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10 respostas para entender o direito de resposta

Conheça a Lei 13.188, de 11.11.2015

Escrito por: Bia Barbosa e Lino Bocchini
Fonte: Carta Capital

Nova lei do direito de resposta já está valendo e dá direito à retratação mesmo sem o ofendido entrar na Justiça. Entenda

 

1. A nova lei do direito de resposta já está valendo?

Sim, está em vigo desde o dia 11 de novembro, data da publicação da sanção pela Presidência da República.

 

2. É verdade que o direito de resposta está previsto na Constituição? De que forma?

Sim, no Capítulo I, dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Art.5o, inciso V: “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. Sem uma lei específica, entretanto, para determinar o rito de concessão do direito de resposta, ele vinha sendo sistematicamente negado, inclusive na Justiça, àqueles que o solicitavam.

 

3. O espaço da resposta terá que ser o mesmo da matéria original? Pode ter foto ou quadros informativos? A diagramação será a mesma?

A nova lei estabelece, como a Constituição já prevê, que a resposta ou retificação deverá ter, no caso da mídia impressa, o mesmo “destaque, a publicidade, a periodicidade e a dimensão da matéria que a ensejou”. Ou seja, deverá ocupar o mesmo espaço do texto que levou ao pedido de resposta. Não há nada na lei acerca de quadros informativos ou fotos para ilustrar a resposta, cabendo ao juiz definir sobre isso.
No caso da TV ou rádio, deverá ter a mesma duração da matéria original. O ofendido poderá requerer resposta ou retificação divulgada, publicada ou transmitida nos mesmos espaços, dias da semana e horários do agravo. O alcance também deverá ser correspondente. Qualquer divulgação, publicação ou transmissão que desobedeça essas normas será considerada inexistente.

 

4. Hoje algumas pessoas, entidades e empresas já conseguem direito de resposta pela Justiça. Na prática, o que muda?

A lei vem para garantir o direito de resposta sem a necessidade de se entrar na Justiça. Trata-se de uma norma com prazos para os veículos atenderem ao pedido daqueles que se sentiram ofendidos ou prejudicados por informações erradas veiculadas sem precisar acionar a Justiça e arcar com custas processuais. Caso os veículos não concedam extra-judicialmente o direito, então a pessoa poderá ir à Justiça. E, neste caso, a lei também estabelece prazos para os juízes se manifestarem sobre os casos, garantindo rapidez e efetividade na retratação. Hoje há casos de pedidos de direito de resposta aguardando há mais de 5 anos por um posicionamento da Justiça.

 

5. Vi que Dilma sancionou a lei do direito de resposta mas vetou uma parte relacionada à rádio e TV. O Direito de Resposta valerá ou não para rádio e TV?

Vale. O trecho vetado pela presidenta impede apenas o ofendido de exercer diretamente o direito de resposta no rádio e na TV, por exemplo, através da veiculação de um vídeo em que ele apareça. A nova legislação concede ao ofendido o direito de redigir um texto a ser lido e veiculado pelos próprios funcionários da empresa de comunicação. Foi o que ocorreu no caso Brizola x Globo, em 15 de março de 1994 (assista aqui).

 

6. Como alguém que se sentir ofendido ou caluniado deve fazer para conseguir o direito de resposta?

Quem se sentir vítima, ainda que por equívoco de informação, de uma matéria que atente contra sua honra, intimidade ou reputação, poderá solicitar diretamente ao veículo, em até 60 dias a partir da veiculação da matéria, um pedido de retratação. Caso o direito de resposta não seja concedido pelo veículo em até sete dias, a pessoa poderá acionar a Justiça. Um juiz então analisará o caso, ouvirá a empresa envolvida e determinará ou não o exercício do direito de resposta. Caso o veículo de comunicação não se manifeste em 24 horas depois de ter sido notificado e o juiz considere haver elementos para tomar uma decisão, ele poderá determinar o direito de resposta, a ser publicado ou veiculado em no máximo dez dias. Estes prazos rigorosos buscam evitar que um eventual dano causado pela matéria não se amplie com o passar o tempo.

 

7. O direito de resposta vale também para “ofensas”. Não é algo muito relativo?

Quem julgará cada pedido é um juiz. E a legislação brasileira já oferece todos os elementos para os juízes julgarem ações de injúria, calúnia e difamação, que também podem ser consideradas subjetivas. Todas as partes envolvidas também poderão se manifestar, buscando o equilíbrio no julgamento.

 

8. Parte da imprensa diz que o direito de resposta cerceia sua liberdade de expressão. Isto é verdade?

Não. Como explicado, o direito de resposta está previsto em nossa Constituição e é um direito garantido na maioria dos países democráticos, sem configurar qualquer cerceamento à liberdade de imprensa. Trata-se de um direito fundamental para permitir aos cidadãos se defenderem de eventuais abusos da imprensa e buscar um mínimo de equilíbrio diante do grande poder dos meios de comunicação. Vale lembrar que os veículos só serão alvos de ações na Justiça caso não concedam um pedido feito diretamente pelo cidadão ofendido, e só terão que veicular uma resposta ou retratação após uma decisão judicial, da qual também têm o direito de recorrer.

