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Fetraf-Sul defende prioridade na produção de alimentos saudáveis para o mercado interno

Agricultores familiares lembram que até feijão está sendo importado: “Não podemos ser uma nação dependente e insegura na questão alimentar”

Escrito por: Leonardo Wexell Severo, de São Lourenço do Oeste-SC

“O Brasil, pela potencialidade de seus recursos naturais e pela capacidade da população trabalhadora que ainda está na atividade agrícola, não pode ser uma nação dependente e insegura na questão alimentar de seu povo. Não basta o país ser um grande protagonista na produção e exportação de commodities, como é a estratégia do agronegócio. A conquista da soberania alimentar, aliada à contribuição no fornecimento de alimentos para o mundo, deve ser um componente estratégico numa visão de desenvolvimento sustentável. E, somente o fortalecimento da agricultura familiar poderá conduzir, no médio e longo prazo, a esta conquista”.A resolução acima, aprovada por unanimidade pelos cerca de 800 delegados e delegadas presentes ao encerramento do IV Congresso da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul/CUT), em São Lourenço do Oeste-SC, nesta quinta-feira (21), reafirma o papel do segmento na construção de um projeto de desenvolvimento sustentável e solidário, “em oposição ao atual modelo hegemônico que sustenta o agronegócio”. Para dar a dimensão do que significa a falta de segurança e soberania alimentar, a Federação citou o caso do feijão, “produto básico da dieta da população brasileira, mas que na safra 2011/2012 teve a menor área plantada em muitos anos”. Resultado: “O Brasil, que já importava feijão da Argentina e de outros países, agora importa também feijão da China”, Seria triste, se não fosse trágico.

Os dados do Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2006 apontam uma agricultura familiar constituída por 4.367.902 famílias (84,4% das propriedades) e por 74,4% das pessoas ativamente vinculadas ao trabalho agrícola, responsável por 38% do valor bruto da produção agrícola brasileira, apesar de representar apenas 24,3% das áreas agrícolas do país. Na Região Sul, o segmento era composto por 849.997 famílias em 84,5% das propriedades.

“Além do trabalho familiar produzir o suficiente para manter as próprias famílias, produz a maior parte do alimento que é consumido no país e também grande parte dos produtos que, via exportação, geram saldo positivo na balança comercial brasileira”, lembra Rui Valença, indicado pelo Congresso para coordenar a direção executiva da Fetraf-Sul. O próprio censo do IBGE reconhece que a agricultura familiar é a grande produtora de alimentos do Brasil, produzindo mais por área e gerando mais postos de trabalho.

MÍDIA SERVIL AO AGRONEGÓCIO

Apesar da grande campanha de desinformação propagada pela mídia – sempre servil à lógica mercantil do cifrão -, o projeto de “desenvolvimento” proposto pelo agronegócio, “provoca a concentração do capital e da riqueza nas mãos de poucos, a verticalização e centralização das cadeias agroindustriais, fortalece a monocultura voltada para a exportação, a exclusão dos mais frágeis, a destruição e o esgotamento dos recursos naturais, o esvaziamento do espaço rural, a padronização de um modo de vida individualista e consumista, a destruição da cultura, dos modos de vida tradicionais e das relações comunitárias, a discriminação, a violência e as desigualdades sociais e regionais”, denuncia a Federação.

MULTINACIONAIS TOMAM CONTA

De acordo com a Fetraf, com essa estratégia “comandada e imposta pelo agronegócio, com suporte de boa parte do governo”, “o capital financeiro, industrial e agroindustrial – predominantemente multinacional – passa a tomar conta”. A consequência disso é altamente daninha ao país e ao povo brasileiro: “expansão da soja transgênica, avanços tecnológicos de alto custo, fortalecimento dos oligopólios do setor de produção de máquinas e de insumos, bem como no setor de processamento, industrialização e comercialização”. Com tamanha hegemonia do agronegócio, a agricultura familiar fica reduzida a uma “pequena peça na engrenagem” de um sistema do complexo agroindustrial, “integrada e subordinada a este modelo”.

DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DA TERRA

Na avaliação da Fetraf-Sul, o novo projeto de desenvolvimento a ser construído deve considerar as dimensões econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais, que passa pelo “fortalecimento do Estado como agente de promoção social, organizador da economia e regulador do capital”. Entre os elementos centrais que compõem a “lógica e a estratégia” desse novo projeto, os agricultores familiares apontam “a desconcentração e descentralização da terra, com direito de acesso a todos os que dela dependem para viver e trabalhar e dos que nela querem viver e produzir mediante a implantação de um massivo processo de reforma agrária, aliada a outros mecanismos de acesso à terra”. Nesta luta contra os “desvalores” do “consumismo, individualismo e ganância” expressos pelo agronegócio, a organização da Fetraf dá especial atenção à “valorização da solidariedade, mediante o fortalecimento do cooperativismo, do associativismo, do sindicalismo, dos grupos auto gestionários, das redes, dos empreendimentos do comércio justo e da economia solidária”.

 

Cerca de 800 delegados do RS, PR e SC aprovaram a chapa única que concorrerá às eleições da Fetraf-Sul

Cerca de 800 delegados do RS, PR e SC aprovaram a chapa única que concorrerá às eleições da Fetraf-Sul

Comprometida com a construção deste novo tempo, a Federação afirma “um sindicalismo de caráter classista, disposto a enfrentar os interesses e o projeto político do capital agroindustrial, agrário e financeiro, defendendo os interesses da agricultura familiar, um sindicalismo de massas, através de um esforço para articular, organizar e mobilizar o conjunto dos trabalhadores, considerando as suas diversidades e especificidades regionais, sociais, étnico-culturais e de processos, um sindicalismo combativo e de luta”.Confira os nomes indicados para a composição da nova direção da Fetraf-Sul, a ser referendada em eleição direta pelos associados nas comunidades dos três estados da região.

