Ele confiou nas minhas qualidades, disse para Datena
A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff , afirmou ao apresentador Luiz Datena, ao participar do programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes, realizado no final da tarde da quarta-feira (21), que entende as dificuldades da oposição em se posicionar politicamente na atual disputa eleitoral. “Ela [oposição] passou sete anos nos criticando e agora querem fingir que não são mais de oposição. Isso é um comportamento que a população não entende”. Ela acrescentou que tem muito orgulho de “ter sido escolhida pelo presidente Lula para coordenar todos os projetos do atual governo”. “Trabalhei esses anos todos junto com o presidente. Fui o braço direito e o braço esquerdo dele e tenho convicção que conseguimos avanços muito importantes para o país e o povo”, acrescentou a candidata.
Datena lembrou que muita gente dizia, em 2002, que se Lula chegasse ao governo, o mundo ia acabar, a economia ia entrar em colapso, etc. “No final, não aconteceu nada disso”, avaliou o apresentador. Dilma concordou com ele e acrescentou que não foram só os tucanos que previram isso. Segundo a candidata, “uma parte da elite, mas não toda, achava que Lula ia ser derrotado e não conseguiria governar”. “Mas para surpresa de todos esses setores, Lula, um nordestino, um metalúrgico pobre foi eleito presidente e “fez um dos melhores governos das últimas décadas”. Datena somou-se na avaliação da ex-ministra, mas fez questão de acrescentar que o governo Lula não foi a melhor administração somente das últimas décadas. “O governo Lula foi o melhor governo da história do Brasil”, destacou o apresentador.
Luiz Datena relatou ainda, durante a entrevista, que quando esteve com José Serra percebeu nele uma tendência a tentar desvencilhar a imagem de Dilma Rousseff da figura do presidente Lula. E que o candidato tucano, apesar de admitir a grande capacidade política do presidente Lula, deu sinais de que tentará de todas as formas explorar uma suposta falta de experiência da candidata.
Dilma rebateu dizendo que não foi à toa que ela foi escolhida três vezes pelo presidente Lula para ocupar cargos em seu governo. “Ele achou que eu tenho qualidades. Por isso também me escolheu como sua sucessora”, afirmou. “O primeiro convite foi para coordenar a transição do governo de FHC na aérea de infraestrutura. O segundo convite foi para eu assumir o Ministério das Minas e Energia e o terceiro foi quando assumi a Casa Civil”, relatou a candidata.
Perguntada se seu projeto político é governar apenas com o que o presidente Lula fez, Dilma respondeu que não. “Eu vou governar com o que o presidente Lula fez e com o que eu também fiz. Porque com a nossa experiência eu sei o que fazer e, principalmente, eu sei como fazer”, salientou. “Eu sei, porque nós fizemos muita coisa”, acrescentou. “E eu sei que você só pode governar se prestar muita atenção no que quer o povo brasileiro. Eu aprendi muito com o presidente Lula sobre isso. Eu e o presidente viajamos esse país de norte a sul e de leste a oeste. Não ficamos sentados em Brasília, longe do povo. Fomos conversar com o trabalhador e com os empresários”, acrescentou. A ministra Dilma lembrou que o governo chegou a ser criticado por isso. “Diziam que nós não parávamos em Brasília, que estávamos inaugurando muitas obras, etc. Mas achávamos importante ouvir o que o povo tinha a dizer”, defendeu.
Dilma falou também sobre a corrupção e criticou a impunidade que imperava no país antes da atual administração. Antes, segundo ela, “as coisas eram escondidas embaixo do tapete”. “Nenhum de nós nunca tentou cercear a atuação do Ministério Público. Nunca pedimos para o Ministério Público engavetar nada”, acrescentou. “Nos oito anos do governo anterior a Polícia Federal realizou 29 operações especiais contra a corrupção e o crime organizado. No nosso governo foram 1.012 operações”, informou a ex-ministra. Datena concordou com os dados e acrescentou que nunca viu “a Polícia Federal agir tanto como agora”. “Realmente a Polícia Federal está atuando muito intensamente”, afirmou o apresentador.
Questionada sobre o imbróglio da distribuição dos royalties do petróleo, Dilma Rousseff defendeu o respeito às determinações da Constituição Federal sobre o assunto. Ela determina, desde 1988, que os estados produtores sejam ressarcidos em função de terem perdido a cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) na fonte. Mas Dilma ressaltou como importante mesmo o fato da União ter recuperado, com o projeto do governo, a propriedade sobre o petróleo extraído do fundo do mar. “Antes”, disse Dilma, “a propriedade era de quem descobria o petróleo, agora ele é do povo brasileiro”. “Os recursos irão para um fundo social e serão aplicados na educação e no combate à pobreza”.
A ex-ministra falou sobre diversos temas por cerca de uma hora e avaliou como muito positiva a entrevista da Bandeirantes. Sobre a possibilidade do deputado Michel Temer (PMDB-SP) vir a ocupar a vice em sua chapa presidencial, Dilma respondeu que o deputado paulista “tem prestígio e liderança política para ocupar qualquer cargo político”. A pré-candidata ressaltou também a liderança de Michel Temer na Câmara dos Deputados e dentro do PMDB e reafirmou que seu governo continuará sendo um governo de coalizão. E acrescentou: “Temer tem todas as qualidades para ser um bom vice”. Sobre Ciro Gomes, Dilma também não poupou elogios. Disse que o ex-ministro tem capacidade, inteligência e é uma pessoa muito correta e de muito caráter. Ela disse que respeitará qualquer decisão que ele tomar sobre candidatura. “Além de ser meu amigo, ele tem méritos e qualidades para pleitear sua candidatura”, afirmou.
Por SÉRGIO CRUZ.
NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.horadopovo.com.br.