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Por 12:59 Notícias

“Bolsonaro incita o ódio no debate público”, diz Kennedy Alencar

Os casos de violência contra profissionais de imprensa em todo o Brasil bateram recordes no último levantamento realizado pela Fenaj, a Federação Nacional dos Jornalistas. Em 2021, foram registrados 430 casos, o maior número da série histórica, que teve início em 1990. Não por acaso, desde a eleição de Jair Bolsonaro (PL), em 2018, os números aumentam a cada ano.

Em 2019, o número de casos de ataques a jornalistas e também aos veículos de imprensa aumentaram 54%. No ano seguinte, o aumento foi de 105% E, obviamente, o grande perpetrador destas violências é o próprio presidente da República. Do total de 430 casos, somente ele foi responsável por 147 casos, 18 deles de agressões verbais a jornalistas. 

Para o jornalista Kennedy Alencar, colunista do UOL, o governo Bolsonaro “incita o ódio no debate público”. “O Brasil, desde o golpe parlamentar de 2016 enfrentou uma sequência, a meu ver, de momentos negativos que foram se retroalimentando, e a imprensa passou a ser mais hostilizada.”
 
“Acho que parte disso se deve, inclusive, a uma falta de vigilância da imprensa em relação à democracia, porque normalizou figuras autoritárias”, completa o jornalista, convidado desta semana no BDF Entrevista
 
Com mais de 40 anos de profissão e passagem por diversos veículos de imprensa, Alencar lembra que as agressões a jornalistas são condenáveis, mas que a “onda de solidariedade” que se cria após essa violências, devem “ser estendidas a todos os que são jornalistas e que exercem esse ofício no Brasil”. 
 
“Muitas vezes a gente não vê isso acontecer, eu vejo uma omissão da grande imprensa, inclusive, que tem poder para fazer mais cobranças ao Congresso Nacional, à Polícia Federal, ao Judiciário, para coibir esse tipo de violência contra jornalistas no Brasil”, afirma.

Na conversa, Alencar lembra a carreira de repórter, os anos de repórter especial em Brasília, a cobertura das guerras do Kosovo, em 1990, e do Afeganistão, em 2001, e também sua passagem pela assessoria de imprensa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 1994, durante as eleições daquele ano.  

“Quando eu entrei na campanha, ainda havia um clima…não tinha Plano Real e o Lula liderava as pesquisas. Veio o Plano Real e o Fernando Henrique inverteu a liderança e venceu no primeiro turno. E o Lula, que é o maior líder popular da história do Brasil, e é um político extraordinário, acima da média, tinha dúvida se o eleitor brasileiro votaria num ex-metalúrgico para a Presidência da República”.
 
“Ele chegou a pensar em preparar o [Aloizio] Mercadante, que foi vice dele naquela eleição, quando o [João Paulo] Bisol saiu da chapa. Ainda bem que ele foi candidato em 1998 e em 2002 se elegeu, porque eu acho que o Lula fez bem ao Brasil. Aquele período de 1994 e 2002, ou seja, os quatro mandatos: dois Fernando Henrique e os dois do Lula, levaram o Brasil para frente.”

Fonte: Brasil de Fato

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