paulo, onde simbolicamente pediram apoio dos deputados estaduais às políticas afirmativas do governo federal, como as cotas raciais nas universidades.

“Dizem que as cotas vão incentivar o preconceito na sociedade. Pois eu acho que já existe uma cota racial preenchida pelos brancos: afinal, 98% dos universitários brasileiros são dessa cor; eles têm um salário 48,9% maior do que os negros e pardos; e dentre todos os que fazem mestrado e doutorado no Brasil, só 76 são negros”, avalia o professor Antônio Jacinto, militante da organização Brasil Afirmativo e um dos organizadores da Parada Negra.

Na opinião da representante da organização não-governamental Fala Preta!, Deise Benedito, infelizmente já há cotas preenchidas pelos negros no Brasil, que deveriam ser motivo de vergonha para a classe média: “temos nossas cotas nas favelas, nos presídios, entre os moradores de rua”.

Deise crê ser a hora dos negros ocuparem espaços majoritariamente brancos, como as universidades, sem descuidar de vôos maiores. “Temos que disputar o poder público. Não basta ter cotas”, diz, referindo-se às derrotas parlamentares de representantes dos movimentos negros nas últimas eleições.

As reivindicações do movimento negro no Brasil vão além das cotas raciais. Elas incluem as políticas afirmativas listadas no Estatuto da Igualdade Racial, proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS) ao Congresso Nacional.

Dentre elas, está a luta por políticas voltadas para os negros no emprego e no mercado de trabalho. A diretora da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Ana Talina Lourenço, lembra que 55% dos trabalhadores sem emprego no país são negros. “Quando vem o desemprego, são os negros e negras que perdem o trabalho”, diz.

O Estatuto da Igualdade Racial prevê que, através do sistema de cotas, haverá reserva de vagas para a população afrodescendente no setor público como um todo, incluindo as empresas estatais. Setores da iniciativa privada que derem preferência para a contratação de negros receberão benefícios do governo federal.

No que tange à saúde, as pesquisas científicas que tiverem como foco as doenças prevalentes na população negra receberão incentivo do Ministério da Saúde. A prevenção e o tratamento dessas doenças também será garantido pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

No setor educacional, há a luta pela criação de fato, no ensino público e privado, de uma disciplina obrigatória sobre História da África e do Negro no Brasil. Aprovada em 2003, a lei 10639 prevê essa obrigatoriedade, mas poucas escolas a cumprem de fato. O principal argumento é de falta de professores preparados para dar aulas de História da África.

Por fim, o Estatuto propõe a criação de um Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial, para financiar diversas políticas sociais favoráveis à inclusão social dos afrodescendentes em todo o país.

Racismo velado

Para as organizações do movimento negro, uma dificuldade no combate ao racismo é que ele não é reconhecido pela população brasileira em geral. A tese da “democracia racial”, defendida por setores conservadores da sociedade, apela para a miscigenação como “prova” de que não existe preconceito por aqui.

Mas o caso do jornalista Dojival Vieira, diretor da agência de notícias Afropress, mostra o contrário. Há um mês atrás, em 25 de outubro, Vieira foi ameaçado de morte pela organização neonazista “White Power São Paulo”, com origem na capital do estado.

Vieira, que também organizou a Parada da Consciência Negra, é classificado pela gangue como um inimigo da pureza racial, assim como a delegada Margareth Barreto, da Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância de São Paulo. O website neonazista inclui fotos dos dois.

Apesar da recente ameça, o jornalista avalia positivamente o resultado da marcha. “O nosso propósito era agregar amplos setores da sociedade na Parada da Consciência Negra. E acho que conseguimos”, afirmou, referindo-se à importância da participação também dos que não são militantes neste processo. “O povo, e não só quem milita pelos negros, precisa ter clareza de que existe preconceito e desigualdade racial em nosso país”, reflete.

Por Rafael Sampaio – colaborou Bia Barbosa.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.agenciacartamaior.com.br.
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Marcha de 10 mil em Salvador no dia de Zumbi

Salvador da Bahia, a maior cidade negra fora da África e capital baiana de todas as cores, neste 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, celebrou a data com uma caminhada pelas ruas centrais organizada pela Coordenação Nacional de Entidades Negras. O ator Lázaro Ramos foi o destaque na caminhada que contou com a participação de mais de 10 mil pessoas.

