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Por 18:46 Sem categoria

Bancos querem acordo para dois anos; categoria aceita discutir proposta se houver ganho real em 2007 e em 2008

Para dirigentes sindicais, rentabilidade dos bancos está associada ao crescimento da produtividade do trabalhador bancário

Se depender da “boa vontade” dos banqueiros, os trabalhadores bancários ficarão dois anos sem reajuste salarial. Ontem (5), a Fenaban deveria apresentar uma proposta tratando de índice de reajuste salarial, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e demais cláusulas econômicas. No entanto, os representantes dos banqueiros chegaram à mesa de negociações de mãos vazias e ainda ousaram sugerir que as negociações aconteçam de dois em dois anos. Reunidos durante todo o dia, o Comando Nacional da Campanha e os representantes dos banqueiros não chegaram a um denominador comum, no que diz respeito às cláusulas econômicas contida na minuta de reivindicações.

A “desculpa” apresentada pelos banqueiros e seus prepostos é de que a economia brasileira se estabilizou. Curiosamente, essa mesma banca que sempre apostou nos juros altos, historicamente oposicionista a um governo liderado por um trabalhador, agora reconhece os benefícios de sua administração.

Até o dia 18, o movimento sindical deve encaminhar a proposta aos trabalhadores bancários em assembléias que serão realizadas em todo o país pelos sindicatos cutistas, mas alerta que para que uma negociação seja validada pelo período de dois anos, esta deverá ser formulada com critérios pré-estabelecidos. “Podemos até aceitar desde que contemple aumento real em 2007 e também em 2008 para toda a categoria; de qualquer forma, para levarmos avante esta proposta, precisamos de uma formulação concreta da Fenaban”, informa o trabalhador bancário Otávio Dias (Bradesco), Secretário de Finanças do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e um dos representantes do Paraná no Comando Nacional.

Na avaliação do trabalhador bancário Roberto Von der Osten (Itaú), diretor da FETEC-CUT-PR e, assim como Otávio, representante do Paraná no Comando Nacional, este é um momento importante da campanha. “Toda a categoria precisa estar mobilizada e altamente informada, pois as mobilizações ajudam nas negociações. Por outro lado, se estas não avançarem, vamos radicalizar”, desabafou.

Cláusulas econômicas

O segundo bloco de negociações discutiu temas como remuneração total, incluindo itens como reajuste salarial de 10,3% (reposição da inflação mais aumento real de 5,5%), 14º salário, salário de ingresso e regulamentação da remuneração variável (com a proposta de que os trabalhadores regrem o pagamento e acabem com a cobrança abusiva de metas).

A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) também foi discutida. Os trabalhadores bancários querem uma PLR equivalente a dois salários mais o valor adicional de R$ 3.500. Outros assuntos tratados foram gratificação de caixa, gratificação semestral, auxílio refeição, auxílio cesta alimentação e auxílio educação.

Segundo a Fenaban, os bancos devem ter algo mais concreto na rodada que acontece no próximo dia 13. Em relação à reivindicação de uma regra mais simples para a PLR e a ampliação da distribuição dos lucros entre os trabalhadores, os bancos aceitaram a discussão de um novo modelo que para os trabalhadores deve determinar que o pagamento dos programas próprios de remuneração de resultados dos bancos não devem ser descontados da PLR.

Lucratividade associada à produtividade

Para Alcione Macedo, presidente do Sindicato dos Bancários de Guarapuava e Região e trabalhador bancário no HSBC, o índice de reajuste definido democraticamente nas conferências estaduais e referendado na Conferência Nacional, é coerente com os lucros exorbitantes dos bancos. “Se há rentabilidade é porque também há produtividade da parte do trabalhador bancário; portanto, os bancos têm a obrigação de dividir os lucros”, avalia.

O coordenador do Sindicato dos Bancários de Umuarama e Região e trabalhador bancário no Itaú, Juraci Batista de Araújo, faz coro com Alcione no que diz respeito à lucratividade dos banqueiros e destaca: “os elevados lucros dos banqueiros mostram que a categoria merece um ganho real, além da reposição da inflação. Mas também é necessária uma boa negociação nas questões sócio-econômicas, principalmente no que diz respeito aos benefícios, como auxílio alimentação e o 14ª salário”.

Na próxima semana, continuam as negociações para definição das cláusulas econômicas. A pauta de discussões também terá como foco principal aspectos relacionados ao emprego do trabalhador bancário. Serão discutidos os seguintes tópicos: garantias no emprego, garantias contra a dispensa imotivada, terceirização e horário de atendimento dos bancos. Assim, as negociações ocorrerão em dois dias (13 e 14). A expectativa dos trabalhadores é de que ao contrário do que ocorreu em 2006, os bancos reconheçam e valorizem o empenho e a dedicação de toda a categoria, que com bastante esforço, proporcionaram aos bancos uma lucratividade recorde no último período.


Por Edson Junior
FETEC-CUT-PR

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