O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a atacar a jornalista Míriam Leitão neste domingo (3) em razão de um artigo em que a colunista de O Globo aponta que o ex-presidente Lula (PT) não pode ser igualado ao presidente Jair Bolsona ro (PT) por ter atuado devidamente como um líder democrático.
Nas redes sociais, o filho do presidente debochou da tortura sofrida pela jornalista, reforçando o caráter fascista do clã Bolsonaro, segundo reportagem de Lucas Rocha, da Revista Fórum, e pode responder no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, diz a RBA.
“Ainda com pena da cobra”, escreveu Eduardo em seu perfil oficial no Twitter. A postagem faz referência à tortura sofrida pro Míriam Leitão durante a ditadura militar. Grávida, a jornalista foi colocada nua em um quarto escuro junto com uma cobra jiboia.
A postagem repugnante veio após Míriam publicar o artigo “Única via possível é a democracia”. ” Como escrevi neste espaço em maio de 2021, não há dois extremistas na disputa, mas apenas um, Jair Bolsonaro. Semana passada, novamente, Bolsonaro provou que ele é um perigo para a democracia”, disse.
O comentário do deputado foi repudiado nas redes sociais.
“Miriam Leitão foi torturada grávida pela ditadura que essa família apoia. O deputado federal por São Paulo faz um comentário nojento e indigno desse. A infâmia está tão normalizada que faz o que faz e não sofre nenhuma punição do conselho de ética. Pessoa baixa. A menção nojenta à cobra é porque a tortura à Miriam, grávida, se deu com o uso de uma jiboia. Se você referenda esse tipo de vagabundagem de um deputado filho de um presidente, você morreu por dentro”, escreveu a jornalista Vera Magalhães no Twitter.
Na manhã desta segunda-feira (4), o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou que seu partido abrirá uma representação no Conselho de Ética da Câmara, segundo a RBA. Consultei o partido e faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão. Esse canalha sórdido não ficará impune!”, tuitou.
Ainda hoje, em entrevista à rádio CBN, o parlamentar pediu desculpas à jornalista e disse que o Congresso está “constrangido”. “Quero pedir desculpas à jornalista Miriam Leitão pelo gesto abominável de Eduardo Bolsonaro, que ironizou algo tão bárbaro. A tortura é desumano. Por isso, vamos abrir essa representação, porque esse deputado, cada dia mais, viola o decoro parlamentar. É uma violência que constrange o Parlamento”, disse Orlando Silva.
Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
Fonte: CUT