fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 00:05 Sem categoria

Artur comenta resultados da PNAD: movimento sindical teve papel preponderante nesses avanços

Artur comenta resultados da PNAD: “Movimento sindical teve papel preponderante nesses avanços”

Na última sexta-feira (14), o IBGE divulgou os novos resultados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). O destaque foi o aumento da renda média do trabalhador, ancorado principalmente nos ganhos reais do salário mínimo conquistados pelo movimento sindical, CUT à frente. Outros resultados, como o aumento do emprego formal e do número de sindicalizados, refletem ações sindicais. A seguir, Artur Henrique, presidente da CUT, analisa alguns dos indicadores da pesquisa.

Artur, os recentes resultados da PNAD mostram melhorias em indicadores sociais, com destaque para elevação da renda média do trabalhador. Vários analistas apontam que os reajustes do salário mínimo são o principal pilar dessa ascensão. Isso mostra que a estratégia das centrais, ao realizar as Marchas Anuais de fim de ano, deu certo.

Sem dúvida. O noticiário reportou os índices apenas como fruto de uma obra de governo, mas todos sabemos que o movimento sindical teve papel preponderante nesse avanço. É importante que a sociedade saiba que o sindicalismo brasileiro tem procurado lutar pela melhoria de vida não só de seus associados, mas dos trabalhadores e trabalhadoras em geral. A luta por acordos de elevação do mínimo acima do preconizado pela equipe econômica é um marco histórico para nosso movimento. E nossa próxima Marcha de final de ano, que será maior que as anteriores, vai avançar ainda mais.

A elevação da renda média em 7,2%, passando de R$ 824 para R$ 883, é um número satisfatório?

O que nos atrapalha é o processo de achatamento salarial por que o Brasil vinha passando desde sempre. Então, esse percentual conquistado, não só pela luta do salário mínimo mas também por todas as campanhas salariais capitaneadas pelos sindicatos, é significativo, mas serve para recuperar a renda que tínhamos há dez anos. É o tal ciclo perverso que até então vinha nos condenando a patinar. Desejo que essa barreira seja superada definitivamente. A CUT vai continuar fazendo mobilizações e formulando propostas para lutas pontuais e também para ações de longo prazo. Nossas recentes mobilizações de rua são um exemplo de combate a retrocessos e de esforços por novas conquistas. A nossa Jornada pelo Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, outra.

Esse fosso que nos liga à realidade de dez anos passados foi criado por um período em que, além de terem sido feitas opções políticas e econômicas neoliberais, a ação sindical foi duramente atacada, não?

Claro. A política macroeconômica adotada, mais o desmanche do Estado e um processo de dizimação de postos de trabalho delas decorrente dificultou muito nossa ação, diminuiu à força nosso espaço. Houve também um recrudescimento das práticas anti-sindicais, apoiadas inclusive num processo de comunicação social que nos criminalizava, nos apontava como arautos do retrocesso. Não é pretensão dizer que o movimento sindical, quanto mais forte e organizado, melhor é para todos os cidadãos.

Como você avalia a relação de três empregos com carteira assinada para cada cinco vagas criadas em 2006?

Resultado dos esforços de fiscalização, que aumentaram em relação a períodos anteriores, e por pressão nossa. Porém, há um componente nesse resultado que ainda deixa uma tarefa grande para nós, que é o valor médio dos salários da maioria dos novos empregos, em torno de três salários mínimos. Daí nossa luta por Contratos Coletivos Nacionais, que elevariam os salários pelo padrão dos grandes centros, e por campanhas salariais que priorizem outras cláusulas que não apenas o reajuste. A rotatividade também é grande, nós sabemos, por isso estamos lutando pela ratificação da Convenção 158 da OIT.

Quero comentar outro resultado da PNAD. Apenas pouco mais da metade dos trabalhadores ocupados contribuem para a Previdência. Embora tenha havido um aumento de 3,7% no número de contribuintes em relação a 2005, isso é muito pouco. Isso é essencial para entendermos a luta que travamos hoje por mudanças inclusivas no sistema, sem retirada de direitos.

Outra notícia importante refere-se ao aumento de 5,4% no número de trabalhadores sindicalizados, que chegaram a 16,5 milhões, ou 18,6% da população ocupada. Num cenário de crescimento, isso é automático?

Crescimento ajuda, mas não basta. A ação sindical precisa ter qualidade para atrair novos filiados. Esse número poderia e deveria ser maior, e aproveito para voltar ao tema da Organização por Local de Trabalho. Precisamos investir nisso, para dar um salto que forme novas lideranças e militância e que acelere o crescimento de filiados. Completará esse salto a ampliação da formação político-sindical. E, é claro, as nossas lideranças precisam fazer trabalho de base constante.

Por Isaías Dalle – isaias@cut.org.br. Publicado: 17/09/2007 – 16:21

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cut.org.br.

Close