DIREÇÃO EXECUTIVA

Coordenador(a) Geral: Rui Valença

Coordenador(a) Estadual do RS: Cleonice Back

Coordenador(a) Estadual de SC: Alexandre Bergamin

Coordenador(a) Estadual do PR: Neveraldo Oliboni

 

DIREÇÃO GERAL(além dos membros da executiva)

Representantes do Sul na Direção da CUT Nacional – Rosane Bertotti

Representantes do Sul na Direção da Fetraf-Brasil – Celso Ludwig e Marcos Rochinski

01 Representante da Cooperhaf – Liane Vitali Kothe

 

CONSELHO FISCAL

Efetivo: Sidnei Giubel (RS), Vera Lúcia Cecchin Dapont (PR), Érico Ecker (SC)

Suplente: Daniela Zanela (RS), Luciana Alonso Kaiser (PR), Ivolnei Tenroller (SC)

 

COORDENAÇÃO ESTADUAL – PR

Coordenador Geral: Neveraldo Oliboni

Secretário Geral: Vilmar Sergiki

Coordenador Finanças: Diego Kohwald

Coordenação de Juventude: Daniela Celuppi

Coordenação de Mulheres: Lurdes Pinto

Coordenação Política Agrícola e Meio ambiente: Valmor Pase

Coordenação Organização Sindical e Formação: Marcos Rochinski

 

COORDENAÇÃO ESTADUAL – RS

Coordenador Geral: Cleonice Back

Secretário Geral: Márcio Cassel

Coordenador Finanças: Tiago Klug

Coordenação de Juventude: Douglas Cenci

Coordenação de Mulheres: Marivone Tavares

Coordenação Política Agrícola e Meio ambiente: Sidimar Lewandoski

Coordenação Organização Sindical e Formação: Paulo Franz

 

COORDENAÇÃO ESTADUAL – SC

Coordenador Geral: Alexandre Bergamin

Secretário Geral: Enelci Mariani

Coordenador Finanças: Marcos Rozar

Coordenação de Juventude: Jucimara Meotti Araldi

Coordenação de Mulheres: Lisete Bernardi

Coordenação Política Agrícola e Meio ambiente: Arlete Bloemer

Coordenação Organização Sindical e Formação: Adriana Maria Antunes de Souza

Notícia colhida no sítio http://www.cut.org.br/acontece/23048/fetraf-sul-defende-prioridade-na-producao-de-alimentos-saudaveis-para-o-mercado-interno

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Sobrecarga de trabalho no campo é obstáculo para autonomia das mulheres do campo na América Latina

Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Com jornadas de trabalho quatro a seis horas superiores à dos homens, a sobrecarga de trabalho das mulheres é um dos principais obstáculos à emancipação da mulher no campo. A constatação foi feita hoje (19) durante o Seminário Internacional Políticas Públicas para Mulheres Rurais na América Latina e Caribe. Representantes de 17 países vão avaliar as políticas existentes, visando à proposição de uma agenda futura comum para a região.

“A jornada de trabalho das mulheres do campo costuma começar por volta das 5 horas da manhã e termina em torno da meia-noite. Além do trabalho com os maridos, elas ainda são responsáveis por cuidar das crianças e das atividades domésticas,” disse Carmen Foro, representante da Marcha das Margaridas, movimento que reúne trabalhadoras rurais no Brasil. Ela também defendeu a necessidade de investimento em creches no campo.

Na avaliação da consultora para igualdade de gênero da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Soledad Parada, a baixa remuneração, a dificuldade do acesso à terra e a ausência de políticas de proteção social também estão entre os fatores que dificultam a autonomia das mulheres no campo. “Muitas vezes a família trabalha e o marido recebe o dinheiro, isso acontece desde as lavouras de tabaco da Argentina até as plantações de café no Panamá,” disse. Em função dessa realidade, o órgão estima que 54% das trabalhadoras rurais na região se encontram abaixo da linha de pobreza.

A secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Andrea Butto, destacou a necessidade de se alcançar uma agenda em comum em torno desses temas  como forma de enfrentar as desigualdades na América Latina. “Alguns desafios regionais importantes são o acesso à documentação civil básica, ao crédito rural, à reforma agrária e acesso à terra, além da assistência técnica de extensão rural,” disse.

Andrea disse que alguns temas são alvos de políticas no Brasil. “Hoje nós promovemos o acesso igualitário à terra; as mulheres não aparecem mais como cônjuges. Agora elas são titulares e quem primeiro consta no cadastro da reforma agrária,” disse. Ela informou que o governo pretende construir, até 2014, 3 mil creches para atender tanto aos moradores do campo quanto da cidade.

Durante a abertura do evento o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, defendeu o fortalecimento das políticas de apoio às trabalhadoras rurais e o enfrentamento da violência no campo. Para ele, devem ser aprofundados os debates sobre o acesso de mulheres à terra, ao crédito, à assistência técnica e ao mercado, inclusive de compras governamentais.

Edição: Fábio Massalli

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Notícia colhida no sítio http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-03-19/sobrecarga-de-trabalho-no-campo-e-obstaculo-para-autonomia-das-mulheres-do-campo-na-america-latina

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