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Crescimento Brasil será o pior do mundo em 2021, prevê Instituto de Finanças

Foto: Roberto Parizotti

O Produto Interno Bruto (PB) do Brasil terá uma queda de 5,9% neste ano e alta de 3,6% em 2021 – o pior crescimento do mundo, de acordo com previsão do Institute of International Finance (IIF), que reúne 450 bancos e fundos de investimento em 70 países. Em média o PIB mundial deverá ficar no próximo ano em 5,3%, enquanto os países da América Latina deverão responder por 3,8%.

A pandemia do novo coronavírus ( Covid-19) derrubou a economia mundial,  mas não pode servir de “desculpa” para o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) para um desempenho pífio. Já em 2019, antes da pandemia e três anos após o golpe que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff, a retomada do crescimento econômico do Brasil já vinha a passos muito lentos, avalia o economista Marcio Pochmann.

Segundo ele, em 2019 tivemos um desempenho abaixo de 2018, do governo de Michel Temer, que instituiu o Teto de Gastos Públicos que congelou por 20 anos os investimentos públicos, e fez a reforma Trabalhista, dizendo que geraria 6 milhões de empregos, o que não ocorreu. Já no governo Bolsonaro houve a reforma da Previdência que aumentou o tempo de contribuição e reduziu o valor dos benefícios, penalizando ainda mais os trabalhadores e trabalhadoras.

O discurso dos governos de direita é o de sempre: que as reformas vão fazer o Brasil voltar a crescer, mas o que se vê é o aumento do desemprego, do desalento, a desindustrialização do país e o sucateamento da saúde e da educação pública.

No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou em apenas 1,1%, o menor crescimento desde o golpe de 2016. No segundo trimestre deste ano a queda foi de 11,4% em relação ao mesmo trimestre de 2019 e de 9,7% em comparação com o primeiro trimestre de 2020.

“O Brasil já iniciou o primeiro trimestre deste ano, antes da pandemia com crescimento negativo. A pandemia só aprofundou a trajetória de queda do crescimento. Por isso que a nossa economia é diferente dos demais países, nós já vínhamos num processo de desaceleração”, diz Pochmann .

Para ele, a crise pode perdurar se o governo não tomar medidas de aquecimento do mercado interno. Pochmann se preocupa com o fim do auxílio emergencial de R$ 600,00 e outras medidas que foram tomadas pelo “orçamento de guerra”, aprovado pelo Congresso que permitiu ao governo federal utilizar um estímulo fiscal equivalente a 8% do PIB, porque no orçamento de 2021 a proposta de Bolsonaro não prevê essa excepcionalidade.

“ O orçamento do governo para o próximo ano poderá vir a ser 8% menor do que o deste ano. Sem estímulo fiscal, vejo com dificuldades termos fontes para recuperar a economia”, alerta  Pochmann.

O economista ressalta ainda que o Brasil é dependente do mercado externo, principalmente da China que é o maior importador do país, respondendo por 40% das nossas exportações. Já a América Latina, os Estados Unidos e a União Europeia diminuíram as compras de produtos brasileiros. Somam-se a isso o aumento da concorrência entre os países de todo o mundo que querem reativar suas economias via exportação, a falta de estímulo fiscal e a queda no consumo interno sem o auxílio emergencial. Neste quadro, a previsão para o Brasil não é nada otimista.

“ Esta situação foi gerada pelo próprio governo que não diagnosticou os problemas do Brasil. Para este governo de extrema direita o Estado é o problema central do país sempre com o discurso de que é gastador e incompetente, quando na verdade deveria fazer estímulos em prol da produção e do consumo. É o Estado que tem de investir, a iniciativa privada nunca faz isso. É só ver os bilhões de dólares de investimentos que saíram do país”, afirma Pochmann.

Segundo dados divulgados pela B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, o saldo da fuga de capitais até o dia 29 de setembro deste ano soma R$ 88,2 bilhões. O valor representa o dobro do registrado em 2019, quando os estrangeiros retiraram R$ 44,5 bilhões. Os motivos apontados foram o colapso fiscal do país, a destruição ambiental e o baixo dinamismo da economia.

A desindustrialização também é vista com preocupação pelo economista. De acordo com Pochmann, a pandemia escancarou este problema, pois ficamos dependentes da importação de insumos para a saúde, que produzíamos no passado.

“Tecnicamente há saídas, mas o problema é que este governo não implementa ações achando que o mercado privado vai resolver tudo. O futuro é de muita incerteza”.

Texto Rosely Rocha

Fonte: CUT

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