Dirigente sindical cubano Carlos de Dios, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, explica o papel do sindicalismo num país comunista
Difícil imaginar os motivos de alguém não gostar de um pequeno país em extensão territorial, com pouco mais de 800 quilômetros de ponta a ponta, que é uma ilha paradisíaca, e que tem em seu sistema de governo revolucionário os princípios da solidariedade, da dignidade e do compartilhamento. Um país que enviou para mais de 160 países mais de 400 mil médicos. Que não tem analfabetismo. Mas que justamente por esses motivos precisa superar a pobreza gerada por anos de bloqueio internacional e que chega ao final de 2019 novamente criminalizado mundialmente. Ainda que a crise seja a do sistema capitalista.
Carlos de Dios contextualizou a existência do sindicalismo cubano historicamente e ele surgiu mais de 20 anos antes da Revolução Cubana, consolidada em 1969 com a ascensão de Fidel ao poder e a implantação do regime comunista. O sindicalismo cubano, então, que tem como uma das missões representar os direitos dos trabalhadores, se reconfigurou também para defender internamente e externamente a revolução. Mas, nesse cenário, desempenha também papel político institucional. “A Constituição de Cuba reconhece o papel dos sindicatos. Os sindicatos cubanos podem fazer proposições legislativas. São parte das comissões eleitorais e apresentam candidaturas ao país”, explicou Dios.
O dirigente está em visita ao Brasil pela quarta vez. Já esteve em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial, em Salvador e em São Paulo e, agora, visita Curitiba numa integração com os sindicatos cutistas locais que representam trabalhadores da construção. “Nós buscamos integração e unidade dos trabalhadores no mundo, especialmente nos países da América Latina. O que acontece no Chile, na Bolívia, no Equador é a criminalização do movimento sindical e social, uma influência genocida do governo Trump no mundo”, defende. O dirigente também mencionou o posicionamento de Bolsonaro na ONU, neste ano, que votou pelo embargo a Cuba. “São medicamentos, alimentos e combustíveis, que se tiverem em sua composição 10% de produto norte-americano, não passam”, explica.
O alinhamento com o movimento sindical de trabalhadores no Brasil, para Dios, passa por princípios internacionalistas de franqueza, transparência e sinceridade, disse, que são básicos da revolução cubana e possuem o respaldo do povo e dos trabalhadores da ilha. “Nós devemos multiplicar a solidariedade”.
Para Dios, a luta universal dos trabalhadores é contra uma exploração cruel, que ele chama de genocida, através de uma batalha de ideias para criar consciência. Mencionando diversas experiências de resistência na América Latina, o dirigente cubano afirma que as vias e ferramentas de atuação, lá e aqui, não são diferentes, pois caminham pela mesma direção.
Escrito por: Por Paula Zarth Padilha/FETEC-CUT-PR com fotos de Gibran Mendes / CUT Paraná