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Por 09:28 Sem categoria

O novo desenho do mundo

Divulgado ontem (27/11), o relatório semestral do FMI (Fundo Monetário Internacional) – World Economic Outlook – consolida a idéia de que o desenvolvimento mundial passará a ser comandado por três dos quatro países do BRIC – Rússia, Índia e China.

Para o FMI, esses três países conseguiram se “desconectar” da crise internacional, embora ainda seja cedo para avaliar os impactos da desvalorização do dólar sobre suas exportações. Segundo avaliações do FMI, os três responderão por metade da expansão de 5,2% da economia mundial em 2007. Enquanto isto, o peso da economia americana cairá de 10,7% em 2006 para 7,3% em 2007.

O relatório traça uma visão otimista para a crise – contrastando com as avaliações das instituições financeiras privadas. Prevê uma redução do crescimento dos Estados Unidos, Europa e Japão, e manutenção do preço do petróleo em níveis elevados. Apesar de prever que a economia americana vá crescer menos que 2% em 2007 e 2008, a avaliação é de que não comprometerá o crescimento mundial, graças aos três novos pólos irradiadores.

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Para 2007, o relatório prevê o Brasil crescendo 4,2%, muito abaixo do crescimento dos países em desenvolvimento (8,1%) e abaixo do crescimento mundial (5,2%). Para 2008, a tendência permanecerá a mesma, com o Brasil crescendo 4%, os países em desenvolvimento 7,4% e o mundo 4,8%.

Com tais dados, na média 2004-2008, o Brasil terá crescido 4,1% ao ano, os emergentes 7,8% e o mundo 5,1%.

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A descoberta do mega-campo de Tupi e o potencial do etanol, transformarão o Brasil em uma potência energética nos próximos anos.

O grande problema do Brasil é não dispor de uma visão estratégica para saber como se colocar nessa nova fase da economia mundial. Não existe essa visão nem no âmbito do governo, nem da iniciativa privada, nem da Academia. Existe no Itamarati essa visão geopolítica, assim como na Escola Superior de Guerra. Mas são posições isoladas, desconectadas da política e da economia real.

Prova disso é esse enorme alarido em torno de Hugo Chávez. A eventual aproximação com a Venezuela passa a ser analisada sob uma ótica ideológica incabível, já que se trata de países soberanos, sem nenhuma relação de subordinação entre si. Além disso, qualquer forma de integração ajuda a desbastar radicalismos ou xenofobia.

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Essa mesma falta de visão acomete a política econômica. O que o Brasil pretende ser quando crescer? Mero exportador de matérias primas? A integração com a China se dará na condição de mero supridor de commodities? Qual a estratégia diplomática e comercial para transformar o potencial energético em poder, em capacidade de influir, em capacidade de deflagrar um processo mais acelerado de crescimento?

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Não existe a visão integrada. De nada adiantará a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) definir setores prioritários, o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) montar políticas de financiamento direcionadas, se o Banco Central pratica uma política monetária e cambial capaz de destruir a competitividade das manufaturas e serviços brasileiros.

Enquanto não houver essa visão sistêmica, do lado do governo, o potencial continuará sendo apenas potencial.

Por Luís Nassif.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO http://www.projetobr.com.br/blog/6.html.

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