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Os trabalhadores bancários brasileiros e os bancos que atuam no Brasil; eis a luta permanente pelo emprego

Fusões: bancários em luta permanente pelo emprego

Praticamente todos os grandes bancos que atuam no país estão envolvidos neste tipo de negócio, que já levou cerca de 250 mil postos de trabalho de 1993 para cá

São Paulo – Nunca, como em 2008, os bancários brasileiros tiveram que lutar tanto em defesa do emprego por conta dos riscos gerados pela fusão e aquisição de empresas dentro do sistema financeiro nacional. Afinal de contas, praticamente todos os grandes bancos que atuam no país estão, de alguma forma, envolvidos neste tipo de negócio, cujos efeitos os bancários conhecem bem. As fusões, privatizações e terceirizações já levaram cerca de 250 mil postos de trabalho de 1993 para cá.

No final do ano passado, a tensão voltou a esquentar entre os bancários, quando o Santander anunciou a compra do ABN, dono do Real no Brasil. A aquisição deu início a uma avalanche de outros negócios, como a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil e a fusão entre Itaú e Unibanco.

Essa nova configuração do sistema financeiro nacional levou os bancários a lançar uma campanha permanente pela manutenção dos empregos. O Sindicato tem atuado para conquistar garantias formais para os trabalhadores em diversas frentes de ação: da negociação banco a banco até a pressão para que o Congresso Nacional aprove uma legislação que proteja os empregos no sistema financeiro.

Santander e ABN – Um ano depois da compra do ABN pelo Santander, os bancários das duas instituições (Real no Brasil) já começam a sentir os efeitos do negócio. Os sindicatos já contabilizaram mais de mil demissões nos dois bancos.

No último dia 12, os funcionários lançaram uma campanha internacional pelo emprego nas duas instituições, que agitou toda América Latina. Em São Paulo, o Sindicato entregou uma carta destinada ao presidente mundial do grupo, Emilio Botín, exigindo “garantias de proteção ao emprego, melhoria nas condições de trabalho” e um “diálogo social internacional”, entre a administração mundial do Santander e os sindicatos.

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As entidades representativas dos bancários também já apresentaram ao Santander uma série de propostas para evitar uma possível demissão em massa. Entre elas, já atendida pelo Santander, a criação de um centro permanente de realocação dos bancários.

> Santander/Real: banco apresenta programa de realocação
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Itaú e Unibanco – O Sindicato tem pressionado muito, mas nem o Itaú e nem o Unibanco aceitaram ainda assinar um acordo que garanta a manutenção dos empregos e direitos após a fusão dos dois bancos. Até agora, garantias só verbais. O que é insuficiente, pelo histórico de fusões e aquisições que envolveram as duas empresas.

> Descaso: Itaú e Unibanco se negam a suspender demissões de bancários
> As propostas encaminhadas pelo Sindicato a Unibanco e Itaú
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Os bancários do Itaú passaram por verdadeiros traumas com as demissões e retirada de direitos. Entre 1997 e 2001, o banco comprou os estatais Banerj, Bemge, Banestado e BEG. Se em 1996 o Itaú tinha 31,3 mil empregados, em 2003 (depois de comprar os quatro bancos, que juntos somavam cerca de 27,7 mil funcionários) o banco tinha em seu quadro apenas 11,2 mil funcionários a mais. Conclusão: o total de demitidos correspondeu a cerca de 90% dos funcionários dos bancos comprados.

Com o Unibanco não foi diferente. A fusão com o Banco Nacional, em 1995, aumentou o quadro funcional de 17 mil para 28 mil empregados. Nos anos seguintes, esse número foi caindo até alcançar os mesmos 17 mil trabalhadores de antes da fusão – uma redução de 39%.

> Fusão: campanha por emprego e direitos toma concentrações
> Itaú/Unibanco: final feliz para todos?

Banco do Brasil e Nossa Caixa – Desde que o Banco do Brasil anunciou a sua intenção de comprar a Nossa Caixa, no início do ano, o Sindicato não se cansa de lutar para obter garantias formais de que os empregos e direitos serão mantidos.

