Uma miscelânea de cores, cartazes, faixas, batuques, motes de luta e protestos. Assim foi a Marcha do Dia Internacional da Mulher, organizada pelo Fórum Popular de Mulheres do Paraná, Coordenação dos Movimentos Sociais e Marcha Mundial das Mulheres, em Curitiba. Convictas de suas reivindicações, as trezentas militantes que participaram da passeata realizaram oito protestos durante a passeata, em diferentes locais e com distintos motes de luta. Inicialmente estavam previstos sete atos, mas o assassinato da trabalhadora Suzani Pereira da Rocha, de 23 anos, pelo seu ex-namorado, às vésperas do 8 de março, na Praça Tiradentes, em plena luz do dia, sensibilizou as manifestantes, que estenderam a marcha até o local do crime e fizeram um “minuto de muito barulho”. “Por muito tempo fizemos silêncio perante essas atrocidades, chega de ficarmos caladas, agora vamos fazer barulho”, justificou Melaine Macedo, ativista da Marcha Mundial de Mulheres.
1º Ato – INSS
A primeira parada da Marcha das Mulheres aconteceu em frente à sede do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e pediu aposentadoria para as donas de casa. “O trabalho doméstico não é menos digno do que qualquer outra função social. Não é justo que milhões de mulheres responsáveis pelos lares brasileiros fiquem sem esse direito”, apontou Melaine.
2º Ato – Ministério da Fazenda
A política econômica neoliberal foi o alvo do segundo ato da Marcha, que chegou a bloquear por alguns instantes a entrada do prédio sede do Ministério da Fazenda e Procuradoria da República no Paraná. “Fora Meirelles, fora!”, esse foi o grito que ecoou durante o protesto. As manifestantes destacaram que a discriminação da mulher no mercado de trabalho é mais um problema social gerado pelo neoliberalismo.
3º Ato – Associação Comercial do Paraná
“O padrão de beleza imposto pelo sistema capitalista prejudica e distorce a imagem e o papel da mulher na sociedade”, sob esta afirmação aconteceu o terceiro protesto da Marcha, em frente à Associação Comercial do Paraná. A mercantilização do corpo da mulher foi o tema do ato. “Não concordamos com a utilização das formas femininas para a venda de produtos comerciais, principalmente no mercado de bebidas, como nas propagandas de cerveja”, afirmou uma das militantes.
4º Ato – Agência Itaú
A discriminação no mercado de trabalho foi o tema do quarto protesto realizado nesse dia de luta. Marisa Stédile, presidenta do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, fez questão de ressaltar as diferenças salariais entre homens e mulheres trabalhadoras em instituições financeiras. De acordo com a última pesquisa do Dieese, encomendada pelo Sindicato, as bancárias ganham em média 30% menos que seus colegas homens. “O Paraná é um dos piores estados para se trabalhar na área financeira, perde apenas para o Acre. Aqui as mulheres têm o mesmo grau de escolaridade do que os homens, não ocupam cargos de chefia e na massa salarial ganham significativamente menos do que os homens”, afirmou.
5º Ato – Praça Tiradentes
A tristeza pela morte da balconista Suzani Pereira da Rocha, 23, comoveu algumas militantes, que chegaram a derramar lágrimas mesmo sem conhecê-la. Suzani foi assassinada pelo ex-namorado na tarde de quarta-feira (07/03), enquanto descansava do almoço, ao lado de duas colegas de trabalho, sentada na escada de um prédio comercial, na Praça Tiradentes. O crime motivou o quinto protesto da Marcha. Revoltadas, as mulheres realizaram “um minuto de muito barulho” para chamar a atenção da sociedade quanto à violência contra a mulher. “Até quando?”, questionavam as militantes.
6º Ato – Lojas C&A e Diva
O modelo de beleza que impera na sociedade contemporânea gerou o sexto ato da Marcha. Em frente às lojas C&A e Diva, as mulheres de luta manifestaram repúdio ao padrão imposto pelas indústrias da moda e de cosméticos. “Somos discriminadas se não nos encaixamos nesse modelo. Por isso, viva magras e gordas, negras e brancas, altas e baixas, enfim, todas as mulheres, sem nenhuma distinção”, declarou Eliana Maria dos Santos, secretária sobre a mulher trabalhadora da CUT-Paraná.
