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OPINIÃO: Formação e informação

Começo um novo desafio este ano como secretário de formação da Contraf-CUT e além dos projetos e prioridades que a diretoria da entidade definir, pois acredito muito em planejamento e construção de projetos coletivos, espero poder contribuir periodicamente com meus companheiro(a)s dirigentes e de base escrevendo textos sobre o que penso e acredito sobre formação sindical.

Um dos pilares de uma boa formação passa pela aquisição de boa informação para, a partir dela, ter-se melhor capacidade de tomada de decisão sobre os diversos fatores envolvidos nos problemas e contendas diárias.

Por exemplo, li hoje um livro organizado pelo Sindicato dos Bancários do Ceará muito interessante, fruto de um debate promovido por eles recentemente, tratando do tema da mídia e o poder político – Mídia e Poder Político na Atualidade Brasileira, de Nonato Lima e Plínio Bortolotti.

Os jornalistas nos apresentam de forma sucinta a história da imprensa mundial e brasileira e as técnicas de linguagem empregadas para informar, e muitas vezes para manipular, os leitores. O livro fala também da concentração dos veículos de informação.

Na 1ª parte, Plínio Bortolotti nos dá um breve histórico do jornalismo e nos informa sobre a concentração de poder midiático na mão de poucas famílias no Brasil e no mundo.

“Até 1990, as empresas transnacionais de comunicação, ou seja, mundializadas, eram 50. Esse número caiu para 27 em meados dos anos noventa. Ou seja, eram 27 grandes empresas de comunicação que dominavam tudo aquilo que se via, lia e ouvia: o campo da produção de discos, CDs, jornal, rádio e TV”. p.16

Nos anos 2000 o número caiu para 7 empresas. São elas: Time Warner, Disney, Universal, Viacom, Bertelsmann, Sony e News Corporation.

No Brasil, dados mostram que a concentração de poder da mídia dobrou na última década: “se antes havia 20 grupos de comunicação, hoje há 10” p.14

Na 2ª parte, Nonato Lima fala dos 15 anos da Rádio Bancários do Ceará e discorre de forma brilhante sobre análise de discurso como referencial analítico.

“A mídia assume esse papel de mediação, ela se coloca como uma instituição, como uma instância social, política e histórica neutra. Ela seria capaz de dar conta desse conflito social, político e ideológico e, dando conta disso, estaria cumprindo rigorosamente seu papel social e histórico, atendendo ao conjunto da sociedade. É assim que se fala sobre ela. No entanto, é bom que a gente diga que a mídia, na verdade, mesmo arguindo para si todas essas características, ela fala sobre o mundo, sobre os fatos sociais, mas, na verdade, fala de algum lugar da sociedade e, portanto,não é neutra”. p.29

Aqui vai uma reflexão que quero partilhar com todas as pessoas que militam na formação sindical e de organização de base. Todos os dias, devemos instigar nossos colegas bancários sobre a retórica alienante de suposta “imparcialidade”, “neutralidade” ou “isenção” das informações que os cercam, seja vinda do banco ou dos demais veículos midiáticos.

Nós, seus representantes e colegas, também não somos imparciais. Nós temos lado, e é o da classe trabalhadora.

Se podemos indicar algumas opções de canais de informações mais fidedignos com os interesses deles, que são trabalhadores, devemos fazê-lo. Além dos veículos de informação do movimento sindical e associativo, são de destaque nacional e de fácil aquisição revistas como a Carta Capital, a Revista do Brasil (feita pelo movimento sindical), a Revista Fórum e a Caros Amigos.

Não estou fechando a indicação nessas quatro. Apenas cito essas como exemplo, pois têm circulação nacional e podem ser encontradas de forma mais fácil. Cada entidade sindical pode indicar em sua região bons veículos regionais de informação.

O que não podemos é nos calar diante da manipulação das informações promovida pela grande mídia e, o que é pior, muitas vezes nos pautarmos por essa manipulação.

“A linguagem não é um lugar neutro; não é um instrumento que mostra o mundo. A linguagem é mundo, pois o mundo se faz presente ali e, portanto, o conflito histórico-social também se materializa nos discursos”. p.30

Mais adiante, Nonato deixa claro sua opinião de que não há como separar hoje política de comunicação: “Não há política sem comunicação e, hoje, mais ainda, sem meios de comunicação, porque aí se incluem rádio, televisão, jornal, Internet etc. Então, a política não se faz mais fora dos meios de comunicação”. p.35

Eu aproveito a deixa para parafrasear o autor e digo:

Não há formação sem comunicação. Hoje é fundamental formar informando.

* William Mendes é secretário de Formação da Contraf/CUT.

Bibliografia:
BORTOLOTTI, Plínio e LIMA, Nonato. Mídia e Poder Político na Atualidade Brasileira. Série Debates sobre Conjuntura. Ed. UECE. Publicação: Sindicato dos Bancários do Ceará. 1ª edição 2009.

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