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Sindicatos do Paraná participam do Dia Nacional de Luta por Contratação Urgente na Caixa

A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR) realizou nesta quarta-feira (6) um ato pelo Dia Nacional de Luta Por Contratação Urgente na Caixa. O objetivo foi de mostrar para as pessoas de que a falta de trabalhadores está afetando os serviços do banco, prejudicando tanto a população quanto os bancários, que sofrem com o reflexo desta falta de profissionais. O recado é simples, porém, eloquente: “Caixa, contrate já”.

Bancários de Londrina mobilizados no evento.

Bancários de Londrina mobilizados no evento.

O evento aconteceu nas cidades em que os sindicatos são filiados na Fetec (Curitiba, Londrina, Paranavaí, Campo Mourão, Guarapuava, Toledo, Apucarana, Arapoti, Cornélio Procópio e Umuarama) e também por todo o Brasil.

Com 80 milhões de correntistas em todo o País, a Caixa vem negligenciando o atendimento ao trabalhador. É na Caixa que são pagos benefícios como bolsa-família, seguro-desemprego, Programa Integração Social (PIS), abono salarial, aposentadorias e pensões do INSS, além de outros serviços bancários como o de qualquer outra instituição financeira.

O coordenador nacional da Comissão de Organização dos Empregados (COE) da Caixa e secretário de imprensa e comunicação do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região (Seeb Curitiba), Genésio Cardoso, explicou que o ato de hoje foi para sensibilizar a direção da Caixa para contratar mais trabalhadores. “A Caixa está reduzindo o seu quadro de funcionários. Já tem mais de cinco mil vagas que, pelo nosso acordo coletivo, estão em abertas. Nós assinamos um pacto em setembro de 2014 para que a Caixa contratasse mais dois mil empregados. Na época, o banco tinha 101 mil trabalhadores, cuja situação dentro das agências já era complicada. Mas, o que a Caixa fez? Realizou um Plano de Demissão Voluntária, em que mais de três mil e quinhentos trabalhadores saíram, mais as demissões naturais, ou por pedido ou por justa causa, são mais de quatro mil demitidos desde setembro do ano passado para cá. Com os dois mil que haviam se comprometido a contratar, passam, então, de mais de cinco mil vagas que não estão sendo preenchidas”.

Genésio Cardoso, dirigente sindical e coordenador nacional do COE da Caixa.

Genésio Cardoso, dirigente sindical e coordenador nacional do COE da Caixa.

Cardoso informa que, mesmo diante deste déficit de trabalhadores, a Caixa, até o momento, não teria planos para contratar mais gente. “Temos informações de que o banco não pretende contratar mais ninguém e temos motivo para acreditar nisso. As pessoas que estão aqui passaram no concurso. No último processo seletivo, passaram 30 mil pessoas, mas, só duas mil foram chamadas. Temos 28 mil trabalhadores qualificados para trabalhar na Caixa, cuja direção atual vem ‘estrangulando’, prejudicando a todos”. O dirigente sindical diz ainda que está cada vez mais comum ver em algumas agências, como a da Praça Carlos Gomes, em Curitiba, de bancários que sofrem agressões verbais e até mesmo física das pessoas. “Outro dia um colega nosso foi agredido e teve quatro dentes quebrados por um cliente por conta da demora no atendimento. Infelizmente, é comum acontecer cenas de agressão. A direção precisa se sensibilizar e contratar mais gente para aliviar a sobrecarga de trabalho e cumprir o papel social da Caixa para os programas do Governo”.

Demora no atendimento

O coordenador da COE chama a atenção também para uma reclamação comum dos clientes da Caixa: a demora na fila. De acordo com Cardoso, a lei da fila quase sempre é desrespeitada nos bancos da Caixa. “Pela lei, a pessoa pode esperar, no máximo, por 20 minutos. Mas, na Caixa, isso não vem acontecendo. Os clientes esperam 40 minutos, até uma hora, aguardando por atendimento. Isso afeta a qualidade do trabalho. Além de atender as seis horas de jornada, o trabalhador acaba tendo que fazer hora extra, que não vem sendo paga pela Caixa, diga-se de passagem. Isso está criando um passivo trabalhista gigantesco. O bancário precisa ficar na agência para dar conta de todo o serviço acumulado. Por isso nós queremos mais trabalhadores, para dar agilidade e qualidade no atendimento”, ressalta.

