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Reforma da Previdência desafia capacidade de articulação entre movimentos sociais e sindicais com minoria combativa de deputados na Câmara

Deputados Federais Enio Verri (PT) e Aliel Machado (PSB) falam aos bancários sobre contexto da tramitação e patamar atual da Reforma da Previdência

Ainda que os esforços capitaneados pelos sindicatos de mobilização popular contra a Reforma da Previdência sejam ostensivos, a quantidade de votos de aprovação na Câmara Federal da PEC 06/2019 no 1º turno surpreendeu a bancada de oposição. Essa é uma avaliação do deputado federal Ênio Verri (PT), em exposição durante painel da 21ª Conferência Estadual dos Bancários do Paraná, realizado em Londrina na tarde deste sábado, 20 de julho.

O deputado acredita, ainda, que os 379 votos a favor são uma aposta da “absoluta falta de mobilização que tivemos contra a Reforma da Previdência”, declarou. O deputado federal Aliel Machado (PSB) também declarou que ainda tenta entender o porquê “as pessoas mais simples ainda estarem anestesiadas parecendo zumbis”, também falando sobre falta de mobilização popular. Contudo, ele entende que “nós temos que pensar por essas pessoas, pelo pai de família que não sabe o que vai dar de comer de noite para seu filho”, explica.

A tramitação da Reforma da Previdência ainda depende de votação em segundo turno na Câmara, que deve ocorrer a partir de 06 de agosto, com o final do recesso parlamentar. Aliel, que é parte da comissão especial que analisou a PEC antes da votação em plenário, exemplificou em sua fala que o tema é complexo e mesmo com a melhor equipe de análise, a cada proposta de mudança no texto ainda ficava muita dúvida sobre como dimensionar os impactos, “a maldade”, segundo palavras dele.

Ambos os deputados acreditam que o que está por trás da Reforma da Previdência, de desvincular a seguridade social da constituição, é a intenção de implantar a capitalização, que “acaba com a Constituição Federal de 1988”, diz Verri.

O deputado Verri defendeu que um dos ganhos da luta contra a Reforma da Previdência foi a união de seis partidos (PT, Rede, PSol, PC do B, PSB e PDT) como um bloco de oposição, uma minoria combativa. Ele também reforça que a votação em segundo turno ainda dá todas as condições para o movimento sindical continuar a pressão e que o desafio é essa capacidade de articulação com a bancada na Câmara. Mas ele explica que é verdade que cada deputados que votou a favor da reforma recebeu R$ 20 milhões a mais em emendas (utilizadas para obras nos municípios de origem) e que na votação em segundo turno serão mais R$ 20 milhões em emendas para cada um.

Dos 30 deputados federais do Paraná somente 6 votaram contra a Reforma da Previdência. Aliel Machado contou sobre a origem humilde de sua família, que mora num bairro pobre de Ponta Grossa, que seu eleitorado para se eleger deputado federal foi de 80% na cidade, em que numa pesquisa feita pelo seu mandato, mais de 50% declarou ser a favor da reforma, mas 70% desses mesmos eleitores declararam entender que seriam prejudicados. Mesmo com posicionamentos em desacordo com o da população que o elegeu, no entendimento dele, o deputado declarou que prefere não negar seu histórico de lutas no movimento estudantil, o que o deixou numa situação difícil desde seu posicionamento contra o impeachment da presidenta Dilma.

Aliel acredita que o parlamento conservador é reflexo da maioria da população, “do que está aqui fora” e que ele tenta entender “nossos erros como formadores de opinião”, especialmente na questão da Reforma da Previdência.

A 21ª Conferência Estadual dos Bancários continua neste domingo, 21 de julho. Ainda no sábado, o economista do Dieese Sandro Silva apresentou as modificações da PEC 06/2019 após a aprovação no plenário da Câmara.

 

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Por Paula Zarth Padilha
Foto Armando Duarte Jr
FETEC-CUT-PR

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