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Por 10:33 Sem categoria

Presidente do BB pode responder por prevaricação e improbidade ao manter anúncios em site acusado de propagar fake news

Coletivo de bancários do BB do Paraná encaminha demanda à Contraf-CUT para que entidade acione juridicamente Rubem Novaes, presidente do BB, após ingerência do Planalto ao manter anúncios em site acusado de propagar fake news

Foto: Fabio Pozzebom/Agência Brasil

O movimento sindical dos trabalhadores bancários acompanha com preocupação os atos do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, que são classificados como “ingerência” associada a nepotismo, após os últimos fatos envolvendo a manutenção de anúncios publicitários no site de notícias “Jornal da Cidade Online”.

De acordo com a assessoria jurídica do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, o presidente do banco pode responder por prevarização e improbidade administrativa, com uma denúncia junto ao Ministério Público Federal (MPF). “Nós encaminhamos essa demanda ao nosso coletivo nacional, entendendo que a Confederação deve denunciar o presidente do banco por se submeter à ingerência”, explica Ana Paula Busato, representante do Paraná na Comissão de Empregados do BB.

O escândalo dos desmandos no Banco do Brasil relacionados a anúncios publicitários começaram com a atuação de um perfil anônimo de denúncias no Twitter, inspirado numa ação semelhante que ocorre nos Estados Unidos. A conta “Sleeping Giants Brasil” começou a divulgar monitoramento de todas as empresas que aparecem como anunciantes no site do “Jornal da Cidade Online”, associado a divulgação de notícias falsas.

Diversas empresas provocadas pelas postagens se manifestaram no sentido de desconhecer o apoio indireto à propagação de fake news e de solicitar a retirada de anúncios nesse site. Inclusive instituições financeiras, como os bancos Santander e Banrisul, além da fintech Nubank e das empresas de crédito Cielo e Credicard. O tipo de anúncio veiculado no site é chamado de “mídia programática”, vinculado à plataforma do Google, em que a compra de espaços publicitários é realizada pelo cruzamento de dados algoritmos traçando interesses de quem acessa o site.

De acordo com reportagem do UOL, o site “Jornal da Cidade Online” teve 903 anunciantes diferentes durante o período de um ano por esse sistema, sendo que o Banco do Brasil é o maior desses anunciantes, contabilizando 28 propagandas diferentes veiculadas. O trabalho do perfil “Sleeping Giants Brasil” é de cobrar que essas empresas não veiculem anúncios nesse site. De acordo com entrevista realizada pelo portal Tilt, também do UOL, com o administrador desse perfil, existe uma lista com mais de 100 portais e canais que disseminam fake news e que a ação é canalizada em um site por vez. A escolha do “Jornal da Cidade Online” é baseada em matéria divulgada pelo site de checagem “Aos Fatos”, que demonstrou a prática de publicação de fake news, que o editor do jornal se defendeu chamando de “imprecisões”, e do uso de dois perfis apócrifos.

O Banco do Brasil chegou a se manifestar, respondendo a postagem do “Sleeping Giants Brasil”, no dia 20 de maio: “Agradecemos o envio da informação, comunicamos que os anúncios de comunicação automática foram retirados e o referido site bloqueado. Repudiamos qualquer disseminação de fake news”. O recuo do Banco do Brasil ocorreu após manifestação pública do filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, e do secretário de comunicação do Planalto, Fábio Wajngarten. O Tribunal de Contas da União já anunciou que vai apurar as interferências no Banco do Brasil, que também levaram à convocação do presidente do BB para depor na CPMI das Fake News, em andamento no Congresso, mas que não tem data para ocorrer por conta das paralisações da pandemia.

“Quando você usa a imagem do Banco do Brasil num site como esse, você dá credibilidade ao site. Então entendemos que isso cabe uma denúncia no MPF porque a gente não pode deixar que isso aconteça livremente, esse é o posicionamento do nosso coletivo”, explica Ana Busato. Paralelamente, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão anunciou que solicitou investigação sobre os gastos publicitários e o direcionamento desses gastos pela Secretaria de Comunicação do Planalto. As verbas estariam sendo direcionadas para sites alinhados a Bolsonaro.

O que parece garantir que o mesmo procedimento esteja acontecendo com as verbas publicitárias do Banco do Brasil é quem coordena a pasta na instituição: Antonio Hamilton Rossell Mourão, que é filho do vice-presidente da república, General Hamilton Mourão, e foi quem retirou a restrição ao site que propaga fake news. “Essa ingerência dentro do banco, além de mostrar uma incapacidade do presidente do banco, demonstra também o grave problema da influência através do nepotismo, e isso deve ser denunciado”, finaliza Busato.

Fonte: SEEB Curitiba

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