7º Ato – Mc Donald’s
Poucos metros à frente ocorreu nova parada. Dessa vez o alvo foi o Mc Donald’s, um dos maiores símbolos do imperialismo estadunidense no Brasil e no mundo. Lá as militantes feministas protestaram contra os alimentos transgênicos e a ‘comida de plástico’. “Não dá para fazer uma verdadeira jornada de lutas como esta sem tocar no tema transgênicos, que deve ser uma bandeira de toda sociedade, e não apenas dos movimentos sociais”, declarou Eliana.
8º Ato – Faculdades Facinter
O direito à educação foi abordado no último protesto da Marcha de Mulheres. As Faculdades Facinter, localizada na Boca Maldita, tradicional local de manifestações, foi escolhida como alvo. “Essa instituição tenta adquirir na justiça um mandato que impede os movimentos sociais de realizarem atos nas imediações. Querem nos calar, mas não vamos deixar”, afirmou Alessandra Cláudia de Oliveira, diretora do Sindicato dos Servidores Municipais (Sismuc) e militante da Marcha Mundial de Mulheres.
Antes de dar por encerrada a passeata, as mulheres fizeram um círculo e deram as mãos, simbolizando a união contra a violência, a opressão e a discriminação contra as mulheres
Fora Bush!
Momentos antes do final da Marcha, as mulheres se uniram a outros militantes que protestavam contra a presença do presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, no Brasil. Aos gritos de “fora Bush!”, os manifestantes atearam fogo na bandeira estadunidense. Logo após, estudantes da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) protestaram contra a guerra no Iraque com uma ‘briga de travesseiros’. “Guerra? Só se for de travesseiros”, brincou uma das estudantes.
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cutpr.org.br.
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Por Mhais• 9 de março de 2007• 14:46• Sem categoria
Oito atos numa única marcha – Diferentes reivindicações feministas marcaram o Dia Internacional da Mulher em Curitiba
Uma miscelânea de cores, cartazes, faixas, batuques, motes de luta e protestos. Assim foi a Marcha do Dia Internacional da Mulher, organizada pelo Fórum Popular de Mulheres do Paraná, Coordenação dos Movimentos Sociais e Marcha Mundial das Mulheres, em Curitiba. Convictas de suas reivindicações, as trezentas militantes que participaram da passeata realizaram oito protestos durante a passeata, em diferentes locais e com distintos motes de luta. Inicialmente estavam previstos sete atos, mas o assassinato da trabalhadora Suzani Pereira da Rocha, de 23 anos, pelo seu ex-namorado, às vésperas do 8 de março, na Praça Tiradentes, em plena luz do dia, sensibilizou as manifestantes, que estenderam a marcha até o local do crime e fizeram um “minuto de muito barulho”. “Por muito tempo fizemos silêncio perante essas atrocidades, chega de ficarmos caladas, agora vamos fazer barulho”, justificou Melaine Macedo, ativista da Marcha Mundial de Mulheres.
1º Ato – INSS
A primeira parada da Marcha das Mulheres aconteceu em frente à sede do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e pediu aposentadoria para as donas de casa. “O trabalho doméstico não é menos digno do que qualquer outra função social. Não é justo que milhões de mulheres responsáveis pelos lares brasileiros fiquem sem esse direito”, apontou Melaine.
2º Ato – Ministério da Fazenda
A política econômica neoliberal foi o alvo do segundo ato da Marcha, que chegou a bloquear por alguns instantes a entrada do prédio sede do Ministério da Fazenda e Procuradoria da República no Paraná. “Fora Meirelles, fora!”, esse foi o grito que ecoou durante o protesto. As manifestantes destacaram que a discriminação da mulher no mercado de trabalho é mais um problema social gerado pelo neoliberalismo.
