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CUT acerta ao escolher a progressividade como bandeira principal na reforma tributária

Em encontro com a Direção Nacional na tarde desta quinta, ele também discorreu sobre reforma política e obras de infraestrutura

Escrito por: Isaías Dalle

José Dirceu, em análise de conjuntura que fez durante o encontro da Direção Nacional da CUT na tarde desta quinta, avaliou que a Central acerta ao escolher como bandeira principal, na luta por uma reforma tributária que distribua renda, a progressividade da estrutura arrecadatória brasileira.

“Temos sempre de entrar numa discussão com o programa máximo”, disse. A progressividade da estrutura inverteria a pirâmide hoje existente no País. Pelo critério da progressividade, os trabalhadores em geral pagariam menos impostos e os que têm fortunas e propriedades e recebem lucros e dividendos, passariam a pagar mais.

O conceito de progressividade foi definido como eixo de luta da CUT durante o Seminário Tributos e Desenvolvimento: Perspectivas para o Trabalho e a Distribuição de Renda, realizado pela Central nos dias 21 e 22 de março, em Brasília.

Além de politicamente acertado, por apontar para justiça social, o conceito de progressividade pode ser mais facilmente absorvido pela opinião pública, como destacou o economista Marcio Pochmann durante o segundo dia do seminário. “Quem ganha mais paga mais, quem ganha menos paga menos é um excelente mote, um excelente lema para uma campanha”, disse o presidente do Ipea.

Zé Dirceu, na tarde desta quinta, defendeu também a ênfase que a CUT vem dando à necessidade de fim do imposto sindical. “Essa bandeira retoma o caráter da autonomia e soberania dos trabalhadores e de seus sindicatos, resgata o princípio de que os trabalhadores da base é que decidem qual sindicato participar e de que forma deve ser financiado”, disse o ex-ministro.

Crédito da foto: Augusto Coelho

Zé Dirceu fala na Direção Nacional

Zé Dirceu fala na Direção Nacional

Sobre a crise nas obras da usina de Jirau, em Rondônia, que eclodiu desde a semana passada em conflitos marcados por altas doses de violência nos locais de trabalho, Dirceu afirmou que o episódio reforça a necessidade de a CUT continuar buscando a construção de contratos coletivos nacionais para os diferentes setores econômicos.

A CUT cobrou do governo federal a construção de um pacto nacional para a construção civil, que aponta para um contrato coletivo nacional, com regras e punições claramente estabelecidas para garantir o direito dos trabalhadores. A primeira reunião para elaborar o pacto, com participação do governo federal – representado pelo ministro Gilberto Carvalho – da CUT, de centrais que tenham representação no setor e de associações empresariais da construção civil, acontece na próxima terça, dia 29.

O presidente da CUT Artur Henrique, em referência à crise de Jirau, denunciou que há apenas um único fiscal do trabalho, contratado pelo Ministério do Trabalho, para cuidar de todas as obras de Jirau e da vizinha Usina Santo Antonio. “Isso é uma mostra de que essa insistência em redução de investimentos, de gastos, produz anomalias escandalosas”, criticou.

Mais adiante, ao responder a perguntas do plenário, Dirceu comentou, a respeito dos cortes de gastos do governo: “Isso afeta reforma de hospitais, de escolas e outras questões essenciais”. Antes, no entanto, ele havia dito que cortes com gastos de passagens de avião, por exemplo, são defensáveis. Criticou também a elevação de juros básicos da economia. “Eu não sou adepto do menor crescimento”, disse. Em relação às pressões inflacionárias, sempre apontada como razão para elevar os juros, ele relativizou: “Não há como um país como o Brasil se desenvolver sem pressões inflacionárias, seja por pressão externa, seja por pressões sazonais internas”.

Dirceu discorreu também sobre a necessária reforma política, tema que voltou à agenda. “Se a CUT não pressionar por uma reforma política popular e democrática, tenho dúvidas de que ela saia”, comentou o ex-ministro. “Ou a reforma pode ser um tiro que sai pela culatra, pode ser casuística”, completou.

Com a participação dos dirigentes cutistas presentes, que dirigiram perguntas ao Zé Dirceu, ele debateu outras temas, como política internacional e nacional. Sobre obras de infraestrutura, lembrou que os aeroportos brasileiros estão esgotados e que precisam de urgente modernização, e lançou no ar se a concessão não seria uma saída.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cut.org.br

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