 

9. A imprensa não vai mais poder falar mais mal de ninguém?

Obviamente vai. A crítica é um aspecto central do exercício do jornalismo. Entretanto, caso haja abusos, erros ou inverdades, os veículos poderão responder por isso. Vale lembrar que figuras públicas — como políticos, parlamentares e governantes — estão sujeitos a um grau mais profundo e constante de críticas e opiniões por parte da imprensa do que o cidadão comum. E a Justiça deve considerar este aspecto ao decidir se irá ou não conceder um direito de resposta a figuras públicas.

 

10. O direito de resposta foi feito para beneficiar o PT, Dilma e Lula?

Não. O objetivo principal da lei é garantir um mecanismo de defesa para o lado mais fraco da relação cidadão-imprensa, e não para proteger homens e mulheres que já detêm poder e outras formas de se defenderem de abusos da imprensa ou dos meios de comunicação em geral.

*Bia Barbosa é jornalista, mestra em Políticas Públicas e integrante da coordenação do Intervozes; Lino Bocchini é editor geral de mídia online de CartaCapital.

Notícia colhida no sítio http://fndc.org.br/clipping/10-respostas-para-entender-o-direito-de-resposta-945397/

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Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 13.188, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2015.

Mensagem de veto Dispõe sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o  Esta Lei disciplina o exercício do direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social.

Art. 2o  Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo.

  • 1o  Para os efeitos desta Lei, considera-se matéria qualquer reportagem, nota ou notícia divulgada por veículo de comunicação social, independentemente do meio ou da plataforma de distribuição, publicação ou transmissão que utilize, cujo conteúdo atente, ainda que por equívoco de informação, contra a honra, a intimidade, a reputação, o conceito, o nome, a marca ou a imagem de pessoa física ou jurídica identificada ou passível de identificação.
  • 2o  São excluídos da definição de matéria estabelecida no § 1o deste artigo os comentários realizados por usuários da internet nas páginas eletrônicas dos veículos de comunicação social.
  • 3o  A retratação ou retificação espontânea, ainda que a elas sejam conferidos os mesmos destaque, publicidade, periodicidade e dimensão do agravo, não impedem o exercício do direito de resposta pelo ofendido nem prejudicam a ação de reparação por dano moral.

Art. 3o  O direito de resposta ou retificação deve ser exercido no prazo decadencial de 60 (sessenta) dias, contado da data de cada divulgação, publicação ou transmissão da matéria ofensiva, mediante correspondência com aviso de recebimento encaminhada diretamente ao veículo de comunicação social ou, inexistindo pessoa jurídica constituída, a quem por ele responda, independentemente de quem seja o responsável intelectual pelo agravo.

  • 1o  O direito de resposta ou retificação poderá ser exercido, de forma individualizada, em face de todos os veículos de comunicação social que tenham divulgado, publicado, republicado, transmitido ou retransmitido o agravo original.
  • 2o  O direito de resposta ou retificação poderá ser exercido, também, conforme o caso:

I  – pelo representante legal do ofendido incapaz ou da pessoa jurídica;

II – pelo cônjuge, descendente, ascendente ou irmão do ofendido que esteja ausente do País ou tenha falecido depois do agravo, mas antes de decorrido o prazo de decadência do direito de resposta ou retificação.

  • 3o  No caso de divulgação, publicação ou transmissão continuada e ininterrupta da mesma matéria ofensiva, o prazo será contado da data em que se iniciou o agravo.

Art. 4o  A resposta ou retificação atenderá, quanto à forma e à duração, ao seguinte:

I – praticado o agravo em mídia escrita ou na internet, terá a resposta ou retificação o destaque, a publicidade, a periodicidade e a dimensão da matéria que a ensejou;

II – praticado o agravo em mídia televisiva, terá a resposta ou retificação o destaque, a publicidade, a periodicidade e a duração da matéria que a ensejou;

III – praticado o agravo em mídia radiofônica, terá a resposta ou retificação o destaque, a publicidade, a periodicidade e a duração da matéria que a ensejou.

  • 1o  Se o agravo tiver sido divulgado, publicado, republicado, transmitido ou retransmitido em mídia escrita ou em cadeia de rádio ou televisão para mais de um Município ou Estado, será conferido proporcional alcance à divulgação da resposta ou retificação.
  • 2o  O ofendido poderá requerer que a resposta ou retificação seja divulgada, publicada ou transmitida nos mesmos espaço, dia da semana e horário do agravo.
  • 3o  A resposta ou retificação cuja divulgação, publicação ou transmissão não obedeça ao disposto nesta Lei é considerada inexistente.
  • 4o  Na delimitação do agravo, deverá ser considerado o contexto da informação ou matéria que gerou a ofensa.

