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Veículos públicos de comunicação colaboram para a diversidade da cobertura jornalística

Brasília – O jornalismo produzido por veículos públicos de comunicação tende a se diferenciar pela maior diversidade de pautas e de fontes de informação. Essa é uma das convergências de opinião verificada no Seminário Internacional de Mídias Públicas: Desafios e Oportunidades para o Século 21, promovido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Brasília.

A alemã Bettina Peters, diretora do Fórum Global para o Desenvolvimento da Mídia, avalia que os veículos comerciais estão focados em coberturas que garantem mais audiência e vendagem. “O mercado não é perfeito, não traz todas as visões”, avalia. Ela defende que a mídia pública tenha “comprometimento político com a independência editorial”. Bettina, no entanto, não faz distinção da atividade de reportagem dos dois tipos de veículos. “Bom jornalismo é bom jornalismo”.

 

A mesma opinião tem o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o jornalista Franklin Martins. “Comunicação é um espaço público, eventualmente mediado por interesses privados”, disse, em mensagem de vídeo gravada para o seminário. Para Martins, os veículos públicos têm responsabilidades como “falar sobre todas as regiões e todos os estados”.

Segundo o ex-ministro, o jornalismo dos veículos públicos “tem que ser independente dos grupos econômicos, dos governos, dos lobbies e dos acionistas. Tem que ser dependente dos fatos”, destacou. Para ele, a mídia pública favorece “o debate público qualificado”.

 

O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, editor da revista Política Externa, lembrou ainda que tanto o jornalismo feito nas empresas comerciais como o jornalismo dos veículos públicos têm “as mesmas regras éticas e necessidades”, mas o jornalismo das mídias públicas pode “descer mais fundo” ao buscar enfoques diferentes.

Lins da Silva defende que os veículos públicos de comunicação façam avaliações da qualidade de seu jornalismo por meio de análise de conteúdo, usando indicadores como fontes ouvidas, diversidade de opiniões publicadas; e de avaliação da repercussão. “Todas as vezes que um governante se irrita com um jornalista, alguma coisa boa ele está fazendo”, disse. Ele enfatizou que as empresas públicas também devem monitorar a satisfação da audiência.

Por Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil. Edição: Lana Cristina.

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Pesquisadores mapeiam formas de financiamento das mídias públicas em diferentes países

Brasília – Especialistas estrangeiros discutiram hoje (1º) de manhã, no Seminário Internacional de Mídias Públicas: Desafios e Oportunidades para o Século 21, as diferentes formas de financiamento dos canais públicos de TV, rádio e internet. O evento ocorre em Brasília e é promovido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e a Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

 

“O financiamento do governo não é a melhor solução”, diz a diretora do Fórum Global para o Desenvolvimento da Mídia, a alemã Bettina Peters. Segundo ela, países como a Holanda e Portugal passaram, recentemente, a financiar seus canais por meio do orçamento público geral, e agora os canais públicos, com a crise econômica internacional, podem ter seus recursos submetidos a cortes. Na Alemanha, o atrelamento ao Orçamento faz com que o volume de recursos seja sempre motivo de embate conforme a composição do Parlamento, acrescenta Bettina.

Para Matthew Powers, da Universidade de Nova York, a forma de financiamento dos canais públicos não é o único componente que deve ser considerado para avaliar o bom funcionamento da mídia, “mas faz diferença”. Ele apresentou dados de levantamento feito em 14 países e verificou que a forma de financiamento impacta no volume de recursos disponíveis e no que é arrecadado por habitante. Os Estados Unidos arrecadam para o fundo dos canais públicos menos de US$ 5 per capita, enquanto a Alemanha e os países da Escandinávia (menos populosos) têm valor próximo a US$ 130 per capita.

Powers ressalta que, além da diversidade das formas de financiamento e de valores disponíveis, os prazos de programação dos orçamentos também variam de país para país. No Reino Unido, por exemplo, uma carta decenal estabelece montantes e outras regras do modelo de negócio, como  a composição de conselhos reguladores, os critérios técnicos para a atuação dos profissionais e o foco da programação.

O canadense Toby Mendel, diretor-executivo da ONG Centro de Direito e Democracia e consultor da Unesco, afirma que o financiamento não pode dar margem a controle de conteúdos por parte do governo e que a melhor forma é a baseada em contribuições específicas, como ocorre no Japão e no Reino Unido, ou em taxas que oneram o consumo de produtos diversos, como bebidas alcoólicas e cigarro (cobradas na Tailândia, por exemplo).

Mendel é um dos autores de um estudo publicado em fevereiro pelo Escritório da Unesco do Brasil, que analisa o ambiente regulatório nacional e pesquisa “melhores práticas” para fazer “recomendações” ao país. Para ele, a legislação nacional de comunicação pode ser modificada para incorporar o funcionamento de um órgão regulador independente, evitar a concentração de mídias, aumentar a participação de canais comunitários, estimular a produção independente e dotar a mídia pública com mais recursos.

 

O vice-presidente da Agência Telam, Sergio Fernandez Novoa, diz que os meios de comunicação públicos precisam ter respaldo na sociedade e que as mudanças na legislação, como ocorreu recentemente na Argentina, com a Lei do Serviço Audiovisual, jogam luz “sobre o papel dos meios”.

De acordo com o jornalista argentino, a mídia pública latino-americana enfrenta resistência da mídia comercial. Novoa calcula que quatro grandes grupos de comunicação sejam responsáveis por mais de 80% das mensagens que circulam no continente. “É um nível de concentração que não se repete em nenhum lugar”, afirmou.

Edição: Nádia Franco.

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