A marcha que recebeu o nome de Caminhada Zumbi dos Palmares, em homenagem a este herói do povo brasileiro assassinado em 1695 neste dia , ocorre em Salvador há quase 30 anos. Tradicionalmente ela é uma celebração à luta anti-racista e aglutina a maioria das correntes desse movimento. Este ano, a defesa da implantação do sistema de cotas raciais para o ingresso na universidade e pela aprovação no Congresso Nacional do Estatuto da Igualdade Racial que entre outras medidas de combate ao racismo inclui a dimensão racial nas políticas públicas desenvolvidas pelo Estado, foram bandeiras destacadas.

A saída do largo do Campo Grande, ocorreu com atraso, mas nem por isso com menor entusiasmo e participação. Na praça da Piedade, uma parada em homenagem aos quatro jovens heróis negros da Revolta dos Alfaiates enforcados naquela praça em 1798. O busto de Lucas Dantas (24 anos), Luís Gonzaga das Virgens (36 anos), Manuel Faustino dos Santos Lira (18 anos) e João de Deus Nascimento (24 anos) estão em cada canto da praça numa homenagem aos heróis do povo brasileiro na luta pela libertação dos escravos e pela Proclamação da República. Um representante do CECUP – Centro de Educação e Cultura Popular contou um pouco da história da Revolta dos Alfaiates, também chamada de Revolta dos Búzios ou Conjuração Baiana e defendeu a Lei 10.639 que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio.

No mesmo local, após cantar uma música do Grupo Ilê Ayê que fala de Zumbi, Lázaro Ramos disse que “É muito bom estar aqui porque é uma forma de dizer : olhem, dêem atenção a gente não só quando a gente toca tambor, mas dêem atenção a gente também quando a gente reivindica nossos direitos, para quando a gente celebra Zumbi dos Palmares. O Foguinho, da novela, citou também uma frase da cantora negra norte-americana, Nina Simone: “Eu não quero ser o palhaço da sociedade, eu quero estar integrada à sociedade plenamente” . E, reforçou: “Eu como artista digo que quero estar integrado à sociedade em todos os setores, não só no meio artístico”.

A vereadora Olívia Santana (PCdoB) é autora da sessão especial da Câmara Municipal de Salvador em homenagem ao ator baiano. A entrega da medalha Tomé de Souza ao ator , que em 1995 interpretou no teatro o grande líder negro Zumbi dos Palmares, é parte das atividades da Comissão de Reparação da Câmara Municipal.

Era noite, quando a manifestação se encerrou e o plenário da Câmara Municipal ficou pequeno para o grande número de presentes.

Olívia fala sobre raça e classe *

P- O que o povo brasileiro tem a comemorar neste 20 de novembro?

R- “Comemora-se em primeiro lugar a ampliação da consciência da sociedade brasileira sobre o racismo. As manifestações que vêm crescendo em todo o Brasil em torno do Dia Nacional da Consciência Negra revelam a existência de uma “massa crítica” quanto às relações sociais no Brasil. É preciso ter um projeto de luta nesse país que eu como comunista defendo que seja a construção do socialismo. É preciso construir uma experiência nesse país onde a luta pela promoção da igualdade racial esteja articulada com a luta de gênero e principalmente com a luta de classe. O projeto de superação da desigualdade de classe precisa estar articulado com uma visão de promoção da igualdade racial . As desigualdades são múltiplas, mas a questão de gênero e raça são também questões estruturantes que tem a ver com a fundação da sociedade brasileira. Esse é o grande ganho que nós tivemos extrapolando as fronteiras do movimento negro e que a sociedade não veja o racismo como o problema do negro, mas que é um problema que impede o desenvolvimento social, econômico e cultural do nosso país”.

P- Fale sobre o entrelaçamento da questão de classe e raça

R- “Vivemos numa sociedade capitalista onde a questão racial é utilizada como um elemento que aprofunda as desigualdades, esse fosso que separa as elites da grande maioria do povo brasileiro. A variável de raça está presente em todos os indicadores sociais de exclusão. Recentemente, o IBGE apresentou dados que revelam que o negro ganha a metade do que ganha um trabalhador branco e que o negro tem menos acesso à universidade dos que os brancos. Portanto, são elementos que recortam toda a vida social brasileira. Nós encontramos racismo em todo lugar. O capitalismo se utiliza da exploração e da visão de subalternidade da população negra.”

* Ping Pong com Fernando Udo.

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