Art. 5o  Se o veículo de comunicação social ou quem por ele responda não divulgar, publicar ou transmitir a resposta ou retificação no prazo de 7 (sete) dias, contado do recebimento do respectivo pedido, na forma do art. 3o, restará caracterizado o interesse jurídico para a propositura de ação judicial.

  • 1o  É competente para conhecer do feito o juízo do domicílio do ofendido ou, se este assim o preferir, aquele do lugar onde o agravo tenha apresentado maior repercussão.
  • 2o  A ação de rito especial de que trata esta Lei será instruída com as provas do agravo e do pedido de resposta ou retificação não atendido, bem como com o texto da resposta ou retificação a ser divulgado, publicado ou transmitido, sob pena de inépcia da inicial, e processada no prazo máximo de 30 (trinta) dias, vedados:

I – a cumulação de pedidos;

II – a reconvenção;

III – o litisconsórcio, a assistência e a intervenção de terceiros.

  • 3o  (VETADO).

Art. 6o  Recebido o pedido de resposta ou retificação, o juiz, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, mandará citar o responsável pelo veículo de comunicação social para que:

I – em igual prazo, apresente as razões pelas quais não o divulgou, publicou ou transmitiu;

II – no prazo de 3 (três) dias, ofereça contestação.

Parágrafo único.  O agravo consistente em injúria não admitirá a prova da verdade.

Art. 7o  O juiz, nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes à citação, tenha ou não se manifestado o responsável pelo veículo de comunicação, conhecerá do pedido e, havendo prova capaz de convencer sobre a verossimilhança da alegação ou justificado receio de ineficácia do provimento final, fixará desde logo as condições e a data para a veiculação, em prazo não superior a 10 (dez) dias, da resposta ou retificação.

  • 1o  Se o agravo tiver sido divulgado ou publicado por veículo de mídia impressa cuja circulação seja periódica, a resposta ou retificação será divulgada na edição seguinte à da ofensa ou, ainda, excepcionalmente, em edição extraordinária, apenas nos casos em que o prazo entre a ofensa e a próxima edição indique desproporcionalidade entre a ofensa e a resposta ou retificação.
  • 2o  A medida antecipatória a que se refere o caput deste artigo poderá ser reconsiderada ou modificada a qualquer momento, em decisão fundamentada.
  • 3o  O juiz poderá, a qualquer tempo, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, bem como modificar-lhe o valor ou a periodicidade, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.
  • 4o  Para a efetivação da tutela específica de que trata esta Lei, poderá o juiz, de ofício ou mediante requerimento, adotar as medidas cabíveis para o cumprimento da decisão.

Art. 8o  Não será admitida a divulgação, publicação ou transmissão de resposta ou retificação que não tenha relação com as informações contidas na matéria a que pretende responder nem se enquadre no § 1o do art. 2o desta Lei.

Art. 9o  O juiz prolatará a sentença no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contado do ajuizamento da ação, salvo na hipótese de conversão do pedido em reparação por perdas e danos.

Parágrafo único.  As ações judiciais destinadas a garantir a efetividade do direito de resposta ou retificação previsto nesta Lei processam-se durante as férias forenses e não se suspendem pela superveniência delas.

Art. 10.  Das decisões proferidas nos processos submetidos ao rito especial estabelecido nesta Lei, poderá ser concedido efeito suspensivo pelo tribunal competente, desde que constatadas, em juízo colegiado prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

Art. 11.  A gratuidade da resposta ou retificação divulgada pelo veículo de comunicação, em caso de ação temerária, não abrange as custas processuais nem exime o autor do ônus da sucumbência.

Parágrafo único.  Incluem-se entre os ônus da sucumbência os custos com a divulgação, publicação ou transmissão da resposta ou retificação, caso a decisão judicial favorável ao autor seja reformada em definitivo.

Art. 12.  Os pedidos de reparação ou indenização por danos morais, materiais ou à imagem serão deduzidos em ação própria, salvo se o autor, desistindo expressamente da tutela específica de que trata esta Lei, os requerer, caso em que o processo seguirá pelo rito ordinário.

  • 1o  O ajuizamento de ação cível ou penal contra o veículo de comunicação ou seu responsável com fundamento na divulgação, publicação ou transmissão ofensiva não prejudica o exercício administrativo ou judicial do direito de resposta ou retificação previsto nesta Lei.
  • 2o  A reparação ou indenização dar-se-á sem prejuízo da multa a que se refere o § 3o do art. 7o.

Art. 13.  O art. 143 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:

“Art. 143.  ……………………………………………………………

Parágrafo único.  Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.” (NR)

Art. 14.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 11 de novembro de 2015; 194o da Independência e 127o da República.

DILMA ROUSSEF
José Eduardo Cardozo

Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.11.2015

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