> Bancários defendem empregos e caráter público da Nossa Caixa
> Nossa Caixa: pressão na Alesp surte efeito
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De lá para cá, os representantes dos trabalhadores já se reuniram várias vezes com o presidente do BB e com deputados de diversos partidos da Assembléia Legislativa de São Paulo.

> Reunião com líder do governo na Assembléia Legislativa
> Deputados do PT apóiam reivindicações dos bancários da Nossa Caixa
> Sem demissão nem retirada de direitos no Banco do Brasil e na Nossa Caixa

Depois de praticamente um ano inteiro de lutas e resistência, os trabalhadores foram coroados, no último dia 17, com a conquista de um acordo formal que garante os empregos na Nossa Caixa durante todo o processo de fusão. O acordo foi assinado pelo vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global do Banco do Brasil, Adézio de Almeida Lima, pelo presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, e pelos representantes da Fetec-CUT/SP e da Feeb-SP/MS.

A pressão na Alesp também deu resultado, sendo aprovada na Casa uma emenda aglutinativa ao projeto de lei de venda do banco paulista, que garante a manutenção dos empregos, dos direitos dos bancários e do número de agências.

> Conquistada na Alesp garantia de empregos e direitos na Nossa Caixa
> Sindicato conquista garantia de emprego na Nossa Caixa

Convenção 158 – Uma das principais armas para evitar as demissões no sistema financeiro nacional é a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe dispensas imotivadas em empresas lucrativas. Ela está pronta para entrar na pauta da Câmara dos Deputados.

Enviada pelo governo federal ao Congresso Nacional por meio da Mensagem número 59/2008, a matéria encontra-se na secretaria-geral da Mesa da Câmara. Ela vai ser numerada, apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e encaminhada ao plenário em forma de Projeto de Decreto Legislativo.

O envio da Convenção 158 ao Congresso Nacional pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi resultado direto da 4ª Marcha Nacional da Classe Trabalhadora, realizada no final do ano passado em Brasília. A adesão do Brasil ao tratado é uma antiga reivindicação dos trabalhadores e bandeira histórica da CUT.

> Estudo liga fusões nos bancos a demissões
> Convenção 158 está pronta para ser votada pela Câmara

Ruim para os clientes também – Não é só para os bancários que as fusões e aquisições no sistema financeiro nacional são prejudiciais. Os clientes também sofrem com esses mega-negócios. Com o novo quadro desenhado pelas instituições financeiras, os cinco maiores grupos empresariais que atuam no Brasil serão responsáveis por 86% das quase 19 mil agências em funcionamento no país. Antes de os negócios serem confirmados, o índice era de 70%. Sem concorrência, os bancos podem impor tarifas e taxas ainda mais pesadas, além de precarizar o atendimento.

Por Carlos Fernandes – 30/12/2008.

O SÍMBOLO “>” ANTES DA FRASE FAZ REFERÊNCIA A UM TÍTULO DE NOTÍCIA POSTADA NO SÍTIO DO SINDICATO DE SÃO PAULO. PARA LER CADA NOTÍCIA, É PRECISO IR DIRETAMENTE À NOTÍCIA ORIGINAL.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.spbancarios.com.br.

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Os bancos, o crédito, o emprego e a lição de casa

“Até agora se fez muito para proteger os fornecedores de crédito, mas pouco para seus tomadores: empresas e pessoas físicas”

Em meio à divulgação de mais medidas para aumentar a circulação de crédito no país, com a liberação de recursos para dar mais liquidez aos bancos médios e pequenos, as demissões no setor continuam com toda força. Pior que isso, os oportunistas de plantão já aproveitam para novamente falar de flexibilização das leis trabalhistas. Querem empurrar a fatura para os assalariados. Entre setembro e novembro deste ano, as dispensas nestes bancos menores em São Paulo e Osasco subiram 133% em relação ao mesmo período do ano passado, apesar de o governo já ter liberado no mínimo R$ 78 bi nos últimos três meses para que as grandes instituições financeiras adquirissem carteiras das menores. A cada dia surgem novas medidas e mais recursos, e nada de contrapartida das empresas financeiras, seja em relação aos empregos ou aos clientes. Caso o crédito volte a fluir com mais força, as recontratações precisarão ser consideras.

