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25 de novembro é o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher

Às vésperas do Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, o Brasil estarrecido acompanha o caso publicado na imprensa do Pará e em jornais de todo o país, retratando o descaso cometido com a vida de uma menor na cidade de Abaetetuba no nordeste paraense.

Colocada numa cela com 20 prisioneiros, a menina de apenas 15 anos foi abusada sexualmente durante 30 dias pelos presidiários, num completo desrespeito à dignidade humana e ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

A CUT, por intermédio da Secretaria Nacional sobre a Mulher Trabalhadora, repudia a atitude dos responsáveis por este ato hediondo e exige das autoridades a punição dos envolvidos.

“FESTA DE DEBUTANTE”

Por: SNMT

Sarah, Nayara, Cecília, Carol, Maria Eduarda…

O nome não importa, são muitos os nomes delas.

Podia ser a sua filha, irmã, sobrinha, amiga, enteada…

Mas é a filha da outra…

Ela só tem 15 anos.

Ganhou um presente que não esquecerá para o resto da vida.

Ganhou uma “Festa de Debutante”.

O patrocinador da festa pasme…Um delegado.

Ele podia ter a chave que abria a porta do casarão para o grande baile de 15 anos, mas a porta que se abriu, foi a do Inferno.

No baile, não havia 15 meninas vestidas para celebrar com risos e paqueras a vida adulta que se inicia.

Havia, sim, mais que 15 presentes à festa. Havia 20.

Não eram meninas e rapazes que sorridentes se divertiam, como é típico da adolescência.

Nossa personagem sem nome, mas com uma dura história da qual não escolheu o roteiro, foi surpreendida por um ato desumano, vil e covarde.

Descobriu a duras penas que era a única convidada para a festa e o deleite de 20 homens (homens?)

Podia ser também a filha de qualquer um destes bandidos, incluindo quem lá a colocou, mas não era. Era a filha da outra… Ah! Mas com a filha da outra pode!

Nossa menina não caiu ali por “sorte” do acaso.

Foi presa roubando ou tentando fazê-lo.

Mas o que será que nossa personagem real buscava roubar em sua ânsia juvenil?

Um vestido, um tênis novo, dinheiro para ir ao seu merecido baile?

O baile que sua biografia de vida lhe negou?

O baile que é privilégio de algumas camadas da sociedade? Não.

Deve ter tentado roubar algo mais importante.

Algo que tome as capas das revistas mais “influentes” do país, algo que dê manchete, que saia no jornal nacional, algo que provoque a ira da elite à periferia, deve ser algo que comova toda a sociedade brasileira.

Já sei, deve ser um Rolex!

Acho que foi a tentativa de roubo de algo semelhante a isso que enfureceu e levou a essa infame decisão o homem que deveria estar lá para fazer apenas cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente, que tanto os movimentos sociais lutaram por conquistar.

No entanto, o que ele fez? Cometeu um ato criminoso contra uma menina que certamente poderia ser a sua filha.

Não. Jamais seria a sua filha. Isso só acontece com a filha da outra…

Foi uma longa festa! Um mês de “Festa de Debutante”.

E o resto de uma vida marcada pela dor, pelo desrespeito, pelo nojo, pela violência e, sobretudo pela indignação sentida por quem foi vitimada por um duplo crime, surpreendida pela traição cometida por quem deveria ocupar o lugar de instrumento de execução da Lei, mas que se mostrou o “anfitrião” de uma barbárie sem tamanho e sem limites.

Certamente foi uma festa inesquecível para a nossa debutante.

Não uma festa “lá no meu Apê”

Não uma festa de periferia, ou classe média ou alta de uma cidade qualquer, com direito a funk e ao rap das Antonias, compartilhado pela alegre companhia de meninas-mulheres e rapazes a quem a vida reserva o direito de celebrar, sorrir e de sonhar. Não. Não foi assim o “Baile de Debutante” da nossa personagem real.

Foi um longo e triste baile, ocorrido numa cela de delegacia no estado do Pará.

Foi um ritual de dor e humilhação, estendido por inacreditáveis 30 dias, confinada numa cela sendo estuprada por monstros covardes a quem o desprezo e a repulsa são os únicos sentimentos possíveis de se reservar, além, é claro, da exigência de justiça e punição a todos os envolvidos.

O desrespeito e a desumanidade sempre estão de mãos dadas com a violência e a covardia cometida contra as mulheres

Mas desta vez, a vítima ainda é uma menina, forçada a se tornar mulher.

Nossa personagem conheceu por 30 dias as piores facetas de uma sociedade que nunca tratou de maneira igual seus homens e suas mulheres. A violência cometida contra as mulheres é perversamente democrática e atinge nações no mundo inteiro. E para desespero da nossa personagem real, desta vez e de muitas outras que já ocorreram além das que, talvez nós sequer venhamos a nos dar conta, aconteceu aqui no nosso país.

Neste dia 25 de novembro, Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, receba você e seus familiares a solidariedade, a vigilância e um forte abraço de todas as mulheres e homens do movimento sindical CUTista que se solidarizam rechaçando a violência cometida contra você e contra todas as mulheres no mundo inteiro.

Você não é a filha da outra, é uma filha deste país. Sinta-se (ao menos agora) acolhida por ele.

Por Por: SNMT/CUT.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍITO www.cut.org.br.

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