3º Ato – Associação Comercial do Paraná
“O padrão de beleza imposto pelo sistema capitalista prejudica e distorce a imagem e o papel da mulher na sociedade”, sob esta afirmação aconteceu o terceiro protesto da Marcha, em frente à Associação Comercial do Paraná. A mercantilização do corpo da mulher foi o tema do ato. “Não concordamos com a utilização das formas femininas para a venda de produtos comerciais, principalmente no mercado de bebidas, como nas propagandas de cerveja”, afirmou uma das militantes.
4º Ato – Agência Itaú
A discriminação no mercado de trabalho foi o tema do quarto protesto realizado nesse dia de luta. Marisa Stédile, presidenta do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, fez questão de ressaltar as diferenças salariais entre homens e mulheres trabalhadoras em instituições financeiras. De acordo com a última pesquisa do Dieese, encomendada pelo Sindicato, as bancárias ganham em média 30% menos que seus colegas homens. “O Paraná é um dos piores estados para se trabalhar na área financeira, perde apenas para o Acre. Aqui as mulheres têm o mesmo grau de escolaridade do que os homens, não ocupam cargos de chefia e na massa salarial ganham significativamente menos do que os homens”, afirmou.
5º Ato – Praça Tiradentes
A tristeza pela morte da balconista Suzani Pereira da Rocha, 23, comoveu algumas militantes, que chegaram a derramar lágrimas mesmo sem conhecê-la. Suzani foi assassinada pelo ex-namorado na tarde de quarta-feira (07/03), enquanto descansava do almoço, ao lado de duas colegas de trabalho, sentada na escada de um prédio comercial, na Praça Tiradentes. O crime motivou o quinto protesto da Marcha. Revoltadas, as mulheres realizaram “um minuto de muito barulho” para chamar a atenção da sociedade quanto à violência contra a mulher. “Até quando?”, questionavam as militantes.
6º Ato – Lojas C&A e Diva
O modelo de beleza que impera na sociedade contemporânea gerou o sexto ato da Marcha. Em frente às lojas C&A e Diva, as mulheres de luta manifestaram repúdio ao padrão imposto pelas indústrias da moda e de cosméticos. “Somos discriminadas se não nos encaixamos nesse modelo. Por isso, viva magras e gordas, negras e brancas, altas e baixas, enfim, todas as mulheres, sem nenhuma distinção”, declarou Eliana Maria dos Santos, secretária sobre a mulher trabalhadora da CUT-Paraná.
7º Ato – Mc Donald’s
Poucos metros à frente ocorreu nova parada. Dessa vez o alvo foi o Mc Donald’s, um dos maiores símbolos do imperialismo estadunidense no Brasil e no mundo. Lá as militantes feministas protestaram contra os alimentos transgênicos e a ‘comida de plástico’. “Não dá para fazer uma verdadeira jornada de lutas como esta sem tocar no tema transgênicos, que deve ser uma bandeira de toda sociedade, e não apenas dos movimentos sociais”, declarou Eliana.
8º Ato – Faculdades Facinter
O direito à educação foi abordado no último protesto da Marcha de Mulheres. As Faculdades Facinter, localizada na Boca Maldita, tradicional local de manifestações, foi escolhida como alvo. “Essa instituição tenta adquirir na justiça um mandato que impede os movimentos sociais de realizarem atos nas imediações. Querem nos calar, mas não vamos deixar”, afirmou Alessandra Cláudia de Oliveira, diretora do Sindicato dos Servidores Municipais (Sismuc) e militante da Marcha Mundial de Mulheres.
Antes de dar por encerrada a passeata, as mulheres fizeram um círculo e deram as mãos, simbolizando a união contra a violência, a opressão e a discriminação contra as mulheres
Fora Bush!
Momentos antes do final da Marcha, as mulheres se uniram a outros militantes que protestavam contra a presença do presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, no Brasil. Aos gritos de “fora Bush!”, os manifestantes atearam fogo na bandeira estadunidense. Logo após, estudantes da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) protestaram contra a guerra no Iraque com uma ‘briga de travesseiros’. “Guerra? Só se for de travesseiros”, brincou uma das estudantes.
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cutpr.org.br.
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