Saúde

Outro fator que chama a atenção é de que o trabalhador da Caixa vem adoecendo bastante. Segundo o dirigente sindical, essa sobrecarga de trabalho vem afetando a saúdo do bancário. “Hoje o principal motivo de afastamento do bancário é por doenças mentais. Fizemos um levantamento que revelou que 30% dos funcionários da Caixa já fazem uso de medicação controlada. Tem muito afastamento, muito transtorno e diariamente na Secretaria da Saúde da Seeb Curitiba atendemos o pessoal da Caixa, porque eles não querem pedir a conta e nem serem demitidos. Por conta disso, acabam se sujeitando a uma jornada extenuante, a falta de condições de trabalho e o adoecimento acaba sendo um reflexo disso”, afirma.

Concursados mandam o recado: “queremos trabalhar”

Aprovado no concurso de 2104, Ronaldo César Grossmann Ziger quer trabalhar.

Aprovado no concurso de 2104, Ronaldo César Grossmann Ziger quer trabalhar.

Fazer um concurso público nunca é uma tarefa fácil. Por conta da alta concorrência, muitas pessoas precisam se abdicar da vida social, do lazer, para estudar e estar preparado para encarar os “rivais” por uma vaga no serviço público. Quando passa, o que poderia ser um motivo para uma grande alegria acaba virando uma tremenda frustração, pois, embora tenha sido aprovada, a pessoa vê que seus esforços vão se transformando em areia porque a instituição não o chama para preencher a vaga.

Esta é a realidade de Ronaldo César Grossmann Ziger, que passou no concurso de 2014, na 47.ª colocação, mas que ainda não foi chamado. “Estou há um ano e dois meses para ser chamado. É decepcionante saber que precisam de gente para trabalhar, que peguei uma boa posição, e não ser chamado para trabalhar. Gastei tempo e dinheiro para este concurso. Passei bem. Então é frustrante passar por isso”, lamenta.

Ziger disse que teve que renunciar a muitas coisas para se dedicar ao estudo para passar no processo seletivo. “Tive que deixar a família de lado, namorada e amigos. O tempo em que poderia estar me divertindo eu usei para estudar. Não fiz o concurso como brincadeira. Fiz porque quero trabalhar. Se não fosse por isso, nem me daria ao trabalho de fazer”, salienta. Ele reclama também da forma como a Caixa vem levando este assunto. “É impressionante essa demora da Caixa. Toda hora, falam uma coisa diferente. Falaram que iriam ampliar para 110 mil o quadro de funcionários até o fim do ano. Depois de homologado o concurso, falaram que iriam contratar só mais dois mil. Pra piorar, reduziram o quadro de funcionários. É complicado”, encerra.

Má vontade e privatização

Para Júnior César Dias, presidente da Fetec, Caixa só vai melhorar quando começar a chamar os aprovados no concurso.

Para Júnior César Dias, presidente da Fetec, Caixa só vai melhorar quando começar a chamar os aprovados no concurso.

Para o presidente da Fetec, Júnior César Dias, a razão para que a Caixa não chame os concursados, mesmo precisando urgentemente de novos profissionais para poder atender a grande demanda do banco, é uma só: má vontade. “Acredito que haja toda essa má vontade porque há alguns setores do governo que têm interesse em privatizar a Caixa. Há muita gente aprovada no concurso e pouca gente sendo chamada. Acabamos fazendo essa ligação, porque poderia haver o interesse em enxugar o quadro de trabalhadores para realizar este acinte chamado privatização”, afirma.

Dias não descarta ter que partir para atos mais incisivos caso o banco em não contratar mais profissionais ou mesmo caso insistam na conversa de privatização. “Iremos fazer greve sim, até porque os trabalhadores da Caixa perceberam que toda essa dificuldade em atender a população de maneira adequada é em decorrência em não chamar estas pessoas aprovadas no concurso. Com isso, a população acaba sendo prejudicada. Com isso, os trabalhadores não irão pestanejar em fazer uma atividade de mais peso, para chamar a atenção de toda a sociedade”, garante.

Bancários de Campo Mourão pedem por mais contratação de trabalhadores para a Caixa.

Bancários de Campo Mourão pedem por mais contratação de trabalhadores para a Caixa.

Veja mais fotos do Dia Nacional de Luta no Paraná aqui

Autor: Flávio Laginski

Fonte: Fetec-CUT PR

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