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Grandes mudanças no oleoduto: olhe para o leste

A jornada da China para fortalecer o peso de sua moeda não é segredo. O banco central chinês assinou acordos de permuta de moeda com mais de 30 países.

Por Luiz Eduardo Melin

The Presidential Press and Information Office

Enquanto o mundo ocidental ficou fascinado, como de costume, pelo próprio umbigo (que essa semana recebeu o nome bobo de “Brexit”), a ação de verdade estava mais uma vez acontecendo na Ásia.

Um dia depois de ter se encontrado em particular com o presidente Xi Jinping durante uma conferência da Organização de Cooperação de Shangai (SCO), o presidente russo Vladimir Putin visitou a China nesse sábado, acompanhado de seis dos sete primeiros-ministros representantes – o coração do governo do país – e, crucialmente, dos CEOs da Rosneft e Gazprom, as companhias gigantes de petróleo e gás.

Vamos nos ater a somente quatro das 58 inciativas de negócios conjuntos (46 sendo projetos novos) estabelecidas pelos dois países, somando um grande total de mais de $50 bilhões em investimentos.

Primeiramente, há o projeto binacional de um avião de fuselagem grande para 300 passageiros que irá competir com os Boeing’s 787 (Dreamliner) e com o Airbus’ A350 (XWB). Uma cooperação entre China e Rússia na indústria da aviação poderia pavimentar o caminho para soluções viáveis para os modelos de jatos regionais e de gama média que ambos os países têm desenvolvido separadamente. Particularmente, eles devem decidir, por uma questão de política, por favorecer o uso da própria aeronave em seus territórios.


As outras iniciativas selecionadas estão todas no setor de energia.

– ChemChina irá investir no complexo petroquímico da Rosneft em Nakhodka, conferindo status binacional ao projeto, adquirindo 40% de participação;

– ChemChina também assinou um novo contrato para comprar 2.4 milhões de toneladas de petróleo bruto da Rosneft ano que vem, enquanto foi anunciado que o fornecimento total anual de petróleo para a China da companhia russa (cerca de 40 milhões de toneladas ou mais de 285 milhões de barris) serão mantidos, mesmo com crescente disponibilidade dos países do Golfo e do Irã;

– Foram estabelecidos termos de aquisição do Grupo de Gás de Pequim de participação de 20% na subsidiária da Rosneft produtora de petróleo, VCNG

Todas essas inciativas foram formalizadas meros dois meses depois da decisão da China em ceder o financiamento necessário para a conclusão do projeto de Gás Natural Líquido Yamal na Sibéria.

Lidando com a relutância de seus bancos comerciais, que estavam preocupados com possíveis reações ocidentais (especialmente dos EUA) às violações de sanções, no final do último mês de abril, o governo chinês decidiu que o Banco de Desenvolvimento Chinês estatal e o China Ex-Im, menos expostos aos mercados financeiros ocidentais, iriam fornecer o financiamento de US$12 bilhões para o projeto russo.

O estado chinês já era dono de 29.9% da Yamal LNG, a outra parte interessada sendo a France’s Total (20%) e a companhia privada russa OAO Novatek (50.1%) – e a nova planta está planejada para começar a transportar gás ano que vem.

O elemento final para avaliar adequadamente o significado geral das iniciativas de negócios acima é o acordo assinado ontem pelos bancos centrais da Rússia e China para ter um banco de compensação em Moscou “de modo a fornecer serviços de compensação e estabelecimento do RMB (…) e ainda facilitar transações transnacionais em RMB entre nossas companhias e instituições financeiras, incluindo investimento e comércio bilateral”.

Deve ser notado que mesmo com divulgações oficiais da imprensa falando sobre “expansão de pagamento mútuos em moedas nacionais, para diminuir a dependência de fatores externos”, o acordo em efeito é centrado em transação em RMB.

A jornada incessante da China para fortalecer o peso e alcance global de sua moeda não é segredo. O banco central chinês assinou acordos de permuta de moeda local com mais de 30 países em desenvolvimento com mercados em expansão e, no dia 1º de outubro, o RMB irá se tornar a quinta moeda do mundo a ser oficialmente convertida, pois já é inclusa na cesta de moedas do FMI para o Fundo Especial de Direitos de Saque. (O peso da moeda chinesa na fórmula será maior do que o peso do yen ou da libra esterlina).

Se a Rússia de fato estiver disposta a adicionar a influência de seus mercados doméstico e de exportação para estimular a proposta chinesa por uma influência monetária global, os acordos recentes e futuros entre as duas potências (e aqueles da SCO, em geral) podem provar ser ainda maiores em significado do que seu já importante impacto na geopolítica do setor energético asiático.

Créditos da foto: The Presidential Press and Information Office

Artigo colhido no sítio http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FInternacional%2FGrandes-mudancas-no-oleoduto-olhe-para-o-leste%2F6%2F36364

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