A idéia segundo a qual a solução na crise é demitir deveria ser banida, ainda mais no caso dos bancos, de onde as dificuldades passam longe. Apesar de nem sempre ter o destaque que merece nas análises econômicas, o nível de emprego é a principal variável da economia. Com a maior parte da população economicamente ativa empregada, há mais recursos sendo distribuídos, mais produção, mais consumo.

Nos bancos, o lucro, os ativos e a rentabilidade continuam em alta. Abalados estão os trabalhadores, com o clima de demissão e redução de direitos que paira sobre as instituições, especialmente com a recente onda de fusões entre grandes bancos. Enquanto os pátios das montadoras estão lotados e as empresas decretam férias coletivas para não aumentar a produção, os bancários estão em movimento contrário. A produtividade está em uma linha ascendente nos bancos. Uma prova disso é que as operações de crédito nas dez maiores instituições financeiras subiram 391% nos últimos 13 anos. Em 1994, cada bancário que era responsável por administrar em média R$ 3 bi passou a gerir R$ 16 bi. Houve aumento do ritmo de trabalho e as atividades se expandiram com a venda de produtos.

Os bancos cresceram e continuam nessa toada. E as medidas econômicas que vêm sendo tomadas acabam novamente favorecendo as instituições financeiras, que sempre ganham. É nos momentos de crise que os bancos ficam ainda mais fortes, porém por intermédio da concentração bancária. Aliás, para muitos, concentração é sinônimo de sistema financeiro sólido. E as ações para dar liquidez, adotadas pelo governo, têm favorecido ainda mais esse movimento, já que, além dos recursos irem para as mãos dos grandes bancos, é nesse momento que as fusões e as incorporações aumentam. Não é à toa que 85% dos ativos bancários estão nas mãos das cinco maiores intuições financeiras do país, que precisam abri-las para que o crédito circule e passe por outras mãos, a dos clientes e das empresas. Até agora se fez muito para proteger os fornecedores de crédito, mas pouco para seus tomadores: empresas e pessoas físicas. E nada se fez para preservar os empregos nesses bancos, boa parte deles em pleno processo de incorporação: Itaú-Unibanco, Banco do Brasil-Nossa Caixa e Santander-Real. Apenas nestes seis bancos, trabalham cerca de 230 mil bancários, mais da metade dos 440 mil no setor em todo o país.

É por isso que se faz necessário exigir contrapartidas sociais dos bancos quando estes se utilizam de recursos públicos, dos trabalhadores ou mesmo privados. Cobrar garantia de emprego por um período previamente determinado de um setor que, diga-se de passagem, não está com a corda no pescoço, é fundamental para reduzir a insegurança entre os trabalhadores. As demissões injustificadas não podem não podem acontecer. A retomada da circulação de crédito tende a regularizar a situação e manter os postos de trabalho. Além disso, quanto maior o número de pessoas empregadas, mas renda, confiança, consumo, produção. É necessário que o crescimento econômico seja sustentável e independente. Esse é o compromisso que as empresas deveriam assumir. Um pacto de confiança, que, aliás, agregaria valor às suas marcas.

E por falar em responsabilidade social, onde está o crédito saudável? Regulação e transparência são exigências antigas que devem ser cobradas. As instituições financeiras não podem penalizar pessoas e empresas. Estão com a lição de casa atrasada e precisam colocá-la em dia, com a criação de linhas de crédito e taxas compatíveis, controle de risco e endividamento, análise de cadastro, redução do spread bancário, redução do juro e de tarifas bancárias e interbancárias. Até poucos dias atrás, os clientes eram laçados na rua com a promessa do crédito fácil e não havia preocupação com endividamento. Não adianta apenas passar a borracha, é preciso corrigir as distorções na ponta do lápis. Governo, empresas e trabalhadores têm condições de formalizar medidas e contrapartidas para arrefecer os efeitos da crise, ainda mais em um país como o Brasil, onde a relação crédito/PIB é de 40%, uma das menores do planeta. O crédito vem crescendo e há espaço de sobra para continuar sendo ampliado com regras claras, justas e saudáveis. Não queremos um subprime brasileiro, mas sim crédito para o desenvolvimento.

Por Luiz Cláudio Marcolino, que é economista e presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região – 23/12/2008.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.spbancarios.com.br.

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